Como são tratados os resultados nas Instituições Financeiras Cooperativas

Como dono e usuário de uma Instituição Financeira Cooperativa, você participa nos resultados, nas decisões, e ainda contribui para a construção de um mundo melhor, mais sustentável, com equilíbrio entre os aspectos econômicos, ambientais e sociais.

Nas Cooperativas de Crédito ou Instituições Financeiras Cooperativas, os resultados são chamados de “sobras”, o que seriam os lucros nas instituições tradicionais do mercado (bancos).

Ao ingressar em uma Cooperativa Financeira, você adquire cotas do capital social da instituição, formaliza a sua “matrícula” como associado e adere ao estatuto social, ou seja, passa a ser dono e usuário de um empreendimento de propriedade coletiva, uma instituição financeira sem fins lucrativos, com garantia do FGCOOP – Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito, regulamentada pelo CMN – Conselho Monetário Nacional, acompanhada e fiscalizada pelo BCB – Banco Central do Brasil, assim como os bancos e demais instituições financeiras que fazem parte do SFN – Sistema Financeiro Nacional.

Na condição de sócio/associado, você passa a participar dos resultados e das decisões da instituição financeira, além de usufruir de um vasto portfólio de produtos e serviços financeiros com preço justo, ou seja, tem acesso aos mesmos produtos e serviços de um banco tradicional, porém, com custos reduzidos e as vantagens e os diferenciais cooperativos, de uma instituição financeira onde você não é apenas mais um número ou mais um cliente, mas é dono e usuário da instituição.

Como se dá a sua participação nos resultados?

A participação dos associados nos resultados apurados nas Demonstrações Contábeis (sobras disponíveis após as destinações estatutárias) ocorre através da Assembleia Geral Ordinária, realizada até Abril de cada ano, onde ocorre a Prestação de Contas da Administração da Cooperativa de Crédito, passando pela análise e deliberação dos associados (donos do negócio), a prestação de contas e os valores apresentados.

Após a aprovação das contas, os donos da instituição financeira (sócios) decidem a destinação das sobras (lucros) do exercício, de forma proporcional à movimentação de cada associado na cooperativa, durante o exercício anterior fechado. Geralmente, são definidos critérios para participação das sobras, com base na movimentação de cada associado em conta corrente (depósitos a vista); aplicações (depósitos a prazo); empréstimos (operações de crédito) e reciprocidade na utilização dos produtos e serviços financeiros da cooperativa. É proibida a distribuição de sobras (lucros) tendo como base o valor do capital social (valor que o associado adquire, investe, em cotas de capital).

Quais são os outros tipos de resultados proporcionados pelas Cooperativas Financeiras?

Além do resultado contábil, que corresponde às sobras (lucro) apuradas no exercício, as Cooperativas de Crédito proporcionam outros tipos de resultados aos seus associados:

– Resultado Econômico Indireto: É a sobra (resultado) que fica no “bolso” do associado durante o ano (exercício social), que não aparece nas Demonstrações Contábeis, mas que o associado recebeu, tendo em vista a economia que ele fez ao optar por realizar suas atividades financeiras com a sua Cooperativa de Crédito. Muitas Cooperativas de Crédito já apresentam nas suas Assembleias, um comparativo entre o que o associado “gastou” em taxas de juros e tarifas na Cooperativa e o que ele “gastaria” se tivesse uma conta em um banco tradicional. A diferença é muito grande, na Cooperativa o associado tem um custo muito menor de manutenção e taxas de juros do que nas demais Instituições Financeiras do mercado. Ressaltando ainda, que no caso da Cooperativa de Crédito, o associado não “gastou”, mas “investiu” na sua própria Instituição Financeira Cooperativa; seu “empreendimento cooperativo”.

– Resultado Ambiental e Social: As Cooperativas de Crédito, por sua natureza cooperativa, possuem na sua essência o compromisso não só econômico, mas também ambiental e social com as comunidades onde estão inseridas. Possuem compromisso com a Sustentabilidade, que compreende investimentos em projetos que sejam economicamente viáveis, ambientalmente corretos e socialmente justos.

Por essas características, as Instituições Financeiras Cooperativas são poderosos agentes de desenvolvimento local, proporcionando desenvolvimento econômico e social de forma sustentável, para milhões de pessoas hoje no Brasil.

Sobre o autor: Marcelo Correa Medeiros – Administrador, Gestor de Cooperativas, Contador, MBA em Gestão Empresarial, Mestre em Direção Estratégica. Embaixador da Paz pela UPF – Federação para a Paz Universal, órgão ligado à ONU. Atuação há 25 anos no Associativismo e Cooperativismo Financeiro, nas funções de Sócio Fundador, Presidente, Gerente Geral, Contador e Inspetor.

Fonte: administradores.com.br

1 comentário

  1. Creio que a distribuição de sobras sobre a movimentação dos depósitos a vista e a prazo, não deveria estar ocorrendo, pois entendo que isso é incremento de renda para o associado, tornando-se algo estranho para uma instituição sem fins lucrativos, além da falta de tributação. um risco fiscal!

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