O Banco Central (BC) estaria estudando uma mudança de como auferir as previsões dos principais agentes econômicos, que hoje se faz pela consulta às instituições financeiras e se divulga a cada semana na chamada Pesquisa Focus. As autoridades desejariam incluir nessa pesquisa economistas ligados à atividade empresarial em geral.
A mudança seria necessária de diversos pontos de vista e deveria ser bastante ampla. Atualmente, consultam-se apenas instituições financeiras que, na prática, estão interessadas no aumento da taxa de juros básica que se faz acompanhar de uma elevação do spread, o que se justificaria apenas no caso de um aumento da insolvência que, paradoxalmente, a elevação do spread favorece.
Por outro lado, a consulta de numerosas instituições financeiras não se justifica, pois, na realidade, somente as grandes instituições dispõem de um serviço de estudos econômicos capaz de analisar as perspectivas econômicas para um período de um ano ou mais. Desse modo, uma grande parte das instituições consultadas está dando palpites sem base em estudos sérios da conjuntura.
Ao consultar alguns economistas ou instituições de pesquisas e ao reduzir o número de bancos consultados, a Pesquisa Focus ganharia em qualidade. O BC poderia incluir os economistas que, nas suas previsões passadas, mais se aproximaram dos dados que, de fato, se confirmaram. Não seria necessário consultar mais de 20 economistas, eliminado os que já trabalham em bancos e fazem previsões para a Pesquisa Focus.
A modificação só se justifica caso os resultados da Pesquisa Focus tenham de fato influência na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de um lado e do público, por outro. Não há dúvida de que as autoridades monetárias estão levando em conta as previsões do mercado financeiro que, no mínimo, serão um guia para ditar a política dos bancos, mesmo admitindo que os membros do Copom estejam em desacordo com essas previsões, embora reconheçam que exercem pressão sobre a conduta do mercado. Seguramente, as previsões divulgadas pela Pesquisa Focus têm maior influência sobre os agentes econômicos e, em particular, sobre as empresas que não dispõem de serviços de estudos econômicos.
Tudo indica que tais previsões têm grande influência sobre a fixação dos preços dos serviços, que não são estabelecidos a partir dos preços das mercadorias, mas, sim, com base na suposição do que seria útil para melhor conter a inflação.
Fonte: Estadão