Com o crédito em expansão (só para a pessoa física o crescimento foi de 4,4% no trimestre), as famílias já comprometem 22% do seu rendimento com o pagamento de prestações. De acordo o Banco Central, o volume de dinheiro à disposição dos consumidores atingiu R$ 664,07 bilhões em março. A despeito do vulto, a previsão do BC é de que a situação ainda está longe de ter atingido o limite. A expectativa é de que o volume de crédito aumente 20% no ano, atingindo, ao fim de 2010, o percentual de 49% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Nesse cenário, a dívida dos brasileiros deverá corresponder a quase 25% das riquezas produzidas no país em um ano.
O professor e economista José Márcio Camargo, da PUC/RJ, não vê nenhum problema no atual nível de endividamento das famílias brasileiras. “No passado, não tínhamos crédito”, lembrou. Segundo ele, o percentual de 22% é razoável e está dentro dos padrões internacionais. “O nível de emprego está aumentando, o salário real também e é isso que tem levado a uma demanda maior por crédito”, destacou. Segundo os dados do BC, o índice de inadimplência para as pessoas físicas, de 7%, é o menor dos últimos dois anos. Já o prazo médio de financiamento, de 526 dias, é o mais elevado da série histórica, que teve início em julho de 1994. Prazos mais longos acomodam melhor a dívida ao orçamento doméstico, mesmo que isso signifique o prolongamento dos débitos.
Na visão de Camargo, o volume de dívidas em atraso é um bom indicativo da saúde do crédito. “Se o nível de inadimplência é baixo é porque o sistema de avaliação de risco dos bancos está funcionando.” Analistas da Link Investimentos avaliam que, com a melhora das condições econômicas, a inadimplência deve permanecer em queda. Diante do cenário atual, eles acreditam que as operações de crédito devem avançar entre 20% e 22%, com a relação dívida/PIB chegando a 50% no fim do ano. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o perfil do consumidor está adequado. “O crédito vem crescendo de maneira sustentável e nas modalidades que cobram os juros mais baixos do mercado”, disse. Entres, listou Altamir, estão os financiamentos de veículos e da casa própria, além do crédito consignado.
Para calcular a relação renda/dívida das famílias, o banco usa o conceito de massa salarial ampliada, que não se restringe aos dados da renda. Entra no cálculo, além do rendimento assalariado, aposentadorias e pensões e benefícios sociais, como a Bolsa Família.
Distribuição dos débittos – (Em R$ bilhões):
- Empréstimo pessoal – R$ 170,068
- Crédito consignado – R$ 114,824
- Financiamento de veículos – R$ 101,944
- Casa própria – R$ 100,757
- Leasing – R$ 61,166
- Cartão de crédito – R$ 26,975
- Cheque especial – R$ 17,595
Fonte: Correio Braziliense