Tudo bem! É interessante viajar para vermos o estágio atual de técnica em outros cenários, como também o é interagir diretamente com startups, fintechs e assemelhadas. Esses movimentos nos emprestam um ar de modernidade e nos dão a ideia de que estamos antenados com as mudanças. Entretanto, vejo ser prudente delegar a quase totalidade dessas funções à uma diretoria específica, para que, assim, nos retroalimentemos das tendências e novidades que podem nos ajudar ou afetar, como e quando isso poderá ocorrer. Vamos analisar o contexto para melhor compreensão dessa “disruptiva” proposta!
Imaginemos que somos um Diretor ‘x” ou um Conselheiro “y”, e que, certamente quem nos elegeu/contratou irá validar nossa eficácia diária diante do desafio originalmente acordado, sendo que esses desafios, por si só, são enormes e requerem uma intensa dedicação. Mas, se junto a esse desafio incluirmos estudos e longas e recorrentes viagens, sempre com o intuito de nos mantermos totalmente alinhados à tecnologia, certamente a premissa que nos levou à contratação não será feita a contento, mesmo que, por algum tempo, ainda apresentemos elevação dos resultados, já que resultado não é atestado de eficácia comercial, como já visto em vários artigos. É importante aqui frisar que é quase impossível entender completamente esse cenário dito disruptivo, mesmo para um profissional focado na tecnologia financeira e 100% plugados no mundo digital.
Diante disso, podemos, sem perceber, estar dando atenção exagerada às intrigantes e encantadoras novidades tecnológicas, em detrimento da condução eficaz de temas complexos para os quais fomos contratados para gerir, e que exigem um enorme e dinâmico apendizado como: queda da Selic; concorrência; fusões/incorporações; perda de aderência da base; carência ou ineficácia de funding; validar o nível de confiança da sociedade na instituição; concentrações; custos; elevação de provisão etc.
Portanto, apesar de ser prazeroso e interessante estar frente a frente com as inovações ditas disruptivas, devemos ter ciência de que o tempo que dispendemos para compreendê-las, incluindo nossos naturais deslocamentos e seus custos, não nos permite ficar “doutores” nesses temas, e muito menos irá permitir que sejamos eficazes diante dos desafios para os quais fomos contratados. Portanto, diante disso, sugerimos que sua Singular adote a figura do Diretor de Inovações.
O Diretor de Inovação pode ser, inclusive, um cargo gerencial e estar lotado na Central ou em um grupo de Singulares com elevada afinidade. Ele, nada mais é do que um profissional conhecedor do nosso modelo de negócio, mas com enorme facilidade em entender e prever como cada uma das centenas de novidades tecnológicas que aparecem todo dia pode vir a somar ao nosso negócio e, principalmente, quando é que estarão maturadas para que sua implementação seja segura e de baixo custo. Isso, pois, desconhecemos sócios que irão nos deixar porque levamos meses para implementar uma novidade dita disruptiva. Claro que o papel do “Diretor de Inovação” é também nos apresentar onde estamos vulneráveis frente a novas tecnologias e como devemos mitigar esse risco, sem perder a essência que ainda nos move até hoje, a qual já tem uma boa dose de tecnologia embarcada. Pode, ainda, indicar onde podemos estar fomentando startups/fintechs para que tenhamos um mínimo de ações proativas nesse segmento, mas sem que isso nos faça desviar dos desafios para os quais fomos contratados/eleitos.
Reflexões finais: Esse breve artigo é um pensamento que não explicitei no recente artigo de muita repercussão: “Fintechs – Disruptivas ou inovações já saturadas?”. Esse tema veio-me à mente quando apresentei esse meu desconforto criando um slide em um de nossos recentes eventos nacionais. Denominei o slide de “Obsoletos em Tempo Real. Urgente uma Diretoria e Inovações.”.
Esclareci à plateia que esse profissional deve mensalmente se reunir por no máximo duas horas com os tradicionais Diretores e Conselheiros, resumindo o que viu, aprendeu e como imagina algumas dessas inovações irão nos afetar. Além disso, o Diretor de Inovação deve ponderar sobre a quem cabe a responsabilidade pelas eventuais ações para mitigar o risco ou potencializar oportunidades. E se há esse responsável na instituição ou em uma estrutura superior caso esteja filiada a outros níveis hierárquicos.
Por fim, nossos líderes e profissionais não lotados na Diretoria de Inovação devem ter enorme afinidade na era digital, para que sejam adaptativos e ágeis ao conectar com cada um de seus sócios no grau de aderência tecnológica que esses determinarem.
Concordar é secundário. Refletir é urgente.
Ricardo Coelho – Consultoria e Treinamento Comercial para o Cooperativismo de Crédito
www.ricardocoelhoconsult.com.br – 41-3569-0466 – Postado em 05/11/2019