BRASÍLIA – O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou 0,5 ponto percentual dos juros e fixou a taxa básica (Selic) em 11,5% ao ano, mesmo com pressões do Palácio do Planalto sobre o Banco Central (BC) por uma queda maior. A decisão foi por unanimidade e sem viés.
Segundo o comunicado do comitê, divulgado há pouco, o Copom entende que “ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básico é consistente com o cenário de convergência da inflação para 2012”.
Mesmo com a pressão política, a maioria dos analistas e dos aplicadores previam um corte desse tamanho. Os negócios fechados, nesta quarta, no mercado futuro de juros apostavam numa queda de 0,5 ponto percentual. Apenas algumas instituições ousaram prever um corte maior, de 0,75 ponto percentual ou até 1 ponto percentual.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, já havia avisado no início do mês passado que os futuros cortes seriam “moderados” e compatíveis com a volta da inflação para o centro da meta de 4,5% no fim do ano que vem, já que abandonou esse objetivo para este ano. A palavra “moderado” foi entendida como um corte de 0,5 ponto percentual pelo mercado. Tombini também tinha classificado a situação atual como “muito delicada” porque combina o risco de países quebrarem isso vira risco financeiro num cenário de perspectivas de baixo crescimento.
– O Banco Central tem comunicado que, olhando para frente, nas atuais condições ajustes moderados da taxa de juros são consistentes com a convergência da inflação para o centro da meta em dezembro de 2012, conforme é o nosso objetivo explicitado – disse Tombini na época.
Atualmente, a inflação acumulada nos últimos 12 meses, medida pelo IPCA (índice usado oficialmente), é de 7,3%: acima do limite da meta para o ano que é de 6,5%. No entanto, na visão do BC, esse número chegou ao pico e deve começar a perder força daqui para a frente, uma vez que nos dados recolhidos diariamente, a inflação já estaria dentro do centro da meta de 2012 que também é de 4,5%.
Fonte: O Globo