Tecnologia e juventude foram foco da Conferência Mundial das Cooperativas de Crédito

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Gold Coast – Durante 4 dias estiveram reunidos em Gold Coast, na Austrália, mais de 1.700 líderes cooperativistas de cerca de 50 países, que participaram da Conferência Mundial das Cooperativas de Crédito acompanhando uma série de palestras abordando tecnologia, engajamento e atração de associados, governança, março regulatório, centralização de back-office entre outros assuntos.

Brian Branch, CEO do Woccu, destacou no início do evento que “não somos uma empresa, somos um movimento“, feito por pessoas para ajudar pessoas. Ressaltou também os principais desafios a serem administrados pelas cooperativas financeiras: a) As cooperativas estão sob pressão regulatória como nunca estiveram antes; b) Custo oriundo da necessidade da inovação tecnológica; c) Desafio de trazer os jovens para as cooperativas; d) Entrada de novos agentes no mercado financeiro, empresas que não são instituições financeiras mas que apresentam produtos similares.

 

ATRAÇÃO DO PÚBLICO JOVEM
Em muitos países a idade média dos associados é bastante alta, em alguns passando dos 50 anos como é o caso do Canadá com 53 anos. No Brasil esta média é de 46 anos. “Este fato faz com que as pessoas tenham menos necessidade de crédito, possivelmente já acumulando poupanças para a aposentadoria ou mesmo consumindo o que acumularam durante sua vida profissional. Por este motivo se faz necessário o crescimento do quadro social em meio ao público de 18 a 35 anos”, afirmou Branch.

Ressaltou que “precisamos analisar os jovens para verificar se oferecemos aquilo que eles procuram. Possivelmente eles vão procurar o mais barato, mas vão querer conveniência. Precisamos ter soluções que lhes ajudem a estudar, casar, comprar sua casa, seu carro, necessidades estas inerentes ao início da vida familiar.” Concluiu dizendo que “precisamos de soluções simples, rápidas e on-line. Se dependermos dos jovens entrarem em nossos pontos de atendimento estaremos desatualizados e fora do jogo. Precisamos nos fortalecer e unificar nossas marcas.”

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NOVAS TECNOLOGIAS
Durante a conferência vários foram os palestrantes falando sobre as novas tecnologias e como elas impactam na vida das pessoas. “O futuro já existe hoje, se você souber onde procurar. A chave do futuro é disponibilizar informações relevantes aos consumidores, quando eles precisarem. Trata-se da ubiquidade, que significa estar presente em todos os locais, o tempo todo. De que forma sua cooperativa utiliza as informações que possui hoje? Google, Facebook, e outros já estão utilizando os dados de seus associados. Onde nossos associados são clientes, o que consomem, como pagam?”, foram provocações feitas por Lee Wetherington que afirmou que 50% dos celulares vendidos atualmente são smartphones, sendo que apenas em 2013 foram vendidos 1 bilhão deles.

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Rahul Nawab demonstrou os novos concorrentes do mercado de pagamentos, tais como Google, Wall Mart, PayPal, Sears, …, que passaram a atuar em mercados semelhante ao das instituições financeiras, aumentando a pressão sobre as cooperativas de crédito e bancos. Mesmo assim as cooperativas tem como vantagem a proximidade e conhecimento dos associados, desde que consigam utilizar as informações que possuem disponíveis. Lembrou que nenhuma instituição possui um produto que agrade e atenda as necessidades de todas as pessoas. Destacou que se no passado os desafios eram relacionados ao armazenamento de uma grande quantidade de dados, atualmente é oferecer soluções tecnológicas inovadoras para poder competir com os novos entrantes. Já no futuro bem próximo, precisamos pensar em como aproveitar a base de dados existente para conhecer melhor os dados que temos e não apenas armazená-los. Finalizou dizendo que as cooperativas devem se preocupar em como atrair novos associados, como fazê-los crescer em termos de negócios (X sell, up sell) e também em como retê-los e reativá-los.

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Neste mesmo assunto Shazia Manus alertou que “o risco é termos as informações disponíveis, e não as utilizarmos adequadamente, bombardeando os associados com ofertas que não lhe interessam.”

Já Fredda MacDonald afirmou que “os jovens preferem comprar coisas locais, mesmo que seja mais cara. São fiéis a uma marca e recebem recomendações de amigos sobre marcas a buscar. Eles valorizam 10x mais a propaganda boca a boca do que a mídia tradicional. 71% dos jovens não gostam de ir aos bancos e preferem ir ao dentista. Esperam poder fazer tudo através das mídias digitais.”

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Para Rachel Botsman “vivemos um momento único na história em que a tecnologia elimina intermediários. É fácil de encontrar quem precisa e quem tem algo (produto ou serviço). Isto existe em função da confiança entre estranhos estar em alta.” Se antes confiávamos em grandes instituições, agora confiamos em nossos amigos/contatos. “Já não precisamos de um banco para nos financiar”, referindo-se ao aumento dos financiamentos através de crowdfunding.

 

COMUNICAÇÃO
Bruce Foulke e Damien Walsh, dos EUA e Austrália, respectivamente, lembraram que as cooperativas tem grandes diferenciais competitivos e que devem utilizá-los a seu favor. “Qual a proposta de valor da cooperativa? Ela está clara para que os associados entendam?” questionou Foulke. Já Walsh ressaltou o ciclo virtuoso do cooperativismo, onde “todos os recursos e transações dos associados, como depósitos e empréstimos, ajudam o ambiente e a comunidade em que os associados vivem”. Destacaram também a necessidade de realização de trabalhos voltados para a educação financeira dos membros, aspecto este que os bancos não fazem, e também para programas de responsabilidade social.

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PALESTRANTES BRASILEIROS
Durante a conferência ocorreram duas palestras demonstrando a forma de atuação do Sicredi. Foram elas de Felipe Azevedo, falando do Sicredi Touch, que tem o objetivo de atrair associados jovens, e de Paulino Rodrigues, sobre o compartilhamento de backoffice e a marca única em um sistema de cooperativas.

 

RECONHECIMENTOS
No decorrer do evento o Sicredi foi reconhecido em duas oportunidades: a) em decorrência de ter sido o sistema que apresentou o maior crescimento no número de associados em 2013; b) pelo premiação do colaborador Carlos Gustavo Alves Ferreira no programa Wycup, voltado a jovens líderes cooperativistas que tenham desenvolvido algum projeto em sua cooperativa e que tenha beneficiado os associados e a comunidade.

 

FÓRUM DO FUTURO

De forma inovadora no evento, o Woccu reuniu as maiores cooperativas financeiras de cada país para a discussão de assuntos de interesse comum. O critério de seleção foi administrar mais de $ 1 bilhão em recursos. Foram 3 as cooperativas brasileiras que participaram deste encontro: Sicredi Pioneira RS, Sicredi Vanguarda PR/SP e a Sicredi Centro Norte MT.

 

Por Márcio Port, Presidente da Sicredi Pioneira RS

2 Comentários

  1. Interessante perceber que esta é realidade das cooperativas em mais países e não apenas no Brasil. Essa reflexão de renovação (como atrair o público jovem), por qual caminho tecnológico iremos percorrer é fundamental. Todos sabemos dos anseios dos jovens por inovação, agilidade e praticidade, precisamos trilhar cada vez mais por essa estrada.

    Os jovens também anseiam por uma causa nobre, e nosso movimento cooperativo possui isso em sua raiz, é fundamental avaliarmos o que falta para unirmos essas pontas, de um lado os jovens com vontade e necessidade de mudar o futuro do planeta, e do outro o poder do cooperativismo capaz de promover essa mudança, o que falta para eles se encontrarem ?

  2. Tema muito importante, traz reflexão pra mudança continua,
    Este público e exigente e nos torna melhor, sempre evoluindo..

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