O modelo é precursor de conceitos como economia colaborativa e cashback e contribui para um mundo socialmente mais justo.
Longevo e sustentável, o cooperativismo é um modelo societário que pode operar qualquer tipo de negócio nos diversos segmentos econômicos. As cooperativas atraem os holofotes pela geração de emprego e renda, para a concepção consistente de resultados. Tem chamado a atenção dos jovens ao redor do mundo por seu modelo de gestão e governança, próprios desse segmento.
Segundo a International Cooperative Alliance (Coop), as 300 maiores cooperativas do mundo movimentaram US$ 2,18 trilhões em 2019 e geraram 280 milhões de empregos ao redor do planeta. Ainda de acordo com a instituição, 12% da população mundial faz parte de uma das três milhões de cooperativas existentes.
Bastante presente em regiões com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como alguns países da Europa e América do Norte, que concentram mais de 254 organizações entre as maiores cooperativas do mundo por volume de negócios, o modelo contribui significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB) de cada comunidade e tem se renovado com o ingresso de jovens, que enxergam grandes oportunidades para sua inserção no mercado de trabalho.
Muitas pessoas com idade até 35 anos, principalmente aquelas que vivem em países em desenvolvimento, são atraídas pelas questões democráticas, de formação e educação, de intercooperação e, também, pelo desenvolvimento sustentável das comunidades, conceitos diretamente ligados ao cooperativismo.
As cooperativas são sociedades de pessoas, com modelo de controle distinto da sociedade de capital. Não há concentração de riquezas. Trata-se de um sistema que distribui as sobras – o “lucro” – de maneira proporcional às operações realizadas pelo cooperado. Há, ainda, outro diferencial: a participação econômica de todos os associados ao capital, que é valorizado durante sua permanência na sociedade, é resgatada no fim do ciclo de relacionamento com a cooperativa.
O modelo é precursor de conceitos bastante populares hoje em dia, como economia colaborativa e cashback. Nas Américas, se destacam cooperativas de saúde, agropecuária, crédito, construção, vestuário e tecnologia, fundadas e geridas por pessoas com menos de 35 anos.
Soluções digitais também contribuem para aproximar ainda mais os jovens ao movimento. O cooperativismo de plataforma tem reunido pessoas ao redor do mundo para se manter no mercado, conquistar clientes, driblar crises econômicas e ter um rendimento digno. A modalidade é ainda uma maneira de conferir mais transparência, igualdade de participação e remuneração nos negócios.
Bons exemplos de cooperativismo de plataforma são Smart.coop, que gera projetos criativos e culturais, e a Coopcycle, cooperativa de delivery, ambas com ampla atuação na Europa e com um significativo público jovem, interna e externamente.
Ao completar 178 anos de existência em 2022, o cooperativismo mostra-se ainda mais resiliente em períodos de crise por ser imune a flutuações econômicas sofridas por empresas listadas em bolsa, por exemplo, seguindo seu ritmo financeiro com a maior independência possível. Em cenários de dificuldade econômica, destaca-se também como importante pilar para manutenção da saúde econômica das comunidades e países onde atua.
Fundado sobre os pilares da gestão transparente, da preocupação com o meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico de seus colaboradores e entorno, o cooperativismo é um movimento global e que contribui para um mundo socialmente mais justo, proporcionando novas oportunidades a seus cooperados e apoiando o crescimento de suas comunidades. É também um sistema precursor e moderno: antes mesmo do termo ESG existir, os valores ambientais, sociais e de governança já eram observados em sua essência.
Helton Freitas é médico e presidente da Seguros Unimed
Fonte: exame.com