Brasília (1º/4) – Intercooperação. Essa é a palavra que dará o tom da gestão do novo CEO do Banco Cooperativo, da Confederação e da Fundação Sicredi, Edson Nassar. Ele que assumiu, recentemente, o cargo. Segundo ele, “somar forças é uma das melhores maneiras de gerar crescimento e a união de cooperativas”. O executivo acredita que um dos desafios do Sicredi é a atração do jovem para a proposta de valor do cooperativismo. Para ele, a presença de jovens nos programas Crescer e Pertencer, por exemplo, demonstra a necessidade de integrar e consolidar a atuação desse público no cotidiano da cooperativa. Confira a entrevista!
O senhor acaba de assumir como CEO do Banco Cooperativo, da Confederação e da Fundação Sicredi. Quais as prioridades da sua gestão?
Edson Nassar – Pretendemos manter a proximidade com todos os nossos públicos por meio do diálogo e da transparência. Continuaremos a trilhar o caminho do crescimento sustentável, baseado nos princípios do cooperativismo: adesão livre, gestão democrática, interesse pela comunidade e intercooperação. Esse novo ciclo será marcado pela forte intenção de “fazer com”, envolvendo e engajando nossos associados, cooperativas e Centrais.
Nossa gestão também mantém o compromisso do atendimento às necessidades dos associados e desenvolvimento das comunidades onde o Sicredi está inserido, com estímulo à geração de renda em prol da qualidade de vida. Queremos dar cada vez mais relevância ao cooperativismo de crédito no Brasil como um modelo de organização econômica sustentável para as pessoas.
O que o senhor pensa a respeito da ideia do Banco Central de estimular à junção de cooperativas de crédito?
Edson Nassar – Acreditamos que é uma iniciativa importante para o segmento. Somar forças é uma das melhores maneiras de gerar crescimento e a união de cooperativas. Pode permitir ganho de escala, contando com uma nova capacidade patrimonial, operacional e técnica, condição vital e necessária para a expansão das cooperativas. Lembramos que atuamos em conformidade com as leis e regulamentações do Conselho Monetário Nacional (CMN) e o do Banco Central (BC), que fiscalizam a atuação do Sistema, exigindo que o patrimônio seja adequado para dar sustentação econômica ao negócio.
Na sua opinião, quais os principais desafios do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, atualmente?
Edson Nassar – As cooperativas de crédito no Brasil seguem demonstrando maturidade no atendimento às demandas dos associados, especialmente em regiões com carência de atenção de outras instituições. A governança cooperativa, com o estímulo do Banco Central para o seu desenvolvimento, o debate integrado dos atores do setor e das autoridades regulamentadoras, têm demonstrado resultados claros para a solidez e o crescimento do segmento.
O Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), criado no final de 2013, tornou-se referência para os países da América Latina, completamente inserido no debate estratégico.
Outras medidas importantes para o setor dizem respeito ao reconhecimento das estruturas sistêmicas na apuração de capital, ponderando as operações intragrupo em medida semelhante à que é aplicada aos bancos, e à emissão de letras financeiras subordinadas, possibilitadas por normativos editados pelo Conselho Monetário Nacional e o Bacen; o início dos debates para a nova regulamentação estrutural para o segmento e o fortalecimento das atividades de auditoria nas cooperativas.
Acreditamos que em 2015 o setor viverá um ano de consolidação e de adaptação ao novo cenário que decorrerá do ambiente de regulamentação. O crescimento deve manter os índices apresentados nos últimos anos.
Um dos desafios do Sicredi, importante para o futuro do empreendimento, é a atração do jovem para a proposta de valor do cooperativismo. Nosso foco nesse público mostrou-se bem sucedido em 2014 com o maior índice de crescimento da base de associados na faixa etária de 18 a 25 anos, percentual que chegou a 11,5% do total de associados. A presença de jovens nos programas Crescer e Pertencer, do Sicredi, bem como sua participação nas diferentes instâncias da administração das cooperativas demonstra que precisamos cada vez mais integrar e consolidar a atuação desse público no cotidiano da instituição.
O senhor acredita que as consultas públicas lançadas pelo BC podem contribuir com o desenvolvimento do setor?
Edson Nassar – Acreditamos que a nova regulamentação proposta pelo BC vai estimular o nosso setor e incentivar o mercado a crescer. Temos boas oportunidades para isso. Cooperativas de crédito são agentes que promovem o desenvolvimento econômico e social das comunidades onde atuam. Desde sua origem, o Sicredi tem atuado como agente local de inclusão financeira, com ênfase em pequenas localidades.
O que o senhor pensa a respeito da regulação das cooperativas de crédito?
Edson Nassar – É um passo importante para o setor. Lembramos que, nos últimos anos, o Sicredi tem se dedicado à implementação de uma estrutura sistêmica de governança, baseada sobretudo nas características próprias do tipo societário da instituição. Um modelo de gestão adequado a essas especificidades e integrado a diversas instâncias faz parte do processo de sustentabilidade do negócio.
O que o senhor destacaria como principal avanço da década do cooperativismo, relacionado ao ramo crédito? Por quê?
Edson Nassar – As cooperativas de crédito tiveram e têm papel fundamental no desenvolvimento econômico e social do país. Isso pela própria natureza de sustentabilidade de nosso negócio, incorporada em todas as operações do Sicredi. Como sistema cooperativo, temos a missão de valorizar o relacionamento e oferecer soluções financeiras para agregar renda e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos associados e da sociedade.
Lembramos que as cooperativas de crédito distribuídas pelo interior do país, 30, 40 anos atrás, foram as organizações mais resilientes em termos de adaptação e readequação frente a restrições legais impostas pelo governo.
Fossem pelos sinais de que o Estado não daria conta de arcar com financiamento de atividades econômicas, nos anos 70, ou devido à reorganização das antigas Caixas Rurais no formato de Centrais, nos anos 80, ou a nova regulamentação nos anos 90, mudanças foram essenciais para oferecer aos associados e às comunidades ferramentas financeiras e de desenvolvimento diferenciadas para levar o país adiante.
Neste momento delicado da economia brasileira o Sistema Financeiro sofre duras consequências. Como o senhor acha que as cooperativas de crédito podem contribuir para superarmos este momento?
Edson Nassar – O cooperativismo de crédito agrega renda aos associados e contribui para o desenvolvimento local. Atuamos há mais de cem anos no ramo de cooperativismo de crédito e estamos no mercado como alternativa às instituições tradicionais, com diferencial o fato de todos serem donos do negócio e possuírem poder de decisão na condução da cooperativa. O papel do Sicredi, por meio de suas cooperativas, é oferecer oportunidades de acesso ao crédito, além de outros produtos e serviços financeiros, gerando desenvolvimento econômico e social.
Fonte: OCB