Qual a vantagem de investir por meio do sistema cooperativista? Estas e outras questões relacionadas ao dia a dia dessas instituições financeiras são respondidas na recente publicação da editora Confrebras.
No livro Cooperativas de Crédito: Gestão Eficaz, (link) os autores João Batista Loredo Souza, administrador especialista em TI e em Supervisão de Cooperativa de Crédito, Ênio Meimen, advogado especialista em Direito Cooperativo, tratam de aspectos como as novidades trazidas pela Lei Complementar 130/09, a influência da tecnologia da informação e aglutinação entre cooperativas.
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Jornal do Comércio Contabilidade – Que conceitos e práticas garantem a gestão eficaz de uma cooperativa de crédito?
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João Batista Loredo de Souza – Em primeiro lugar, os aspectos de boa governança precisam ser observados com muito zelo. Um bom planejamento estratégico é fundamental, uma política de treinamento efetivo, visando à formação dos órgãos estatutários, a alta e média direção e também o corpo funcional são fundamentais. A formação dos associados é desejável para que as assembléias tenham participação significativa, e contribui para perenidade da cooperativa. Boas práticas de crédito são imprescindíveis, bem como a tesouraria. Enfim, trata-se de uma gama de fatores que contribuem para o sucesso de um empreendimento dessa natureza.
Contabilidade – Quais os diferenciais do cooperativismo de crédito?
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Souza – São inúmeros os diferenciais competitivos do cooperativismo de crédito em relação ao sistema financeiro bancário. O cliente também é “dono” do negócio. Enquanto nos bancos, o lucro fica com o banqueiro, na cooperativa as sobras são devolvidas aos associados, o que por si só já é uma vantagem expressiva. Normalmente, as cooperativas apresentam uma cesta de tarifas bem menor do que a cobrada pelos bancos. Sem contar o fato de que o associado, necessitando, tem acesso ao corpo diretivo, ao presidente da cooperativa, o que seria impensável em instituições de outra natureza.
Contabilidade – O que a Lei Complementar 130 trouxe de novo para o setor?
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Souza – A Lei Complementar 130 representa um avanço significativo no marco regulatório do cooperativismo de crédito. Nela foram introduzidos importantes avanços sobre o aspecto societário, como a possibilidade das cooperativas centrais convocarem assembléias de suas filiadas, a implantação compartilhada em situações de dificuldade das singulares, adequação do mandato do conselho fiscal, antiga reivindicação do segmento. Permitiu o acesso direto das cooperativas aos recursos oficiais para o financiamento das atividades de seus associados, permitiu a contratação de dirigentes do mercado, e não somente do seu quadro social, o que contribui para profissionalização da gestão e para uma boa governança. A possibilidade de pagamento do rateio das perdas com sobras dos exercícios futuros, para as cooperativas enquadradas nos limites regulamentares, é de suma importância.
Contabilidade – Como chamar mais capital para uma cooperativa?
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Souza – Isso é uma preocupação constante, pois é a partir do tamanho de patrimônio de referência, que é a forma técnica como chamamos o capital, que se estabelecem limites operacionais, os montantes que se podem emprestar aos associados. No livro, apresentamos formas novas de se capitalizar, através da utilização de instrumentos Híbridos de Capital e Dívida, de Dívida Subordinada, mecanismos advindos com o Acordo de Basiléia, porém ainda pouco explorados no cooperativismo.
Contabilidade – Qual a importância da tecnologia da informação para cooperativas?
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Souza – Esse é o tema mais importante que abordamos no livro. O segmento cooperativista possui defasagem nessa área, quando comparado com o sistema bancário, e vem algum tempo dispensando enormes esforços no sentido de reduzir essa desvantagem. Criamos um conjunto de métricas que ajudam qualquer organização no processo de avaliação de ferramentas de TI.
Contabilidade – Qual a sua opinião sobre aglutinação entre cooperativas?
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Souza – Sou totalmente favorável ao processo de incorporação de cooperativas, pois vejo essa como uma das melhores maneiras de o setor se fortalecer, atingir níveis operacionais que atendam as necessidades do quadro social, que a cooperativa atinja o ponto de equilíbrio, a tão falada economia de escala. Em cenários macroeconômicos de baixas taxas de juros básicos como estamos vivendo nos dias de hoje, o spread que é a diferença entre o custo de captação e a taxa final cobrada dos tomadores de crédito, é muito menos. E esse spread é a fonte de recursos que a cooperativa tem para remunerar seu quadro funcional, seus dirigentes, enfim as despesas gerais da cooperativa. Quanto maior for o quadro social, maior estabilidade terá a cooperativa, maior a capacidade de geração de sobras e, finalmente, maior será a satisfação geral de seu quadro de associados.
Fonte: Jornal do Comércio
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