É inteligente compartilhar, por João Satt

Em 2012, Peter Diamandis, fundador e CEO da Singularity, publicou “Abundância: o futuro é melhor do que você pensa”. Um livro revolucionário, provocativo e impactante. Passados 10 anos, encontramos a abundância através das diferentes alternativas de compartilhamento, que, por sua vez, são baseadas em um novo pensamento: o da economia compartilhada. Uber, Ifood, Airbnb, Amaro, Magalu, Cassol, Paquetá, aplicativos e sites nos proporcionam uma vida mais prática, econômica, na última linha; passamos a ter mais tempo para aproveitar a vida.

A colaboração está na essência da economia compartilhada. Não precisamos mais ir ao supermercado: alguns clicks e pronto. O mesmo vale nas compras de uma infinidade de produtos.  Finalmente, produtos-desejo, como carros conversíveis, aviões a jato e iates ficaram acessíveis, através do compartilhamento. A pergunta passa a ser: quem são os donos? Adentramos na nova era do “eu também sou membro”, “eu também sou dono”, “eu também pertenço a essa comunidade”. Acumular deixou de ser prioridade. Estamos aprendendo que compartilhar é bom, econômico, sustentável. Muito mais do que ter, está valendo viver uma experiência memorável.

Ter um imóvel de alto luxo, compartilhado, em um Residence Club é charmoso e vantajoso. Novos códigos culturais, somados ao desapego, oportunizam acesso a infinitas possibilidades.

O que me impressiona é que cooperativas de crédito, há mais de um século, praticam com enorme sucesso o compartilhamento entre seus associados. Quem coopera cresce, uma verdade comprovada ao longo do tempo. Nas cooperativas não existem clientes, e sim donos do negócio. O que é fartamente praticado em pequenas comunidades, em cidades do interior do país, recém começa a ser reconhecido como valor nos médios e grandes centros urbanos. Pertencer, participar, poder fazer uso do voto, é muito moderno para decidir sobre o futuro de uma instituição na qual você pode ser mais do que cliente.

Também é verdade que o segredo dos bons clubes sociais e esportivos terem sobrevivido, ao longo do tempo, deve-se à colaboração e doação dos seus sócios. Ser membro, pertencer a um grupo que colabora entre si para preservar o que é de todos, faz com que, apesar das crises, se mantenham vivos e fortes. Além da sua casa, e de outras poucas exceções, todo o resto você utiliza no limite de 30% do tempo, mas paga 100% da conta. Quantas horas, ou dias por ano, você utiliza sua casa de praia, serra, automóvel, moto, batedeira?

O custo da ociosidade é muito maior do que os impostos. Compartilhar é o melhor que você pode fazer com seu dinheiro. A diferença não está no que você faz, e sim nas escolhas inteligentes que proporcionam você fazer o que faz. Compartilhar é, sem dúvidas, um ato inteligente.


Por João Satt, publicitário, estrategista, CEO do G5

Publicado no Jornal do Comércio do RS em 17/06/2021

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