O mexicano Ramón Imperial Zúñiga, 53 anos foi eleito presidente da ACI Américas em 2008. Formado em engenharia industrial Ramón é atualmente Diretor Geral da Caja Popular Mexicana, a maior cooperativa de crédito da América Latina que conta atualmente com cerca de 1,8 milhão de associados.
Segundo Ramón Imperial, “o Brasil é uma referência a todos os demais países da América – é um dos cooperativismos mais representativos do continente. O movimento cooperativista no Brasil tem a vantagem de estar muito bem integrado e representado – tem a OCB (Organização das Coopertivas do Brasil) que permite uma integração nacional muito importante e que lhe dá coesão e representatividade.
Os diferentes ramos, agropecuário, consumo, crédito, entre outros, estão muito bem desenvolvidos e isso lhes dá toda essa fortaleza. Cito como exemplo os ramos crédito – com suas centrais e redes -, agropecuário, trabalho, consumo, esse desenvolvimento setorial é muito importante.
E, repito, há integração que possibilita que haja uma só direção no cooperativismo. Isso é fundamental, porque existem lugares onde, lamentavelmente, por estar desarticulado, o setor de repente propõe coisas distintas ao governo e legisladores, e o próprio segmento freia seu desenvolvimento. No Brasil há coesão setorial e uma frente comum para fazer gestões em diferentes estâncias de governo.”
Ano Internacional do Cooperativismo
Quando questionado sobre o ano de 2012, em que a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu que será o “Ano Internacional do Cooperativismo”, Ramón diz que “é algo muito importante, porque desde que o cooperativismo surgiu é a primeira vez que há um reconhecimento mundial a esse labor que desenvolvem as cooperativas, essa contribuição que o setor dá em busca de uma melhor distribuição de riqueza e no combate à pobreza.
Temos a grande possibilidade em nível mundial de aproveitar esse momento. E já estamos nos preparando, em todos os países, China, Rússia, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Inglaterra, Argentina, México, Brasil, em todas as regiões estamos organizando atividades. E seguramente 2012 vai ser um ano muito importante para que possamos transmitir à sociedade em geral, e aos governos, esse importante trabalho que o cooperativismo está desenvolvendo.”
Diferencial Competitivo
Sobre o “Ser Cooperativa”, Ramón diz que “a parte essencial que distingue uma cooperativa de qualquer outra empresa é a relação que existe com seus cooperados, que são os proprietários da cooperativa e normalmente são os usuários dos serviços que ela oferece, independente do setor econômico que a atende.
E essa relação de fidelidade é o que nos diferencia, porque permite que o associado receba os benefícios de maneira muito direta, e ele pode participar da organização e administração da própria cooperativa.
Por exemplo, numa cooperativa de crédito, há muita diferença em comparação a um banco, no qual as pessoas são simplesmente clientes – nas cooperativas as pessoas são as donas, participam dos processos de assembléia, dirigem a cooperativa, estão por dentro de seu funcionamento, e isso faz com que se envolvam, que tenham um vínculo e uma relação muito estreita com o funcionamento diário de sua cooperativa. É algo que nos distingue em todos os países.
Existe uma relação muito estreita com o sócio, os princípios cooperativistas que nos regem vão orientados em como definir esta relação, os processos democráticos, participação em assembléias, como aportam capital, como distribuem dividendos, então tudo isso permite fortalecer a relação da instituição com seus próprios associados.”
Fonte: Paraná Cooperativo