Foi o 7º corte seguido do juro, que começou a recuar em agosto de 2011. Corte aciona ‘gatilho’ que reduz o ganho da poupança.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reuniu nesta quarta-feira (30) e decidiu baixar os juros de 9% para 8,5% ao ano. Com isso, o ritmo de corte da taxa básica da economia brasileira diminuiu para 0,50 ponto. Em março e abril, o Copom havia sido mais agressivo, ao promover reduções de 0,75 ponto percentual. A decisão foi unânime.
Com queda da Selic, poupança tem menor ganho da história, diz Anefac. Mesmo assim, a taxa Selic atingiu o menor patamar já registrado em toda a série histórica do Banco Central, que começa em 1986. Antes desta data, segundo a autoridade monetária, não existia uma “taxa de juros oficial”. Até o momento, a menor “meta” para taxa de juros já registrada na economia brasileira vigorou entre julho de 2009 e abril de 2010 (8,75% ao ano). A taxa de mercado, por sua vez, oscila ao redor da “meta” fixada pelo BC. Em 2009 e 2010, o piso dos juros ficou em 8,65% ao ano.
Com a queda da Selic a 8,5%, a caderneta de poupança passa a render, para as aplicações feitas de 4 de maio em diante, menos de 6% ao ano pela primeira vez na história, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Pelas novas regras definidas pelo governo federal, o rendimento da poupança passa a ser atrelado aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial, sempre que a Selic for de 8,5% ou menos.
Explicação do BC
Ao fim do encontro do Copom, foi divulgada a seguinte explicação: ” O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O Comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária. Diante disso, dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 8,50% a.a., sem viés”.
Juros reais próximos de 2% ao ano
Com a taxa básica em 8,5% ao ano, o Brasil passou a ter juros reais (após o abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses) de 2,8% ao ano, segundo levantamento do economista Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul, em parceria com Thiago Davino, analista de mercado da Weisul Agrícola.
Com isso, a taxa real de juros brasileira ficou perto da meta da presidente Dilma Rousseff (2% ao ano), patamar que também é mais próximo da média internacional. A taxa real de juros de 40 países pesquisados pelos economistas está negativa em 0,5% ao ano.
“Com uma elevação em algumas projeções de inflação e diversos cortes de juros, inclusive do Brasil, o país ocupa agora e em todos os cenários o terceiro lugar do ranking como o melhor pagador de juros reais do mundo”, informa Jason Vieira em seu estudo. Segundo ele, o primeiro lugar no ranking é ocupado pela Rússia (4,3% ao ano), seguida pela China (3,1% ao ano).
Fonte: G1