Expressão Mundial » Cooperativismo de Crédito na Itália

Na Itália, o cooperativismo tem grande participação no mercado financeiro, atingindo 36% do volume de recursos do país.

CoopCred_Italia_2013

O cooperativismo financeiro é representado pelos Banche Popolari (com 25% de participação no mercado financeiro) e pela Federcasse, com seus Bancos de Crédito Cooperativo (com 8%), que são: BCCs, Cajas Rurales Y Artesanas, Cajas Rurales Raiffeisen.

O cooperativismo financeiro na Itália passou por período muito conturbado durante o início do século passado, motivado pelo fascismo e pela crise econômica de 1929. Nesse período, houve uma redução considerável do número de instituições financeiras cooperativas, em razão de quebras e incorporações por bancos maiores.

Após a Segunda Guerra Mundial, num momento de grandes mudanças para a economia italiana e seu sistema financeiro, as instituições cooperativas tornam-se protagonistas de um processo contínuo de crescimento, expandindo gradualmente a sua quota de mercado. Em 1993, foi abolida a Lei Especial 407/1955, passando a ser aplicadas a elas as mesmas regras válidas para os bancos.

Em 1997, foi criado o Fundo Garantidor de Depósitos (Fondo di Garanzia dei Depositanti del Credito Cooperativo) para as instituições cooperativas, sendo sua adesão obrigatória. Em 2004, foi criado um Fundo de Garantia de Crédito (Fondo di Garanzia degli Obbligazionisti del Credito Cooperativo), com adesão voluntária. Em 2008, foi criado o Fundo de Garantia Institucional (Fondo di Garanzia Istituzionale) para proteção global dos investidores contra todas as adversidades envolvendo o setor.

Banche Popolari

Os Banche Popolari (bancos populares) são o mais antigo representante dos bancos cooperativos na Itália e remontam a meados do século XIX. O precursor do cooperativismo italiano, Luigi Luzzati, inspirou-se no modelo de Herman Schultze, com adaptações para a realidade da Itália, tendo criado em 1864 a Banca Popolare a Lodi.

Por meio de um grande número de aquisições e fusões entre bancos populares, houve um expressivo fortalecimento do setor, que atingiu uma considerável participação no sistema financeiro italiano.

Todos os Banche Popolari são membros da Associazione Nazionale fra le Banche Popolari, que protege os interesses e promove os valores e princípios dos bancos associados. Eles são as instituições financeiras com forte presença nas PME (pequenas e médias empresas) e com grande participação de mercado no norte e no sul da Itália.

No intervalo entre as duas guerras mundiais, a crise bancária e uma política econômica voltada para as grandes empresas induziram uma profunda reestruturação do setor, que, sem enfraquecer a sua presença no mercado, reduziu os Banche Popolari de 750 para 300.

Recentemtente, as mudanças no marco regulatório e o contexto operacional introduzido pela Lei Bancária de 1993 ajudaram a acelerar ainda mais o crescimento e desenvolvimento. Por meio de um grande número de aquisições e fusões de Banche Popolari, sua participação no mercado financeiro italiano hoje passa de 25%.

Como forma de estruturação, 53 das 72 cooperativas financeiras organizaram-se em entidades de segundo grau (semelhantes a uma central), sendo que a maior delas é o Banco Popolare Società Cooperativa, formada por 13 instituições cooperativas que contam com 2.000 pontos de atendimento, administrando US$ 173 bilhões em ativos, o que lhe conferia em 2013 a posição de 5º maior grupo bancário da Itália.

http://www.assopopolari.it/

Bancos de Crédito Cooperativo (BCC)

Site: http://www.gruppoiccrea.it

A primeira caixa rural da Itália foi constituída em 1883, em Loreggia, na província de Pádua, por obra de Leone Wollemborg. Em 1897, sob a inspiração da entidade pioneira, já existiam 904 caixas rurais, sendo 125 “neutras” e 779 caixas rurais católicas.

Em 1950, foi criada a confederação Federcasse (Federazione Italiana delle Banche di Credito Cooperativo – Casse Rurali ed Artigiane) e, em 1963, o ICCREA (Istituto di Credito delle Casse Rurali ed Artigiane). A Federcasse é uma das federações ligadas à Confederazione Cooperative Italiana.

Após a legislação de 1993, as caixas rurais mudaram de denominação e passaram a ser chamadas de “Bancos de Crédito Cooperativo” (BCC = Banche di Credito Cooperativo), sendo que entre 1994 e 2004 houve em torno de 200 fusões entre BCCs (de 642 para 439). Também em 1994 foi constituído o Gruppo Bancario ICCREA com a ICCREA Holding, ligado à Federcasse, com sede em Roma, e em 1997 o Fundo Garantidor de Depósitos.

Os bancos cooperativos oferecem os mesmos produtos e serviços que os bancos convencionais e podem aceitar como sócio qualquer pessoa residente na área geográfica previamente definida para cada um, sendo necessários, no mínimo, 200 sócios para constituí-los.

Das sobras anuais dos bancos cooperativos, 70% devem ser direcionadas para a Reserva Legal e 3% para Fundos de Desenvolvimento. Os restantes 27% podem ser distribuídos entre os associados, embora, normalmente, também sejam destinados à Reserva Legal. O pagamento de dividendos pode ser feito desde que respeitada a taxa legalmente definida, e somente sobre o capital depositado.

Organização em Sistema: os Bancos de Crédito Cooperativo integram um sistema organizado da seguinte forma:

  • Lado Associativo: 15 Federações Regionais ligadas à Federcasse, responsáveis pela liderança política, relações com o Banco Central, relações institucionais e internacionais, auditoria, controles internos, formação e desenvolvimento.
  • Lado Empresarial: Gruppo Iccrea (ICCREA Holding Spa), tendo como empresas controladas: Banco ICCREA, ICCREA BancaImpresa, Aureo Gestioni, BCC Vita e outras, todas voltadas para a intermediação financeira, planejamento estratégico, desenvolvimento e coordenação dos produtos e serviços financeiros operacionalizados pelos bancos locais.

Os bancos cooperativos estão localizados em 90% dos estados italianos, em 2.706 cidades (32% do total), chamadas comuni, das quais 551 têm nos BCCs a única instituição financeira. Mais de 70% dos BCCs estão localizados em pequenos municípios com menos de 15.000 habitantes, sendo que 67% dos BCCs estão localizados no norte da Itália.

1 comentário

  1. Faz empréstimo para pessoas residentes no Brasil? Estou precisando de um empréstimo.

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