Ao elevar a 12,5% ao ano a Selic, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central estabeleceu uma nova taxa básica de juros. Mas o piso não vale para todos
Aproximadamente 20% do estoque do crédito concedido no país, quase R$ 370 bilhões, tem como origem o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que opera com Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), estacionada em 6% ao ano desde 2009. A TJLP equivale agora a menos da metade da Selic e o diferencial entre as duas taxas se aproxima daquele atingido durante a crise financeira de 2008.
A TJLP equivale agora a menos da metade da Selic e o diferencial entre as duas taxas se aproxima daquele atingido durante a crise financeira de 2008. Ainda que nas linhas regulares do BNDES não haja equalização de taxa, somente esse descasamento configura um subsídio elevado, que pesa sobre o déficit fiscal e sobrecarrega a própria Selic, que tem que ser mais alta para cumprir a tarefa de inibir a pressão exercida pelo consumo, já que seu efeito não alcança um parte expressiva dos financiamentos concedidos no país.
Ninguém se arrisca a estimar o quanto a Selic poderia estar inflada por esse efeito, já que ele se dispersa pela economia e não é possível ver com precisão onde a TJLP vai aliviar o aperto monetário promovido pelo Banco Central. Mesmo o cálculo do que os economistas classificam como subsídio tem de ser feito por aproximação. Se considerado que o BNDES desembolsou quase R$ 144 bilhões em 2010 e que estima repetir esse volume este ano, a diferença de 6,5 pontos percentuais entre uma taxa e outra representaria uma perda superior a R$ 7 bilhões. Isso tomando por base uma parcela, também aproximada, de 80% desses desembolsos corrigida pela TJLP.
“Em alguns momentos, se descontar a inflação da TJLP, ela fica negativa”, disse o presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo, Heron do Carmo, que também vê caráter de subsídio na taxa praticada pelo BNDES, se tomada a Selic como referência para todo o sistema.
Fonte: Valor Econômico