O cooperativismo de crédito alemão é muitas vezes citado em nível mundial como sendo um modelo a ser seguido, seja por seus grandes números ou pela estruturação sistêmica adotada.
Os precursores do cooperativismo de crédito alemão foram Hermann Schulze-Delitsch (idealizador do Volksbank, com ênfase no meio urbano) e Friedrich Wilhelm Raiffeisen (idealizador do Raiffeisenbank, com ênfase no meio rural), sendo que as primeiras instituições por eles criadas hoje já contam com mais de 150 anos. A estratégia adotada por ambos era a de que cada cidade tivesse sua própria cooperativa de crédito, motivo pelo qual estas se proliferaram rapidamente, o que pode ser comprovado pelo número de 4.500 Volksbank existentes no ano de 1892 (com cerca de 1,5 milhão de membros) e pelas 13.000 Raiffeisenbank existentes em 1905 (com cerca de 1 milhão de membros). Ao longo da história, muitas foram as fusões e incorporações ocorridas na Alemanha, existindo casos em que cooperativas dos dois sistemas se uniram, através de fusões, dando sentido a expressão lá utilizada: “um mercado, um banco”, ou seja, em um mesmo mercado (cidade ou região) não deveriam haver dois bancos cooperativos concorrendo entre si.
Em termos históricos, na Alemanha, as cooperativas fundadas por Raiffeisen eram cooperativas mistas (agropecuárias e crédito ao mesmo tempo). Com o tempo, por força da legislação, houve a segregação das atividades, criando-se cooperativas distintas. Ao mesmo tempo, a concorrência fez com que as cooperativas pequenas tivessem de unir-se para poder competir.
Ao mesmo tempo em que estavam em franca expansão, ainda antes do ano de 1900, muitas foram as fusões ocorridas, a exemplo do “Volksbank Rhein-Lahn eG”, que entre 1982 e 1900 passou por mais de 50 fusões. Já em um período mais recente, o 1º banco cooperativo criado por Raiffeisen, em 1862 em Anhausen (e em 1864 em Heddesdorf), atualmente denominado “VR Bank – Volks- uns Raiffeisenbank Neuwied-Linz eG“, passou, nos últimos 60 anos (depois de 1953) por uma onda de fusões, tendo as maiores ocorrido na década de 1990.
Muitas das fusões ocorridas são de cooperativas do leste alemão, da antiga Alemanha Oriental, onde as cooperativas eram pouco competitivas e com alguns problemas de gestão.
Os Raiffeisenbank tradicionais atuavam (e alguns ainda atuam) em lugares pequenos, com pessoas físicas, agricultura e com o setor manufatureiro. Já os Volksbank de Schulze trabalhavam na área urbana, com pessoas físicas, indústrias, comércio e setor manufatureiro de maior porte.
Atualmente, dos 18 milhões de associados a cooperativas na Alemanha (de todos os ramos), 17 milhões estão vinculados aos 1.121 bancos cooperativos (é assim que são chamadas as cooperativas de crédito por lá). Esta forte participação é decorrente do modelo de livre adesão adotado pelos bancos cooperativos Volksbank e Raiffeisenbank. Além deles, existem também os Spardabank, formados inicialmente por funcionários de ferrovias e que hoje dedicam-se a pessoas físicas; e os PSDbank, originários dos funcionários dos correios e que hoje são mais dedicados ao varejo.
Os Raiffeisenbank tradicionais atuavam (e alguns ainda atuam) em lugares pequenos, com pessoas físicas, agricultura e com o setor manufatureiro. Já os Volksbank de Schulze trabalhavam na área urbana, com pessoas físicas, indústrias, comércio e setor manufatureiro de maior porte.
Atualmente, dos 18 milhões de associados a cooperativas na Alemanha (de todos os ramos), 17 milhões estão vinculados aos 1.121 bancos cooperativos (é assim que são chamadas as cooperativas de crédito por lá). Esta forte participação é decorrente do modelo de livre adesão adotado pelos bancos cooperativos Volksbank e Raiffeisenbank. Além deles, existem também os Spardabank, formados inicialmente por funcionários de ferrovias e que hoje dedicam-se a pessoas físicas; e os PSDbank, originários dos funcionários dos correios e que hoje são mais dedicados ao varejo.
Curiosidade: Dos 80 milhões de habitantes da Alemanha, apenas 850 mil pessoas vivem da agricultura. A propriedade rural média tem 48,5 hectares.
Em termos numéricos, o menor banco cooperativo administra cerca de 12 milhões de Euros e o maior 38 bilhões.
Toda a REDE DE ATENDIMENTO dos bancos cooperativos está totalmente interligada, embora existam duas grandes centrais de processamento de dados (GAD e Fiducia), responsáveis também pelo desenvolvimento de softwares. Os clientes dos bancos cooperativos alemães contam com uma rede de 19.000 ATMs (auto atendimento).
Na Alemanha, os bancos cooperativos podem operar com CLIENTES, não sendo obrigatória a associação. Com isto, existem aproximadamente 30 milhões de clientes, sendo que 17 milhões deles são associados. O regime de tributação dos bancos cooperativos é igual ao dos bancos tradicionais, não existindo o Ato Cooperativo que existe no Brasil. Além disto, não existem preços diferenciados entre clientes e associados.
Em alguns Bancos Cooperativos, existem produtos ou serviços diferenciados para os associados. Como exemplos: cartão de crédito específico para associados e convênios específicos com os lojistas.
Alguns bancos cooperativos não fazem questão de associar seus clientes visto que osDIVIDENDOS pagos para quem é associado estão entre 5 a 10% a.a., o que causa uma pressão para geração de resultado. Por este motivo, os bancos cooperativos estipulam, em seus estatutos sociais, limites máximos de capital a ser integralizado, podendo em alguns casos chegar a 5.000 Euros, mas havendo uma grande quantidade deles que definem o capital máximo em torno de 500 Euros.
As SOBRAS LÍQUIDAS, após deduzidos os dividendos dos associados, são destinadas ao fundo de reserva ou às “reservas escondidas”. As reservas escondidas não aparecem no Patrimônio Líquido, mas servem para o cálculo do Índice de Basiléia. Tais reservas podem ser de no máximo 4% do valor dos créditos dos clientes, assemelhando-se às provisões para devedores duvidosos das cooperativas brasileiras.
Os Bancos Cooperativos locais contam com dois BANCOS COOPERATIVOS CENTRAIS, o WZG Bank, com sede em Düsseldorf e que tem atuação no oeste alemão, na região de atuação da federação regional RWGZ, na região de Munster e Forsbach; e o DZ Bank, com sede em Frankfurt e ao qual estão ligadas a maior parte dos bancos cooperativos do país. Apesar de já terem ocorrido discussões para a unificação dos Bancos Cooperativos Centrais, as resistências recaem em algumas diferenças culturais, como por exemplo: o WGZ prática os princípios do cooperativismo, onde cada banco cooperativo tem um voto junto ao WGZ Bank. Já no DZ Bank, valem os princípios de uma sociedade anônima. Os bancos cooperativos locais não são obrigados a centralizar sua liquidez nos Bancos Cooperativos Centrais.
O modelo alemão apresenta importantes pontos de reflexão para o cooperativismo de crédito brasileiro visto que apesar dos bancos cooperativos manterem suas marcas (Volksbank, Raiffeisenbank, Spardabank, PSDBank), toda a ESTRUTURA DE RETAGUARDA É COMPARTILHADA, desde a tecnologia até os Bancos Cooperativos Centrais, otimizando assim os custos para os associados e tornando as instituições competitivas perante o mercado.
Por Márcio Port – autor do Portal do Cooperativismo Financeiro