Em decisão que surpreendeu o mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, nesta quarta-feira (16), a manutenção da taxa básica de juros da economia em 6,5% ao ano.
Com a medida, o Copom colocou fim a um ciclo de 12 cortes consecutivos na Selic, que se iniciou em outubro de 2016. Em nota, o BC relacionou a decisão à recente volatilidade que tem levado à disparada do dólar (leia mais abaixo).
Na ata da última reunião, em março, o Copom havia sinalizado um corte “moderado” nos juros na reunião desta quarta, caso o cenário econômico evoluísse conforme o esperado. Por isso, grande parte dos analistas financeiros apostava em um corte de 0,25 ponto percentual.
Volatilidade e alta do dólar
A mudança de posicionamento do comitê se deve à volatilidade do cenário externo, que tem causado uma forte desvalorização do real frente ao dólar nos últimos dias. Nesta quarta, a moeda norte-americana fechou em alta pelo quarto dia seguido, cotada em R$ 3,679.
O aumento do dólar pode encarecer produtos e serviços importados consumidos no Brasil e pressionar a inflação. O Banco Central eleva ou reduz a Selic justamente para controlar a alta dos preços (veja mais abaixo).
Em comunicado, o Copom informou que, entre os fatores de risco para a inflação, está a justamente a “continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes”.
“Esse risco se intensificou desde o último Copom”, diz o texto. Ainda de acordo com o comitê, “o cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade”.
A turbulência é resultado das expectativas do mercado quanto ao desempenho da economia americana e a um possível aumento dos juros pelo Banco Central daquele país, o Fed. Como reflexo, os investidores estrangeiros preferem minimizar seus riscos adiando ou deixando de investir em países emergentes, como o Brasil.
“A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes”, diz a nota do BC.
Copom indica manutenção dos juros
No documento, o comitê informou que, nas próximas reuniões, a taxa deve ser mantida no mesmo patamar de 6,5%.
Fonte: G1