BRASÍLIA – O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, afirmou hoje que os números do crédito em dezembro já são reflexo das medidas macroprudenciais adotadas pela autoridade monetária. Segundo ele, a expectativa é de que esse impacto continue a ser sentido no crédito. Os números parciais de janeiro confirmam essa previsão.
“Em dezembro, tivemos certo arrefecimento na taxa de crescimento do crédito. Sem dúvida, isso tem impacto das medidas macroprudenciais”, disse Altamir. “Espero uma acomodação maior nas concessões de crédito”, acrescentou, destacando que o impacto deve ser mais forte nos financiamentos ao consumo, especialmente nas concessões para compra de veículos e no crédito pessoal.
Altamir informou que em janeiro, até o dia 12, a média diária das concessões de crédito livre caiu 8%. A média das pessoas físicas teve recuo de 3,5% e a das pessoas jurídicas, baixa de 11,3%. Altamir ponderou que, no caso das empresas, o número reflete basicamente um efeito sazonal do segmento.
O economista informou que a taxa de juros média do crédito em janeiro, também até o dia 12, subiu 3 pontos porcentuais em relação a dezembro, atingindo 38% ao ano. O movimento mais significativo ocorreu no crédito para pessoa física, cuja taxa de juros teve alta de 4,5 pontos porcentuais, para 45,1% ao ano. Para as empresas, a alta de janeiro, segundo a parcial, é de 1,5 ponto porcentual, atingindo 29,4% ao ano.
O movimento para cima das taxas de juros reflete, essencialmente, a alta dos spreads bancários. Em janeiro, o spread médio subiu 2,8 pontos porcentuais, para 26,4 pontos porcentuais ao ano. O spread para empresas subiu 1,4 ponto porcentual, para 18,4 pontos porcentuais ao ano, enquanto o spread para pessoas físicas avançou para 32,9 pontos porcentuais, com alta de 4,4 pontos porcentuais. O spread representa a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada dos clientes.
Altamir reconheceu que o custo de captação dos bancos subiu, mas de uma maneira relativamente pequena. Os dados parciais divulgados se referem ao crédito livre. Segundo o economista, o volume total desse crédito cresceu 0,3%, com as operações de pessoas físicas subindo 1%, enquanto no caso das empresas houve queda de 0,3%.
Prazos
O chefe do Departamento Econômico do BC destacou também que as medidas macroprudenciais já impactam o prazo médio das concessões de crédito. Ele explicou que, no passado, o aumento dos juros era, normalmente, compensado pelo alongamento do prazo para que o crédito coubesse no orçamento das famílias. Mas agora, como as medidas elevam o custo dos bancos em caso de aumento de prazo, a tendência é de redução desse indicador.
Fonte: Estadão