O Banco Central sinalizou que pode encerrar o ciclo de aperto monetário com uma taxa de juros maior do que a prevista pelo mercado, de 9,75%. No relatório trimestral de inflação divulgado ontem, reviu para cima as projeções para a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste e nos próximos anos. O diretor de política monetária do BC, Carlos Hamilton Araújo, disse que “ainda há bastante trabalho a ser feito pela política monetária em termos de combate à inflação“. Com isso, aumentam as chances de que a taxa básica volte aos dois dígitos.
A projeção para a inflação no cenário de referência do relatório é de 5,8% em 2013, de 5,7% em 2014 e de 5,5% no período de 12 meses encerrado em setembro de 2015. Os percentuais superam o centro da meta de inflação de 4,5%, fixada para todos os anos do período.
Também representa uma margem estreita em relação aos objetivos informais indicados pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Segundo ele, o BC age para entregar em 2013 uma inflação menor do que os 5,84% de 2012. Para 2014, o objetivo é a continuidade da queda da inflação. Não há um alvo informal definido para 2015, mas em depoimento recente no Senado Tombini disse que o BC não abandonou o objetivo de cumprir a meta de 4,5%.
Carlos Hamilton foi questionado se o balanço de riscos para a inflação teria melhorado entre a edição dos relatórios de inflação de junho e setembro. “A dinâmica aponta inflação elevada. Acredito que ainda há riscos para a inflação”, disse.
Com o relatório e a fala de Hamilton, os investidores empurraram a taxa do DI com vencimento em janeiro de 2014 para 9,36% (ante 9,31% na sexta-feira). O contrato passou a espelhar aposta em mais duas altas de 0,50 ponto percentual da taxa Selic neste ano, chegando a 10%. Após titubear, o mercado de juros futuros parece ter aceitado a tese de Selic em dois dígitos no fim do ano.
Fonte: Valor Econômico