Num sinal de que se avizinha um novo, mas moderado, ciclo de aumento dos juros, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em solenidade pública na sede da instituição, expôs ontem uma visão ordenada de como vê a conjuntura e deu indicações adicionais de como pretende agir.
Desta vez, se vier, será em uma situação totalmente distinta dos aumentos de juros do passado. A economia ainda não deu sinais consolidados de reação. Janeiro foi um mês bem melhor do que dezembro, mas é cedo para tomar esse desempenho como tendência para o ano. A expectativa de analistas privados é a de que hoje o BC anuncie uma frágil variação de 0,1% para o IBC-Br de dezembro, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB).
Tombini indica alta modesta do juro
Os juros como instrumento para domar o processo inflacionário, nessas circunstâncias, teriam mais efeitos sobre as expectativas – que estão há tempos sem âncoras firmes – do que propriamente na contração da demanda.
Tombini voltou a falar que tem nas mãos a taxa Selic para desinflacionar a economia. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, na semana passada, manifestou concordância de que é com juros que se combate a alta de preços. Foram declarações para dissuadir os mercados de que esse é um instrumento condenado. Se vai usá-lo, quando e quanto serão outras decisões.
O presidente do BC está diante do risco de não cumprir o novo objetivo para a inflação deste ano. O seu compromisso é de entregar uma variação do IPCA menor do que os 5,84% do ano passado. Algo próximo a 5,5% seria um bom resultado. O outro risco que ronda o Palácio do Planalto é o de não conseguir uma taxa de crescimento da economia da ordem de 3% a 3,5%.
Há, em meio a isso tudo, o tempo político para usar o grande trunfo da presidente Dilma Rousseff – a queda da taxa de juros no país – como mecanismo para conter a escalada dos preços. Não seria recomendável entrar em 2014, ano da campanha pela reeleição, com juros mais altos. Quanto antes o trabalho for feito – se for feito – será melhor para os interesses eleitorais. Apesar disso, fontes qualificadas do governo não recomendam apostar em prazos como, por exemplo, que o Copom aumentará a taxa Selic em abril. “A economia ainda está sob observação”, alegam.
Fonte: Valor Econômico