Moody’s vê cooperativas de crédito crescendo mais que bancos

As cooperativas de crédito, que historicamente focavam em pequenas comunidades agrícolas e áreas rurais, estão crescendo em um ritmo mais rápido do que os bancos tradicionais, de acordo com a Moody’s Investors Service. É o que mostra o relatório “Cooperativas de Crédito Brasileiras – Cooperativas com crescimento rápido começam a se tornar uma alternativa aos bancos tradicionais”.

Segundo a Moody’s, enquanto o sistema bancário como um todo se contraiu tanto em 2016 quanto em 2017, em meio à pior recessão do país na história, o crédito cooperativo cresceu 9,4% e agora representa 3,6% do crédito total no Brasil, explica Farooq Khan, analista da Moody’s. “O crescimento do crédito cooperativo vem sendo impulsionado pela indústria agrícola do Brasil, que cresceu mesmo quando o restante da economia passava por dificuldades”, diz. “Acreditamos que a participação de mercado das cooperativas de crédito deverá se expandir ainda mais à medida que eles oferecerem uma gama mais completa de produtos e serviços e que sua presença geográfica continue a crescer,” complementa Khan.

Como instituições financeiras que não visam maximizar os lucros, as cooperativas de crédito podem oferecer crédito a taxas abaixo do mercado. Elas também se beneficiam do fato de que bancos tradicionais têm se retirado de áreas rurais a fim de cortar custos, deixando as cooperativas com pouca concorrência direta em muitos aspectos. À medida que as cooperativas de crédito continuam crescendo, a concorrência com bancos deve aumentar.

Custos mais baixos

Além disso, o relatório da Moody’s afirma que as cooperativas se beneficiam de custos de depósitos mais baixos que os de bancos tradicionais devido à forte lealdade de seus depositantes, muitos dos quais também são proprietários-membros. Isso vem aumentando a margem líquida de juros e equilibrando os custos operacionais muito altos, que decorrem da extensa rede de agências das cooperativas. “Quando as taxas de juros permanecem baixas, a captação de depósitos barata e os custos de crédito estáveis suportam o lucro, mantendo os níveis de capital elevados,” afirma Khan.

Vulnerabilidades

O foco das cooperativas no crédito para o setor agrícola as deixa vulneráveis às flutuações nos ciclos das safras e aos preços das commodities. No entanto, políticas conservadoras de concessão de crédito permitem que essas empresas mantenham uma qualidade de ativos mais forte que os bancos. Embora os riscos de ativos possam aumentar caso as cooperativas de créditos cresçam para novos tipos de crédito, como empréstimo consignado e financiamento de veículos, ainda esperamos que a qualidade de ativos continue maior do que a dos bancos tradicionais.

Duas cooperativas respondem por 80% dos empréstimos

Em conjunto, as duas maiores cooperativas agrícolas do Brasil, Sicredi e Sicoob, representam aproximadamente 80% de todos os empréstimos cooperativos. Apesar do crescimento rápido nos últimos anos, ambas continuam pequenas quando comparadas ao Banco do Brasil (“BB”). Em março de 2018, o crédito agrícola do BB totalizou R$ 184,7 ou seis vezes o total do crédito agrícola das cooperativas.

Fonte: moneytimes.com.br

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