O “Cenário Econômico e as Perspectivas para 2013” foram tema do painel realizado pelo Sicredi na segunda-feira (5/10). O fórum contou com a presença do economista Marcelo Portugal, do diretor de Recursos de Terceiros, Economia e Risco de Mercado do Banco Cooperativo Sicredi, Júlio Cardozo, e do economista-chefe do Banco Cooperativo Sicredi, Alexandre Barbosa. Eles detalharam os aspectos internacionais e brasileiros da economia, assim como o mercado financeiro.
Segundo Portugal, o mundo vive os desdobramentos de uma crise em dois atos – o do mercado de hipotecas sub-prime nos EUA (2008-2009) e o da dívida soberana na Europa (2012-2013). “São crises semelhantes, mas com atores diferentes – famílias, nos EUA, e governos, na Europa”, explicou. Em ambos os cenários, o excesso de risco foi tomado pelos bancos frente a devedores duvidosos, gerando efeitos diretos sobre a atividade econômica.
O contexto refere-se, principalmente, aos problemas relativos à Grécia, Espanha, Itália, Portugal e Irlanda, que passaram a contar com menos crédito, redução do consumo e aumento do desemprego. “A situação terá que ser revertida com ajuste fiscal via redução de gastos, o que é difícil – já que a decisão é política e depende da aprovação de diversos parlamentos”, explica Portugal.
Para 2013, Portugal prevê que a economia mundial seguirá crescendo lentamente; a Zona do Euro continuará estagnada – com exceção da Alemanha, que deve crescer cerca de 1%; Itália e Espanha permanecerão em recessão. Enquanto isso, a China registrará o crescimento moderado de 8,2%. Dessa forma, o PIB mundial terá um crescimento próximo de 3% e a inflação mundial será relativamente baixa.
O economista-chefe do Banco Cooperativo Sicredi, Alexandre Englert Barbosa, tratou dos aspectos da economia brasileira, que seguirão atrelados à conjuntura internacional. Em 2012, os destaques ficaram por conta da recuperação da economia, principalmente nos setores de serviços e do agronegócio. Já o crescimento da indústria esteve ligado aos estímulos fiscais promovidos pelo Governo Federal. Até o fim deste ano, a inflação deve ficar em torno de 5,5%, as taxas de juros estáveis e a de câmbio com poucas oscilações, apesar do cenário externo indefinido. Para Barbosa, os juros estão baixos, e devem permanecer neste patamar em 2013, e o volume de crédito seguirá crescendo. Tal comportamento deve-se, principalmente, ao aumento da renda do brasileiro e do avanço do emprego formal.
O economista prevê que a economia brasileira entrará em 2013 em ritmo mais rápido do que 2012, mas o desempenho ficará abaixo do registrado no período pré-crise por causa do fraco crescimento industrial, alto grau de endividamento dos brasileiros e do fraco crescimento da economia mundial. A boa notícia vai ficar por conta do setor agropecuário, que deve ter alta produtividade e preços elevados quando comparado aos patamares históricos, ainda que menores do que os registrados no segundo semestre de 2012. O efeito defasado da política monetária é outro fator que seguirá estimulando a economia. “O ideal seria que o crescimento migrasse para investimentos e não ao consumo”, avalia. Outros setores que devem ter um desempenho positivo são o da indústria de bebidas, de eletroeletrônicos e móveis, de metalurgia e plástico, comércio e de serviços de transporte. Em condições mais difíceis, citou a indústria de vestuário e de calçados.
Ao falar sobre o cenário do mercado financeiro, o diretor de Recursos de Terceiros, Economia e Risco do Banco Cooperativo Sicredi, Júlio Cardozo, ratificou que a moldura internacional continuará determinante. Segundo Cardozo, a queda nas taxas de juros continuou ao longo de 2012, mas o agravamento da crise europeia pode interferir nesta tendência. “Os principais focos de atenção do mercado são o ritmo de retomada da economia, e o seu impacto inflacionário, e de quanto tempo as taxas de juros vão permanecer estáveis”, detalha o executivo.
No que diz respeito ao câmbio, Cardozo acredita que, com a forte atuação do governo e com a queda nas taxas de juro, a moeda estabilizou-se em um patamar relativamente constante, pouco acima de R$ 2. Além disso, há uma queda forte em termos de variabilidade e de fluxo cambial, denotando baixo interesse pela moeda brasileira por parte dos estrangeiros. Outros fatores que podem influenciar tanto o comportamento do mercado como a atuação do governo consistem na evolução da crise europeia e a inflação corrente.
Quanto à bolsa de valores, ele avalia que teve uma performance fraca em 2012, apresentando alta de somente 2% ao ano até o momento. Com uma queda projetada nos lucros, em torno de 30% para o ano corrente, a bolsa ficou praticamente estável e consequentemente mais cara. Além disso, o lucro das empresas piorou com a desaceleração econômica. Um dos desafios a serem enfrentados em 2013 é reverter os caros preços negociados pelos setores ligados à economia doméstica, que não sofreram intervenção do governo, enquanto que os setores mais baratos são constituídos por empresas que possuem restrições externas ou sofreram intervenção e/ou regulação mais fortes. “Cabe ao Brasil se mostrar mais atrativo a este tipo de investidor”, concluiu o diretor.
Fonte: Sicredi