Semeadas no passado, as raízes do cooperativismo cresceram, se solidificaram e mostram seu vigor na sociedade contemporânea. A pandemia do novo coronavírus só confirma que não há outra saída para a humanidade que não seja um mundo solidário, mais justo e equilibrado socialmente, e que tenha como base de sustentação a cooperação e a mutualidade. Só assim poderemos superar tristes episódios da história da civilização, a exemplo do atual enfrentamento à Covid-19.
A retração econômica vivenciada em todos os continentes já exige, mesmo ainda sob a necessidade do isolamento social, um repensar imediato sobre a preservação da renda de indivíduos, dos valores sociais, dos negócios nas empresas e organizações. Um “novo normal” se configura para o futuro e as cooperativas querem se apresentar como grandes aliadas nesse caminho.
Inúmeros exemplos já seguem em curso. As filiadas da Confebras têm estado na linha de frente para minimizar as dificuldades geradas pela pandemia. Além de ações no campo da responsabilidade social, como doações de cestas básicas e materiais de limpeza às comunidades onde atuam, aquisição de equipamentos e insumos para entrega e minimização das carências do sistema de saúde pública, nossas filiadas abriram espaço para a renegociação de operações e parcelamentos das dívidas e criaram linhas especiais de financiamento para seus cooperados pessoas físicas e jurídicas.
A saúde física e financeira de cada associado é uma das maiores preocupações do Cooperativismo de Crédito. Um dos exemplos dignos de nota é a iniciativa do Sicoob Seguradora, que decidiu dar cobertura ao risco de morte causada pela Covid-19, embora as pandemias estejam excluídas dos contratos atuais.
A crise também comprovou que milhões de brasileiros necessitam de inclusão bancária. Recentemente, o próprio Governo Federal atestou esse fato ao contemplar, por meio de nova conta poupança digital, mais de 40,5 milhões de pessoas com o repasse do Auxílio Emergencial para informais e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Esta realidade comprovou estudos que calculavam que um em cada três brasileiros não dispunha, até dias atrás, de qualquer conta bancária ou não tinha acessado serviços financeiros há mais de seis meses.
Estudo do Instituto Locomotiva, divulgado em 2019, já apontava a existência de cerca de 45 milhões de desbancarizados no País, grupo que movimenta anualmente mais de R$ 800 bilhões. Outro dado importante é que metade desses desbancarizados têm entre 16 a 34 anos, faixa etária naturalmente ativa, onde se encontram muitos trabalhadores e empreendedores informais. Pesquisas recentes ainda confirmam que o brasileiro médio não dispõe de renda no curtíssimo prazo, para casos imprevistos. Tudo isso mostra o grande desafio que as cooperativas de crédito, como exemplo de inserção e solidariedade financeira, têm para otimizar suas estratégias de atuação em todo o território brasileiro, especialmente face ao ineditismo do momento.
Educação financeira e economia solidária são bandeiras do Cooperativismo de Crédito desde sempre. Temos também como nossos princípios o interesse pela comunidade e o desenvolvimento sustentável. Esses valores, a união que faz a força da coletividade, o portfólio completo de negócios e serviços, a excelência no atendimento e a alta capilaridade da rede – mais de 6 mil postos de atendimento em todo o País – nos dão credencial para continuar sendo, junto aos nossos cooperados e brasileiros em geral, o porto seguro financeiro que almejam e merecem.
Queremos seguir apoiando os pequenos negócios, o sonho de prosperidade dos associados e o desenvolvimento dos municípios neste momento crucial. Acreditamos que o Cooperativismo deva semear sempre a esperança e a certeza de um futuro melhor.
Esperamos que em breve, amenizados os impactos da pandemia global sobre as pessoas e nações, com grandes lições e aprendizados para governos, empresários, autoridades jurídicas, financistas e pessoas comuns, o Cooperativismo de Crédito se consolide como fonte de inclusão e justiça social. Que se diferencie no mercado pela ênfase na humanização dos serviços financeiros – sem abrir mão da tecnologia de ponta -, e no legítimo interesse em diminuir a desigualdade econômica e social dos brasileiros, além de fomentar a inovação e as melhores práticas de governança e valorização da razão de sua existência: o associado.
Kedson Macedo é Presidente da Confebras e Diretor Executivo na Cooperforte
Fonte: mundocoop.com.br
Embora vejo as cooperativas fazendo um bom trabalho, tenho a impressão que o Banco Central não as fiscalizam, principalmente em relação a remuneração da diretoria que ficam com todo lucro obtido em seus balanços. Tenho notado que muitas diretorias não criaram cooperativas para os cooperados, mas sim, para ficarem mais ricos, pois não cumprem o estatuto para repartir os lucros e criam inumeros meios de o dinheiro ficar só com a diretoria. Aqui na nossa região é assim.
Infelizmente muitas de nossas Cooperativas ainda não apreenderam a focar nos cooperados ditos “desbancarizados” (pesquisa do Bacen). Então sim, temos que focar neste público para cumprir o nosso papel enquanto Cooperativas.