“Vejo cinco continentes
Pisando a mesma calçada
O aglomerado constante
Dessa massa que se agita
Faz ainda mais bonita minha cidade gigante”
Ao conceber tais versos, o cantor, compositor, poeta e violonista José Domingos se inspirou em uma das cidades mais cosmopolitas do mundo e a mais influente da América Latina. Em São Paulo fim do dia, ele canta a diversidade da principal capital do país, que abriga quase 12 milhões de pessoas e é referência primeira em economia, cultura e moda.
Essa multiplicidade, tão marcante na capital, estende-se a todo o estado. A economia é impulsionada, em parte, pela prática cooperativista. Composto por 645 municípios e dono de uma população estimada, em 2014, em cerca de 44 milhões de pessoas e Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 1,4 trilhão – o que corresponde a 33,1% do PIB nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, São Paulo abriga 1.067 cooperativas, que respondem por mais de 58 mil empregos diretos e 3,8 milhões de cooperados.
Entre os ramos cooperativistas, o financeiro é o maior na Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp). O grande volume desse segmento ainda é o de cooperativas financeiras de economia e crédito mútuo de funcionários de empresas públicas e privadas, que representam 64% do ramo. Já as demais são de profissionais liberais (11%), de empresários (10%), rurais (8%) e de livre admissão (5%).
O consultor do ramo crédito do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/SP), Gil Agrela, afirma que o cooperativismo é uma prática em plena evolução no estado e ressalta a representatividade do ramo financeiro se comparado ao restante do país. Em ativos, o estado representa 14,44%; em operações de crédito, 14,36%; em depósitos, 15,8%; e 20,44% do patrimônio líquido das cooperativas financeiras brasileiras. “Ainda há muito potencial a desenvolver, principalmente no regime de livre admissão. Entre 2010 e 2013, houve um aumento na ordem de 25% no número^de cooperativas de livre admissão no Brasil. No estado de SP, o crescimento foi de 100% em igual período”, observa.
Na cidade – Assim como nos estados de Minas Gerais e de Goiás, em São Paulo, existem duas centrais do Sicoob. Fundado em 1989, o Sicoob Central Cecresp foca as atividades na capital paulista, onde o principal público de suas 146 singulares filiadas são os cerca de 404 mil cooperados, cuja maioria é de empregado de empresas. De acordo com o presidente do Conselho de Administração do Sicoob Central Cecresp, Carlos Chiaraba, os principais produtos utilizados pelos cooperados são os empréstimos e a consignação em folha, com valores, em média, de um a seis salários mínimos. “Estamos trabalhando para estimular as cooperativas a refletirem sobre reposicionamento no mercado, no intuito de ampliar a oferta de produtos e serviços e, assim, aumentarem também as receitas. Entendemos que a perenidade de uma cooperativa não pode depender somente da intermediação financeira“, aponta.
Além da sede, as cooperativas filiadas ao Sicoob estão presentes em 181 municípios. Em junho de 2014, o patrimônio líquido delas chegou a R$ 1,45 bilhão. No mesmo período, as operações de crédito fecharam em R$ 1,49 bilhão; os depósitos e ativos totais, em RS 696 milhões e R$ 2,33 bilhões, respectivamente.
Coopmil – Uma das singulares filiadas à central é a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Policiais Militares e Servidores da Secretaria dos Negócios da Segurança Pública do estado de São Paulo (Coopmil). A instituição tem 65 mil cooperados, oriundos dos quadros das polícias Militar e Civil, guardas civis municipais, servidores da Segurança Pública, pensionistas e funcionários do Hospital Cruz Azul.
Fundada no mesmo ano da Cecresp, em 1989, a Coopmil atende policiais militares e civis, servidores da Secretaria de Segurança Pública de SP, pensionistas, funcionários da Cruz Azul e das Guardas Civis e Municipais. Para isso possui, além da sede, Pontos de Atendimento distribuídos estrategicamente no estado. Possui também uma unidade móvel para garantir atendimento aos cooperados em suas unidades de trabalho.
“O número de cooperados aumenta expressivamente graças à confiança depositada em nossa instituição. Nossas ações são sustentáveis, em prol da estabilidade financeira deles e promovem a geração de renda e a inclusão social. Por meio de convênios e parcerias com empresas de todo o estado, temos a possibilidade ainda de fomentar o comércio local”, afirma o diretor-presidente, coronel PM Hudson Tabajara Camilli.
Ele ressalta que, além da vida financeira, é uma preocupação da cooperativa viabilizar benefícios que se estendem às famílias dos cooperados. Para o exercício de 2014, foram disponibilizados, via Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (Fates), mais de R$ 3 milhões, sendo que, até agosto deste ano, foram atendidas pelos serviços de cunho social da cooperativa (psicologia, serviço social, auxílio funeral, entre outros) quase 6 mil famílias.
No campo – Diferentemente do Sicoob Central Cecresp, o foco de atuação das cooperativas ligadas à central Sicoob SP está no interior do estado, algo o diretor financeiro da instituição, Ismael Perina Junior, reforça. “Esse foi um dos motivos da transferência da nossa sede para a cidade de Ribeirão Preto, a 316 km de São Paulo”, explica. Na cidade, além da central, também atuam três importantes cooperativas filiadas: Sicoob Credicitrus, Sicoob Cocred e Sicoob Credicoonai. “O público da maioria das cooperativas é produtor rural e pecuarista. Nosso foco, nos próximos anos, será continuar expandindo no interior do estado, para mantermos a proximidade com o cooperado“, comenta Perina.
Atualmente, 15 cooperativas singulares são filiadas à instituição, também fundada em 1989. Elas atuam em 234 municípios, com 218 PAs e reúnem cerca de 167 mil cooperados. Juntas, possuem patrimônio líquido de R$ 1,87 bilhão, operações de crédito de RS 5,07 bilhões, depósitos de R$ 3,9 bilhões e os ativos totais de R$ 9,08 bilhões.
Livre Admissão – Do total de cooperativas filiadas ao Sicoob SP, sete já operam em regime de livre admissão. Outras quatro têm
projetos para transformação em análise pelo Banco Central e, assim, poderem passar a atender como o Sicoob Coocrelivre, a primeira delas a mudar de regime, cm 2009. “Administrar é prever. Tivemos uma boa visão de mercado, que passou a exigir o acesso de novos cooperados. A cooperativa era limitada aos produtores rurais, em uma região altamente diversificada, visto que as atividades de um produtor vão além da agropecuária. Elas chegam à indústria, ao comércio e à prestação de serviços. A transformação possibilitou ao Sicoob Coocrelivre dar um salto de quantidade e qualidade , reconhece o presidente do Conselho de Administração, António Maximiano Trez Filho.
Os resultados comprovam a assertividade da escolha: houve crescimento de 67% no patrimônio líquido, 41% nas operações de crédito,
61% no capital social, 95% nas sobras e 43% no número de cooperados. Atualmente, o Sicoob Coocrelivre tem seis PAs e 4 mil cooperados.
Para o futuro, o plano é ampliar gradativamente a rede, até a ocupação de toda área prevista no estatuto social da cooperativa. Será um crescimento sem sobressaltos e meticulosamente planejado, para criarmos PAs equilibrados, de atendimento à população, com deferência e resultados com sobras, para serem reinvestidas na própria comunidade, agindo, dessa forma, como ponto de apoio ao progresso local, adianta.
Fonte: Revista Sicoob – edição 20
|Eu estou indo falar para meus amigos que visitem seu site regularmente para ficarem atualizados com as informações mais recentes ! [Link deleted]
Amigo Ênio, como sempre você faz a leitura precisa dos acontecimentos e demonstra, com propriedade, que depende somente da vontade dos dirigentes fazer crescer e consolidar o cooperativismo financeiro no Estado de São Paulo. Parabéns pelo artigo é um forte abraço.