Em meio à concentração do mercado financeiro brasileiro, atualmente 80% nas mãos de cinco grandes bancos – Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco, Itaú e Santander -, um “jovem” sistema de crédito, com pouco mais de 20 anos efetivos, começa a ganhar força no País: as cooperativas de crédito. Atualmente detentoras de 3% do mercado financeiro, com R$ 54 bilhões de ativos, distribuídos em 1.382 cooperativas e 3,8 milhões de cooperados, esse segmento vem registrando crescimento médio de 25%, ao ano.
Essa expansão já o projeta para uma representatividade de 20% do mercado financeiro, nos próximos 20 anos. No Ceará, o cooperativismo de crédito é representado por 16 instituições, que reúnem 15.534 cooperados e empregam 114 funcionários no Estado.
Expostos ontem, pelo presidente executivo do Banco Cooperativo Sicredi, Ademar Schardong, os números mostram o potencial de crescimento que o setor apresenta, mas revela também os desafios que há de enfrentar para coexistir entre os grandes conglomerados financeiros. “Não tem saída. Uma cooperativa de crédito isolada é inviável, vai perder importância”, alerta Schardong.
Em Fortaleza, onde proferiu a palestra de abertura do II Simpósio do Cooperativismo de Crédito, o executivo defendeu a integração em rede das pequenas cooperativas, como forma de ganhar escala nos negócios, reduzir dos custos tecnológicos e operacionais e, sobretudo, ampliar a competitividade; a exemplo do que fizeram grupos de farmácias e de supermercados. “As cooperativas devem se organizar em rede“, defende.
Reposicionamento:
Na região Sul, onde o cooperativismo, principalmente o rural é mais organizado, ele sugere a fusão de entidades, enquanto que no Sudeste, ele aponta para a necessidade de reposicionamento do setor. Nas regiões Norte e Nordeste, avalia Schardong, ainda há espaços para o surgimento de novas cooperativas, desde que mais organizadas, embasadas teoricamente e melhor aparelhadas.
Leitura semelhante faz o vice-presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras do Ceará (OCB/CE), Frederico Joffily. Para ele, o momento atual do cooperativismo cearense está mais propício à ampliação do número de cooperados, do que do de cooperativas.
Ambos avaliam que há grande espaço de crescimento para o setor, tendo em vista as vantagens dos serviços de crédito que as cooperativas oferecem, em relação às demais instituições financeiras. Além de oferecerem produtos semelhantes, com tarifas e taxas de juros menores que as dos bancos, nos empréstimos, e maiores nas aplicações, argumentam, o cooperativismo goza hoje de novo conceito no Banco Central.
“O Bacen aposta nas cooperativas como forma de descentralização dos serviços bancários, de ampliar a bancarização nas comunidades“, avalia Schardong. Joffily cita ainda a maior flexibilidade de operação concedida pelo Banco Central, como a possibilidade de estudantes de segmento cooperativados, se tornarem associados. Ambos reconhecem, porém, que o sistema cooperativo precisa ser mais difundido junto à sociedade. Nesse sentido, defendem a abertura de cooperativas de livre admissão, que permitem a associação de qualquer pessoa ou grupo.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias