Após um período de 19 meses em que a Taxa Selic passou por um período de baixa ou estabilidade, o COPOM (Comitê de Política Monetária) anunciou nesta quarta-feira, 28/04/10, o aumento da taxa em 0,75%, alcançando 9,50%aa.
A última subida da Taxa Selic havia ocorrido em setembro de 2008, poucos dias antes do anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers, que deu início à fase mais aguda da crise financeira internacional – que espalhou a recessão pelo planeta. Desde então, os juros haviam ficado estáveis, ou recuado para tentar conter os efeitos da crise no crescimento do país.
A expectativa do mercado financeiro é de que esse seja apenas o início de um ciclo de subida nos juros básicos do país. A previsão dos economistas é de que a taxa continue avançando nos próximos meses, e que atinja o patamar de 11,75% ao ano ao final de 2010.
O objetivo do BC ao subir os juros é conter pressões inflacionárias e buscar com que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que serve de referência para o sistema de metas de inflação, não suba muito. Para este ano, e para 2010, a meta central é de 4,5%. Ao subir os juros, o BC atua para conter a demanda por produtos e serviços e, com isso, para tentar impedir o crescimento dos preços.
Ao fim do encontro desta quarta-feira, o BC divulgou a seguinte frase: “Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia, para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9,50% a.a., sem viés“.
“Esse aumento de juros, e os outros que devem vir em seguida neste ano, pode gerar uma entrada maior de capitais e o câmbio pode se apreciar [dólar caindo] um pouco. Mas deve ter alguma volatilidade [para cima] nas eleições, por conta de declarações que podem gerar incertezas, o que deve contrabalançar um pouco esse movimento”, avaliou o economista da Tendências, Bernardo Wjumiski.
Impacto na dívida pública
Um reflexo da subida de juros é o seu impacto nas contas públicas. Atualmente, o volume de títulos públicos em mercado corrigidos pela taxa básica de juros está em R$ 500 bilhões. Se sobe a taxa básica de juros, o governo também tem de pagar uma remuneração maior aos detentores destes papéis.
Se mantido pelos próximos 12 meses, esse aumento de 0,75 ponto percentual nos juros, para 9,25% ao ano, vai gerar um gasto a mais de R$ 3,75 bilhões para o governo. E se for confirmada a expectativa do mercado financeiro de elevação de 3 pontos percentuais nos juros até o fim deste ano, para 11,75% ao ano, o impacto total do ciclo de aumento, nas contas públicas, será maior ainda: de R$ 15 bilhões em doze meses.
Fonte: G1