Ultrapassando o bilateralismo, que dividiu o mundo em Estados Unidos e os países sob a órbita soviética, alguns imaginavam que a história nos condena-se ao pensamento único, ou seja, ao capitalismo liberal, com todas as suas nuanças a adaptações culturais.
Mas a história é por demais caprichosa, inimiga das verdades absolutas. O tempo passa e os cenários mudam. Um dos principais atores deste enredo, o cooperativismo, nunca saiu de cena. Ao contrário, trabalha silenciosamente, modificando realidades e abrindo novos horizontes.
Foi assim, por exemplo, que o Brasil se tornou uma potência do agribusiness, respeitada e temida por outros países. Procurem-se as razões do sucesso do campo brasileiro e se encontrará, sem dúvida, a forte estrutura de cooperativas agrícolas e de crédito.
O cooperativismo também estabeleceu uma rede sem par de atendimento à saúde, somente acompanhada, em magnitude, pelo Sistema Único de Saúde. É o maior e mais bem sucedido sistema de cooperativismo médico do mundo.
Os sonhos, portanto, se tornaram realidade, não? Em parte, sim, mas queremos muito mais, como é próprio de nossa espécie. Sabemos que é possível ir além, e que há necessidades longe de serem atendidas em nosso país.
Como dizia Fernando Pessoa, o genial poeta português, “tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Nós os temos, devido a consciência de que mal arranhamos a superfície dos desafios que este país-continente nos expõe diariamente.
As cooperativas respondem por 6,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Poderiam, contudo, ser ainda mais representativas no PIB. Há estrutura, valores, princípios e experiências de sucesso para sustentar tais projeções.
Os sistemas capitalistas e socialistas não responderam às ansiedades do ser humano, que poderiam ser resumidas por desenvolvimento com liberdade. Num sistema menos desigualdade sem livre-expressão. No outro, prosperidade concentrada em grupos de poder.
O cooperativismo reúne o melhor dos mundos: igualdade com liberdade e fraternidade, idéias que se destacam desde a Revolução Francesa.
A Constituição Brasileira exalta estas formas associativas, mas as leis complementares não avançaram rumo à verdadeira valorização do cooperativismo.
Negócios que só visam ao lucro são tratados da mesma forma que uma cooperativa que eleva o padrão médio de vida de milhares de pessoas.
Propusemos às autoridades, recentemente, a realização de parcerias publico – privativas na área da saúde. As dimensões do Brasil e seus 200 milhões de habitantes não simplificam a tarefa a tarefa de cuidar da saúde de todos. É uma obra que, sinceramente, não deveria ser exclusiva dos governos.
Estamos prontos a colaborar com nossa estrutura de atendimento – mais de 109 mil médicos cooperados, cobertura de 83% do território nacional.
Isso pode ser replicado em outros segmentos de mercado, gerando riquezas partilhadas e desenvolvimento com liberdade. Realmente, os candidatos à Presidência da República deveriam pensar mais nisso. O cooperativismo é o passo adiante pronto para melhorar a vida de todos os brasileiros.
Por Eudes de Freitas Aquino – Presidente da Unimed do Brasil