O Consultor para Cooperativas de Crédito, Ricardo Coelho, em um de seus textos propõe uma reflexão para as Cooperativas de Crédito que adotam ou adotarão o crédito pré-aprovado para seus associados.
Segundo Ricardo, “não há dúvidas que o crédito pré-aprovado é bem vindo ao Cooperativismo de Crédito, mas devemos ter extremos cuidado em sua implementação e manutenção. Um destes cuidados é o de não adotar preceitos previsíveis, como a cópia pura das soluções dos bancos, pois nosso modelo de negócios tem ainda algumas características muito peculiares.”
Entre as preocupações elencadas no texto disponível no link, estão:
- Estruturação do Funding: manifestando sua preocupação com a abertura de limites pré-aprovados que consomem os limites de liquidez da cooperativa, visto que a demanda de crédito crescerá rapidamente e que a captação dos recursos não acompanha na mesma velocidade. A solução apontada por Coelho é que “uma boa gestão buscaria funding para fazer frente a esta demanda de crédito através do Capital Social ou da Reserva Legal.”
- Contato Pessoal: o “contato com os atendentes sempre potencializou enorme proximidade, a qual até hoje nos permitiu: reconhecer e rever seus anseios, potencializar novas vendas, atualizar seu cadastro, informá-lo das novidades, reforçar os preceitos do nosso modelo de negócio, etc…”
- Perda de aderência do associado: “lembremos que o atendimento humano é ainda um de nossos grandes diferenciais e portanto não podemos colocá-lo em cheque ao reforçarmos os mesmos aspectos reconhecidamente negativos de um banco de varejo”.
- O uso da cooperativa como financeira: correndo-se o risco de o associado buscar a cooperativa apenas para fazer suas operações de crédito, contratando suas demais operações financeiras (seguros, consórcios, pagamentos, cartões, e outros).
- Integralização de Capital Social: a integralização de capital social que ocasionalmente ocorre quando da contratação de uma operação de crédito poderá não mais ocorrer, limitando as fontes de funding da cooperativa.
- Perda da carteira de Seguro Prestamista: caso a operação do pré-aprovado não seja acompanhada deste tipo de seguro.
Ao final de sua reflexão, o consultor Ricardo Coelho propõe uma solução: “Será que não poderíamos divulgar esta novidade de forma bem escalonada, para que toda a base fosse atingida em até um ano (por exemplo). Isto permitiria que os gerentes de contas pudessem “cacarejar” esta novidade, alocando-as paulatinamente como se fosse uma deferência da Singular àquele cliente“.
Adicionalmente, “será que este valor e prazo não tendem a serem bem conservadores, sinalizando para o associado algo pouco coerente quando este compara com seu banco de varejo massificado ou sua real expectativa ou necessidade?”. E as taxas de juros, serão por relacionamento ou a taxa será padronizada precificada conforme a linha de crédito?
Segundo Ricardo Coelho, “a taxa de juros tem de ser competitiva, mas nunca barata“, ainda mais ao considerar-se que no crédito pré-aprovado não existe a figura do avalista.
Para finalizar a reflexão, a abertura de um limite pré-aprovado permite que possamos “ter brevemente uma parte desta carteira apenas fazendo a renovação, se aproximando muito do risco do uso cheio do cheque especial ou do pagamento mínimo do cartão de crédito. Como está nossa política para o acompanhamento destes créditos quanto à sua recuperação e provisão?“
Ricardo Coelho – Consultor do Cooperativismo de Crédito
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