Cooperativas de crédito destacam momento de virada em 2024

Quantos avanços são possíveis em um ano? Para as cooperativas de crédito, 2023 representou um importante marco: foi o momento em que o setor alavancou seus resultados e reforçou seu impacto no desenvolvimento socioeconômico do país.

Expandindo sua atuação, as cooperativas firmaram importantes parcerias estratégias, e agora, encaram a intercooperação e a inovação aberta como elementos chave para a construção do próximo passo.

Entre os principais destaques, o sistema cooperativo protagonizou agendas de extrema importância, com a digitalização do sistema financeiro e o aprimoramento de ferramentas já bem estabelecidas, como o Pix e o Open Finance. Juntas, as cooperativas participaram dos processos de criação e desenvolvimento do Drex, e através do consórcio SFCoop, conquistaram uma posição que as coloca no centro do novo passo do Banco Central rumo à criação da moeda digital brasileira.

Hoje, são mais de 15,5 milhões de cooperados, segundo dados do AnuárioCoop – Dados do Cooperativismo Brasileiro, divulgado pelo Sistema OCB. Isso, em 728 cooperativas que geram mais de 99 mil empregos diretos. Com tamanha representatividade, o setor ganhou ainda mais voz também nas tomadas de decisão do país e, em 2023, o Ato Cooperativo foi mais uma vitória do movimento, que terá suas demandas ouvidas na criação da nova Reforma Tributária.

Ainda, no cenário internacional o diálogo com outros países resultou na consolidação de novas parcerias, aumentando não só a força do cooperativismo financeiro no mundo todo, mas também cravando o cooperativismo brasileiro no mapa.

Diante de tantas conquistas, o final do ano traz um momento de reflexão, de reconhecer vitórias e identificar pontos a serem melhorados. Afinal, o que pode ser feito em 2024 para elevar ainda mais o poder de impacto das cooperativas de crédito? De fato, quais serão os próximos passos a serem seguidos?

Para celebrar um período de grandes avanços e tentar desvendar o que vem a seguir, a MundoCoop convidou os representantes dos principais sistemas de crédito cooperativo para responderem a seguinte pergunta: Qual foi o maior pilar de impacto do cooperativismo de crédito em 2023 e quais as perspectivas para o próximo ano?

A seguir, você confere não apenas um panorama sobre o que foi atingido, mas também, os próximos passos traçados para as cooperativas, cooperados e colaboradores.

Entre tantos pontos a serem discutidos, um é consenso: a cooperação e a parceria serão a base para um momento de virada, necessário para que as cooperativas de crédito iniciem um novo ciclo com máxima pujança.

Dr. Alvaro Jabur – Presidente da Sisprime do Brasil

“O cooperativismo de crédito é destaque e cresce acima da média do sistema financeiro por oferecer um atendimento diferenciado e proporcionar retorno a sociedade, gerando desenvolvimento nas regiões onde atua.

A Sisprime apresentou um crescimento consistente em 2023: atingimos 7,5 bilhões em recursos administrados e superamos R$ 1 bilhão em patrimônio líquido, chegando aos 47 mil cooperados.

Iremos superar o recorde de sobras do último ano, quando distribuímos R$ 205 milhões aos cooperados, resultado que nos colocou como a terceira que mais entrega sobras por cooperado no país.

Para 2024, expandiremos nossa oferta de produtos para o agronegócio pois vemos enorme potencial no setor e continuaremos com o foco em oferecer facilidades para as empresas e profissionais liberais, em especial na área da saúde.”

Fernando Dall’Agnese – presidente do Conselho de Administração do Sicredi (SicrediPar)

“O impacto positivo do cooperativismo de crédito é inerente ao seu modelo que busca beneficiar socioeconomicamente as comunidades em que está inserido de forma alinhada à preservação ambiental. Trabalhamos de forma integrada às comunidades, promovendo o crédito, mas também acesso à educação financeira e promoção de iniciativas sociais. Sob essa ótica, o grande pilar de impacto do segmento tem sido a sua maior aceitação na sociedade brasileira. De acordo com a mais recente edição do Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo divulgado pelo Banco Central, o número de associados aumentou 14,5%, chegando a 15,6 milhões de adeptos no País, com destaque para a evolução junto às pessoas jurídicas, especialmente de pequeno porte.

Como forma de garantir que os benefícios do modelo sigam apoiando as pessoas, cabe saudar o adequado tratamento ao ato cooperativo na reforma tributária tramitada por parte do legislativo, conquista que contou com um trabalho fundamental da Frente Parlamentar do Cooperativismo, Frencoop. Em 2024, seguiremos buscando estar próximos dos nossos associados, seja por meio físico ou digital, apoiando suas atividades e promovendo o desenvolvimento de suas comunidades.”

Vladimir Andrade Duarte, diretor-executivo da Unicred

“Em 2023, o crédito cooperativo foi um dos pilares da retomada econômica do Brasil. Isso resultou em excelentes resultados financeiros e operacionais para a Unicred. A cooperativa superou a marca de 300 mil associados, 358 agências, 3.573 colaboradores e 27 cooperativas filiadas. Até outubro, o nosso patrimônio administrado cresceu 15,7%, chegando a R$27,1 bilhões. A nossa carteira de crédito alcançou R$14,8 bilhões, com uma liquidez geral de R$10,3 bilhões, representando aumentos de 11,4% e 14,47%, respectivamente. Oferecemos cerca de R$8,5 bilhões em créditos aos nossos associados, demonstrando a solidez da nossa marca no mercado, reforçando o nosso compromisso de promover a inclusão financeira, como uma opção vantajosa e sustentável aos bancos tradicionais. Também participamos ativamente de inovações financeiras como o Open Finance e o Drex, o real digital, junto com outras cooperativas do SFCoop”.

Cledir Magri, presidente da Cresol Confederação

“Um primeiro elemento a ser destacado é o crescimento dos nossos indicadores. O Sistema Cresol e o cooperativismo como um todo têm experimentado um crescimento muito acima da média do setor financeiro (44% Cresol; 22,4% cooperativas de crédito; 14% SNF). Outro pilar, que dialoga diretamente com o primeiro, é a ampliação e o fortalecimento dos programas que estabelecemos com o quadro social em diferentes iniciativas, como educação financeira, educação cooperativista, empreendedorismo, e com diferente públicos.

Para 2024, planejamos levar nossas agências para mais dois estados e alcançar 1 milhão de cooperados. Isso tem um impacto bastante direto na ampliação do volume de negócios, fazendo com que o cooperativismo possa estar cada vez mais presente no dia a dia e na vida das pessoas.

E outro ponto muito importante está ligado às transformações que acontecem na indústria financeira com relação à tecnologia. O futuro do cooperativismo estará nessa capacidade de conjugarmos o elemento máquina com gente. Nós temos essa grande demanda de garantir que, ao mesmo tempo, os nossos cooperados possam ter uma excelente experiência nas nossas plataformas de autoatendimento, na jornada digital, mas possam ter a escolha de serem atendidos numa agência, pelos nossos profissionais. Esse tema já ocupava um papel de destaque antes da pandemia e agora se evidencia ainda mais. Se nós tivermos capacidade e sabedoria de equilibrar bem essa jornada do digital com o humano, seguramente, seguiremos experimentando um crescimento muito acima da média da estrutura do sistema financeiro tradicional”.

Por Fernanda Ricardi e Leonardo César – Redação MundoCoop

Fonte: mundocoop.com.br

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