Pesquisa analisou as sete maiores cooperativas de crédito rural de São Paulo
As cooperativas de crédito podem ser grandes aliadas no desenvolvimento econômico e na busca por equidade social de um país. Entretanto, para que elas se consolidem e tragam resultados tanto econômicos como sociais, a gestão profissionalizada da organização é um diferencial, sobretudo em relação às estratégias de distribuição de resultados, as sobras, chamadas de lucros nas empresas. Essa foi a conclusão da pesquisa de mestrado Distribuição de resultados e desempenho de cooperativas de crédito: estudo comparativo no Estado de São Paulo, do engenheiro agrônomo Marcelo Barroso, apresentado em 09/09/2010 no I Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo (EBPC). O evento aconteceu em Brasília (DF), com mais de 100 especialistas na área.
De acordo com o estudo, as cooperativas de crédito estabelecem suas estratégias de distribuição de sobras considerando a necessidade de capital, além da necessidade de aproximação e de manutenção do relacionamento com os cooperados. Diferentemente das grandes cooperativas, as pequenas, tanto em total de ativos quanto em área de abrangência e tamanho do quadro social, tendem a não distribuir sobras ou a distribuir menos. As maiores, que detêm maior volume de capital para financiamento das operações, por outro lado, precisam estabelecer mecanismos para manter os cooperados próximos e atuantes na cooperativa.
Barroso comparou a distribuição de resultados e o desempenho de cooperativas de crédito no Estado de São Paulo para verificar se o padrão de distribuição de sobras poderia servir de mecanismo de “aprisionamento”, ou seja, de controle gerencial que se reflita em aproximação dos cooperados à sociedade cooperativa e que aumente a fidelidade deles às relações de cooperação, uma vez que eles são os donos do próprio negócio. “Isso é necessário, pois o cooperativismo só é vantajoso, só cria valor aos cooperantes, quando todos participam, atuam e cooperam entre si conforme determinadas regras”, lembra o autor da pesquisa.
Na visão do professor Sigismundo Bialoskorski Neto, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) e orientador da pesquisa, o resultado desse trabalho traz uma enorme contribuição para os gestores de cooperativas de crédito. “Ao redor de toda a discussão sobre sobras tem-se uma ferramenta muito rica de gestão da cooperativa, não só para financiamento de longo prazo, mas também para estreitamento do relacionamento com os cooperados, para incentivo à fidelidade deles à sociedade cooperativa. Essas discussões giram em torno de quanto vai ser retido em cada operação dos cooperados para compor as sobras e quanto vai ser economizado na administração da organização para aumentar as sobras, além do quanto das sobras vai ser devolvido aos cooperados ou como será a forma de rateio para essa devolução”, enfatiza o orientador. “A idéia é dar um tratamento bastante cuidadoso a essa decisão, considerando que reter sobras ou devolver sobras é mais do que decidir quanto ao financiamento em longo prazo da organização”, completa.
As sete maiores cooperativas de crédito rural do Estado de São Paulo estudadas foram: Cooperativas de crédito Rural Coopercitrus (Credicitrus), dos Plantadores de Cana de Sertãozinho (Cocred), Rural dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba (Coopecredi), Rural dos Fornecedores de Cana e Agropecuaristas da região de Piracicaba (Cocrefocapi), Rural Coonai (Credicoonai), Rural Cocapec (Credicocapec), Rural da Região de Orlândia (Credicarol). (Com informações da FEARP)
Fonte: OCB