Brasília, 30/09/14 – Encontro realizado na sede do Banco Central do Brasil reúne lideranças do cooperativismo financeiro brasileiro para discutir a pesquisa de governança realizada pelo Bacen em 2013/2014.
O evento foi aberto pelo Secretário Executivo do BACEN, Geraldo Magela, que agradeceu a presença de todos, destacando a importância do encontro que resultará em propostas e encaminhamentos úteis para o Bacen e também para as cooperativas.
O Presidente da OCB, Marcio Lopes de Freitas, enfatizou que devemos permanecer em constante evolução, e em ritmo mais acelerado. Devemos estar preparados para a mudança pois elas ocorrerão em ritmo mais intenso do que foi até agora. No entanto, “não podemos perder a âncora representada pelos princípios e valores do cooperativismo”.
O Diretor de Relacionamento, Cidadania e Inclusão Financeira do Bacen, Luiz Edson Feltrin, iniciou sua fala dizendo que “sem passado não temos presente”, agradecendo a todas as pessoas que trabalharam no projeto de governança cooperativa que deu origem ao livro e a cartilha publicados pelo BACEN. Enfatizou o objetivo do evento, trazendo propostas novas para contribuir do sistema cooperativista de crédito do país.
Encerrando os pronunciamentos da abertura, o Diretor do DIORF, Sidnei Correa Marques, destacou a importância do evento, onde serão discutidos os resultados da pesquisa de governança cooperativa realizados em 2013/2014. A pesquisa contou com mais de 1.000 formulários de respostas analisados. O Diretor destacou a evolução do sistema cooperativista nos últimos anos, tanto na padronização de procedimentos, no crescimento do setor e na evolução normativa.
BLOCO 1 – Metodologia da Pesquisa
No primeiro bloco de apresentações, relativo a apresentação da metodologia da pesquisa, o Sr, José Angelo Mazzillo Junior, Chefe do Desuc, iniciou a apresentação abordando a missão institucional do BACEN, afirmando que um sistema financeiro desenvolvido é um sistema financeiro sólido (estável) e eficiente. Enfatizou o desejo do órgão regulador de desenvolver o SNCC (Sistema Nacional de Credito Cooperativo) e também as iniciativas regulatória concluídas ou em andamento.
Mazzillo destacou que em 2008, quando foi feita a primeira pesquisa de governança, havia 1.478 cooperativas singulares e hoje 1.126. Já em ativos a evolução foi de R$ 45 bilhões para R$ 138 bilhões neste mesmo período, demonstrando que os 4 maiores bancos privados cresceram significativamente menos dos que as entidades integrantes do SNCC, em vários itens analisados, havendo um crescimento constante, sem sazonalidades, com crescimento anual médio entre 20 e 25% no SNCC e de cerca de 10% no consolidado dos 4 maiores bancos.
Diante deste cenário de crescimento acelerado e constante, Mazzillo afirmou que torna-se necessária uma maior estrutura de governança, mitigando o conflito de interesse e de risco moral. Destacou também que toda cooperativa de crédito problemática tem como origem dessa situação deficiências em sua governança. “Mais do que a obrigação, governança é o desejo de implementar uma estrutura de governança efetiva.” “Implementar a governança é dar sustentação ao empreendimento cooperativo.”
Na sequência, o Sr. Ricardo Terranova Favalli, Supervisor de Fiscalização do Bacen e também coordenador técnico da pesquisa sobre governança, apresentou informações sobre a metodologia adotada na pesquisa::
- Início da pesquisa em ago/13 e término em mai/14;
- Participaram da pesquisa 1004 cooperativas, de um total de 1143, com 88% de participação, tendo ocorrido uma maior dificuldade de obter os dados das cooperativas sem filiação (independentes), onde das 234 cooperativas apenas 111 participaram (47%);
Com relação aos primeiros dados da pesquisa Favalli apresentou que:
- 83% das cooperativas não realizam assembleias com regime de representação de delegados
- em 77% das cooperativas o associado não tem a oportunidade de sugerir assuntos para fazer parte da pauta da assembleia, fato que pode reduzir o interesse dos associados de participar das reuniões
- em 92% das cooperativas o conselho fiscal é eleito através de chapa, observando-se que para que houvesse uma maior eficácia do órgão deveria ser analisado se os membros não deveriam ser votados individualmente e não por chapa
- 47% das cooperativas promovem programas de educação financeira
- Apenas 33% possuem institucionalmente algum programa de formação de futuros dirigentes e lideranças
- 77% não faz nenhum tipo de avaliação periódica dos membros do Conselho de Administração
- 92% possui um código de ética/conduta vigente
- 46% possuem pré-requisitos de capacitação técnica para o Conselho Fiscal
- 24% dos conselhos fiscais não são remunerados
- 57% dos conselhos fiscais recebem relatórios de análise antes da reunião do colegiado
Por Márcio Port