Porto Alegre/RS – No segundo dia do Fórum sobre Inclusão Financeira, os sistemas cooperativos de crédito participaram de um painel.
O painel foi aberto pelo Diretor de Fiscalização do BACEN, Sr. Anthero de Moraes Meirelles, que abordou os diferenciais das cooperativas de crédito no papel da inclusão financeira, destacando que o BACEN vem avançando na legislação do setor com o objetivo de aproximá-lo do nível de desenvolvimento encontrado nos países desenvolvidos. Destacou também a criação do Fundo Garantidor Único, de importância fundamental para a consolidação do ramo crédito.
Anthero mencionou também a existência de regiões do país em que as cooperativas já atingem os dois dígitos de participação no mercado e sobre a importância do associado entender seu papel como dono de uma instituição financeira.
O primeiro painelista foi o Sr. José Luiz, da Unicred, que destacou os números do sistema, que conta atualmente com 97 cooperativas singulares, 270 mil associados e 8 centrais estaduais/regionais, administrando ativos de R$ 8,5 bilhões em ativos, Das coooperativas do sistema, 10 são de Livre Admissão e 16 de Empresários e Micro e Pequenos Empresários, sendo as demais focadas nó atendimento dos profissionais da saúde. Destacou também o planejamento de revitalização da marca Unicred, o trabalho de unificação da tecnologia e a criação de um site e portal único.
O segundo painel, sobre a Confesol, foi apresentado por seu Presidente, Sr. José Paulo Crisóstomo Ferreira, que iniciou sua fala abordando a redução da pobreza no mundo. A Confesol é formada por produtores rurais, que reúnem-se em torno de 4 centrais. É formada por 190 cooperativas e 287 mil associados. Destacou o fato dos valores médios emprestados ser bastante abaixo, justamente na linha da inclusão financeira e do microcrédito. Como ações de fortalecimento citou: a) aproximação do quadro social; b) inovação tecnológica; c) adoção do regime de cogestão; d) expansão para outros estados; éntre outros.
Na seqüência, o Sr. José Salvino de Menezes, apresentou a visão do Sicoob, inciando a abordagem com uma reflexão sobre a probabilidade, de no futuro, falarmos de apenas um único sistema cooperativo no país, o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo criado pela Lei Complementar 130/09. Referiu falar-se muito a respeito, mas que pouco é feito na prática. Na seqüência, apresentou os diferenciais entre as sociedades comerciais e as sociedades cooperativas. Destacou ainda haverem cerca de 3.500 municípios no país que não são atendidos pelo SFN, representando 63% do total, e que a concentração do mercado, em torno dos 5 ou 10 maiores bancos do país, somente aumentou nos últimos 10 anos. Salvino apresentou a informação de que as cooperativas de crédito, quando somadas, ocupam a sétima posição nos ativos do SFN. Como desafios apontou: 1) fidelização dos associados; 2) ampliação da base de cooperados, principalmente nas regiões metropolitanas; 3) posição sistêmica; 4) aglutinação de cooperativas; 5) gestão de pessoas; entre outros.
Finalizando, o Sr. Manfred Dasenbrock, falou em nome do Sicredi, apresentando as perspectivas para o Brasil, iniciando pelo fato de haver aqui uma legislação cooperativista adequada, que muitas vezes serve de referência para outros países. Abordou também sobre a organização que existe no país, de sistemas integrados, e do desafio de alcançar os dois dígitos nos Ativos do SFN, embora em algumas regiões do país isto já seja uma realidade. Finalizou abordando a contribuição real que as cooperativas já dão ao país e ao mundo.
No espaço destinado para perguntas, foi unânime o foco à união de forças dos sistemas cooperativos, buscando a aproximação do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, buscando o ganho de escala e ações unificadas para todos. As respostas fizeram menção à: a) ações do CECO para a integração dos ATMs dos sistemas Cooperativos; b) criação de um único Banco Cooperativo; c) o Fundo Garantidor como viabilizador desta aproximação; d) abertura ao diálogo por parte de todos; e) necessidade de iniciar por pontos específicos; f) o ganho de escala e a redução de custos, em se compartilhando da mesma tecnologia para todas as cooperativas; g) a existência, hoje, de padrões e processos diferentes em cada sistema, cada qual com sua marca. Como consenso, os painelistas concordam que está integração deve avançar.