A visão de futuro e a liderança dos gestores são as bases de todas as cooperativas, com Mário José Konzen

Não existe segredo e nem uma receita especial para as cooperativas que desejam vida longa e sucesso em suas trajetórias seguirem. Entusiastas do setor são unânimes em explicar que elas devem estar coesas com os seus princípios, conectadas aos desejos de seus cooperados e associados e antenada com as novidades que surgem no mercado e na sociedade.

A MundoCoop conversou com Mário José Konzen, de 75 anos, sobre os desafios das cooperativas em se manterem vivas e com sucesso. Mário tem uma trajetória intimamente ligada às cooperativas. Ele é contador, tem pós-graduação com especialização em cooperativismo, e foi conselheiro de administração da Sicredi Pioneira do Rio Grande do Sul desde 2008, além de atuar como vice-Presidente da cooperativa e instituição financeira privada mais antiga em atividade no país.

A cooperativa é um negócio como qualquer outro?

Como negócio é, mas como propósito, não. Pois, embora o objetivo principal inicialmente seja realizar operações negociais que facilitem e favorecem quem participa da Cooperativa, paralelamente acontecem favorecimentos e geração de benefícios para desenvolvimento local e regional. As cooperativas financeiras, com atuação local, por não exportarem para as regiões ou até os países distantes o produto que mais favorece o desenvolvimento, quando circula próximo que é o imprescindível dinheiro. Inclusive foi este o discurso do iniciador do Cooperativismo Financeiro no Brasil, Padre Theodor Amstad, que com sua ideia esplendorosa conseguiu em 1902 iniciar este movimento, e que mudou para melhor a vida de muitas pessoas e consequentemente gerou desenvolvimento de inúmeras regiões.

Por que algumas cooperativas se tornam centenárias e outras não?

Todas as Cooperativas têm no seu cerne a longevidade, e ela só não acontece por fatores de interferência inapropriada do ser humano. Tudo e todos dependem de pessoas e estas podem contribuir para desenvolver uma organização, uma comunidade, um Estado, um País e até o mundo. O contrário também é verdadeiro. O insucesso sempre envolve o ser humano, ou por incompetência, seja falta de conhecimentos, iniciativas, individualismo ou pensar mais no próprio umbigo, do que na organização sob sua responsabilidade.

Por que muitas cooperativas morrem?

Não diria que são muitas. A proporção entre Cooperativas e inciativas particulares, principalmente pequenas e médias empesas ainda são mais fracassadas. Por experiência própria, como contador, vi muitas não alcançares mais de 5 anos de funcionamento, sempre pelo mesmo motivo, incompetência de gestão.

Quais são as maiores dificuldades para a sobrevivência de uma cooperativa?

A questão é a equação adequada entre o econômico e social. Para isso não pode haver vacilo na questão econômica. De outro lado, como a Cooperativa, normalmente, tem muitos donos e interesses diferentes, os gestores precisam encontrar o equilíbrio entre o propósito, que é atender da melhor forma o associado, dono e usuário e fazer intervenções nas localidades onde atua, proporcionando benefícios que favorecem a população por inteira. Dizendo de outra forma, é preciso cumprir os 7 Princípios do Cooperativismo, que são perfeitos quando interpretados e praticados corretamente.

Em termos de inovações, quais são os maiores desafios para as cooperativas?

Os desafios não são diferentes do que em qualquer organização, exceto, talvez, por envolver um maior número de pessoas para algumas decisões. O mais importante é que a gestão consiga ter visão de futuro, de imprescindibilidade e proporcionalidade entre investimento, benefício e resultado econômico.

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Por Priscila Gorzoni – Redação MundoCoop

Fonte: MundoCoop

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