Taxa é a maior em quase três anos, segundo informações do Banco Central. Nos últimos meses, juro bancário subiu quase o triplo da alta da taxa Selic.
Os juros bancários iniciaram o ano de 2015 em alta. Segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta quarta-feira (25), a taxa média de juros cobrada pelos bancos nas suas operações com pessoas físicas com recursos livres (excluindo BNDES, rural e habitacional) registrou aumento de 2,5 pontos percentuais em janeiro deste ano, para 52,6% ao ano.
Trata-se do maior patamar desde o início da série histórica, em março de 2011, ou seja, em quase três anos. Até então, a maior taxa de juros já registrada, para pessoas físicas nas operações com recursos livres, havia sido registrada em novembro do ano passado (51,3% ao ano).
Neste mês, a autoridade monetária alterou a metodologia do cálculo dos juros bancários. De acordo com a instituição, a mudança insere-se no processo permanente de aprimoramento das estatísticas.
Juro bancário subiu mais que taxa básica
O aumento dos juros bancários acompanha a alta da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias. Desde outubro do ano passado o BC vem subindo os juros ininterruptamente. Naquele momento, a taxa estava em 11% ao ano. Em janeiro, já havia avançado para 12,25% ao ano, um aumento de 1,25 ponto percentual.
Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira mais intensa. Em setembro do ano passado, antes do reinício do ciclo de elevação dos juros básicos pela autoridade monetária, os juros bancários para pessoas físicas estava em 49,2% ao ano, avançando para 52,6% ao ano em janeiro. Um crescimento de 3,4 pontos percentuais – quase o triplo da alta da Selic.
Taxa de todas operações e de empresas
Já a taxa de juros média de crédito de todas operações (pessoas físicas e empresas) subiu de 37,6% ao ano em dezembro para 39,4% ao ano em janeiro deste ano – também o maior patamar da série histórica, que tem início em março de 2011.
A taxa das operações de pessoas jurídicas, ainda com recursos livres, avançou um ponto percentual em janeiro, para 25,2% ao ano. Em dezembro, estava em 24,2% ao ano. O nível de janeiro é o mais alta desde novembro de 2011, quando somou 25,8% ao ano.
Inadimplência de pessoa física em queda
Segundo o Banco Central, a taxa de inadimplência das pessoas físicas, nos empréstimos bancários com recursos livres (sem contar crédito rural e habitacional), que mede atrasos nos pagamentos acima de 90 dias, caiu de 5,5% em dezembro para 5,4% em janeiro. É o menor patamar, pelo menos, desde dezembro de 2013.
Já a taxa de inadimplência das operações dos bancos com as empresas, ainda no segmento com recursos livres, subiu de 3,4% em dezembro para 3,5% em janeiro. Trata-se do maior patamar desde outubro do ano passado (3,7%).
Considerando a taxa total de inadimplência, que engloba operações com as pessoas físicas e empresas, ainda nas operações com recursos livres, houve alta: de 4,4% em dezembro para 4,5% em janeiro. É o maior patamar desde novembro do ano passado (4,6%).
‘Spread’ bancário sobe no ano
O aumento das taxas de juros bancárias de pessoa física no início deste ano contribuiu para elevar o chamado “spread bancário” – que é a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e quanto cobram de seus clientes.
Em janeiro, “spread” nas operações com pessoas físicas avançou para 40,5 pontos percentuais – o maior patamar da série histórica, iniciada em março de 2011.
O “spread” é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
Em um cenário de inadimplência e tributação praticamente estáveis, o aumento do “spread” indica que os bancos estão lucrando mais com as operações de crédito.
Fonte: G1