Modalidades de pessoa física no Brasil, excluindo empréstimo imobiliário, atingem 15% do PIB, contra 17,2% nos Estados Unidos
Embalado pela queda dos juros e pelo aumento da renda, o crédito pessoal para o consumo disparou no Brasil desde 2002, passando de 5,1% do PIB para 15% do PIB em 2009, ou R$ 487,5 bilhões. Com essa alta, esse segmento dos empréstimos, que exclui o crédito imobiliário, já atinge nível próximo ao dos Estados Unidos, maior sociedade de consumo do planeta. Em 2009, o crédito para consumo pessoal nos EUA foi de 17,2% do PIB.
“O Brasil descobriu o crédito ao consumo nos últimos anos”, diz Sérgio Vale, economista da MB Associados, que fez aquela comparação baseado em dados do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve, BC americano.
Segundo ele, no caso dos dados americanos, o peso do cartão de crédito é maior, já que essa modalidade é a principal do crédito pessoal no país. No Brasil, o financiamento para automóveis, o crédito direto ao consumidor, o consignado, o cheque especial, o cartão de crédito e o crédito pessoal são linhas do crédito à pessoa física, voltado basicamente à extensão da capacidade de consumo das famílias.
De acordo com recente relatório da consultoria LCA, o crédito à pessoa física foi o segmento que mais cresceu no boom do crédito total no Brasil, que subiu de 24,6% do PIB em 2003 para o recorde de 45% em 2009. O trabalho mostra que o crédito à pessoa física com recursos livres (que é basicamente de consumo) teve crescimento real de 249% do fim de 2003 ao fim de 2009. Isso se compara com a expansão, no período, de 135% do crédito com recursos livres para empresas, e de 112% do crédito com recursos direcionados.
Os especialistas apontam, como razão para a forte expansão do crédito para consumo, a combinação entre queda de juros e alongamento de prazos, aumento de renda e a chamada “bancarização” – a ampliação do número de brasileiros com contas bancárias. De acordo com o trabalho da LCA, para um crescimento da população brasileira de 7% de 2004 a 2009, houve ampliação de mais de 200% no número de contas correntes e contas de poupança simplificadas.
MIGRAÇÃO: O aumento da renda, por sua vez, fica claro na migração de brasileiros entre as classe econômicas. Entre 2005 e 2009, as classes D e E caíram de 93 milhões para 67 milhões de pessoas, enquanto a classe C cresceu de 63 milhões para 93 milhões, e as classes A e B saíram de 26,5 milhões para 30,2 milhões.
O trabalho da LCA, aponta que o comprometimento da renda dos brasileiros com o serviço das dívidas cresceu de 5% em 2001 para cerca de 18% em 2009, mais do que o mesmo indicador nos Estados Unidos, de pouco mais de 15%.
Fonte: Estadão