O Cooperativismo é uma verdade crescente no Brasil, mesmo sendo um país gigantesco, de linhas continentais e com grandes desigualdades sociais. Embora não haja um aumento de cooperativas, há sim, um aumento significativo de cooperados e uma gradativa compreensão de que essa forma de organização social proporciona uma honrosa forma de ganho de renda. O fato de a cooperativa oportunizar o evitamento do intermediário proporciona a retenção de volumosos recursos na comunidade onde atua, que em caso contrário seria “exportado” por empresas capitalistas centralizadores do capital. E estes valores são agregadores de renda aos indivíduos, melhorando desta forma a qualidade de vida dos cidadãos e contribuindo no crescimento da região onde está inserida, produzindo uma verdadeira mutação social.
Entretanto, se o cooperativismo é uma forma de mitigar e reduzir sensivelmente diferenças sociais pelo potencial de desenvolvimento local e regional que pode produzir temos, de um lado que o governo não fomenta mais esta forma de organização, e de outro lado, há o desconhecimento quase que por completo das pessoas, relativo a esta capacidade de agregar renda a todos os que integram a organização cooperativa e consequentemente fomentar as economias locais nos mais diferentes ambientes e particulares.
Falta então ser disseminada esta cultura do potencial de crescimento que uma organização de cooperação contém. Falta a educação cooperativa. Falta ao cooperado ser protagonista, visualizar o potencial de uma cooperativa de proporcionar um verdadeiro vôo para o futuro.
É inconcebível que as pessoas ainda optam em contribuir para a centralização cada vez maior do capital, operando com instituições/empresas de poucos ou um único dono, que não gastam um centavo na nossa cidade. Ou que recolhe as nossas poupanças e as encaminha para regiões distantes onde proporciona o desenvolvimento, ou ainda, levando os polpudos lucros para fora do nosso país. Uma verdadeira evasão de divisas. É incompreensível que nós cidadãos optamos em nos abastecer num supermercado de donos que moram na Europa e para lá destinam todas as sobras ou lucros, desperdiçando a oportunidade de promover o fortalecimento e auxilio na geração do ciclo econômico local.
Pensemos numa cooperativa de crédito, que tem todos os produtos e serviços que um banco tem. Que tem, quase sempre, melhores taxas e juros. Que devolve ao seu dono que são os associados e à sociedade, tudo que cobra, ou seja, somente compra, reinveste e distribui na comunidade onde atua, pois só tem interesses locais e desta forma contribui substancialmente como instrumento de desenvolvimento, fomentando, fortalecendo e potencializando a economia local. Portanto, colabora para o surgimento de novas e prósperas realidades socioeconômicas, principalmente em cidades menores ou de menor densidade demográfica e assim gerando riqueza e melhoria da qualidade de vida para todos. Mas, se são tantos os benefícios que uma cooperativa de crédito deixa explícito, se ao operar com uma cooperativa de crédito eu não gasto nem um centavo a mais do que gastaria no banco, antes pelo contrário, pois o banco não me devolve sobra ou reparte comigo seu fabuloso lucro, então como compreender que alguém opera com uma instituição financeira que não seja a sua cooperativa de crédito?
Por Mário José Konzen – Vice-Presidente da Sicredi Pioneira RS