Começou na manhã desta terça-feira (dia 4) a Conferência Internacional de Cooperativismo e Desenvolvimento Regional, em Foz do Iguaçu/PR. Além de dirigentes cooperativistas de crédito de todo o Brasil, participam especialistas da Alemanha, Portugal, Paraguai, Peru e Argentina. O evento é uma oportunidade para conhecer modelos e iniciativas bem-sucedidas, bem como debater boas práticas e gestão. O evento acontece no Mabu Thermas Grand Resort, reunindo 150 pessoas.
Na abertura da conferência, o presidente do Sicoob Unicoob, Jefferson Nogaroli, reforçou a importância de as cooperativas de crédito ganharem escala e produtividade. “Brigar com o sistema financeiro no Brasil não é fácil. O que as cooperativas fazem é importante, mas temos que ganhar escala no segmento de crédito cooperativo para que possamos influenciar e precificar o mercado, ajudando aqueles que ganham dinheiro com o suor do seu trabalho. Se as cooperativas não ajudarem no desenvolvimento das comunidades, o trabalho não é completo”.
Já o presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, destacou a história e números do cooperativismo no Paraná, formado por 220 cooperativas e que representa 38% da agroindústria do estado. A expectativa é que as cooperativas paranaenses faturem R$ 100 bilhões até 2020, ou seja, o dobro de 2014. Para isto, será preciso desenvolver o mercado, produtos e serviços, aperfeiçoar o modelo de cooperação e ter infraestrutura dimensionada para suportar esse crescimento. “Para atingir esse número, temos desafios importantes para consolidar o desenvolvimento regional, como investimento em pessoas, pesquisa sobre modelos de gestão e acompanhar o desenvolvimento econômico e social”.
Do segundo painel do evento participaram o diretor da Cosinergia Finanças e Empreendedorismo, Carlos Alberto Santos; o economista alemão Norbert Friedrich, que é presidente do Volksbank Trier; e o administrador paraguaio José Manuel Serrano, que é diretor da Confederação Alemã para cooperativas e tem experiência em projetos de cooperação internacional para o desenvolvimento com foco na América Latina e microfinanças.
Friedrich contou que na região de Trier, a taxa de desemprego é baixa, de 3,5%, que o turismo e o desenvolvimento econômico são fortes e que Trier é uma metrópole regional de cidades de médio porte e muitas vilas. O Volksbank, que foi fundado em 1904, tem 39 filiais, o que é considerado um número alto para os padrões da Alemanha. Com a difusão da tecnologia, lá os clientes costumam se relacionar com o banco principalmente pela internet e telefone. “O cliente do nosso banco cooperativo visita nossas filiais, em média, duas ou três vezes por ano. A digitalização dos serviços bancários é muito alta na Europa”. O Volksbank tem 75.411 clientes, sendo que 3.845 são sócios, e para isso, conta com pouco mais de 300 colaboradores. O banco é resultado da fusão de 77 cooperativas e bancos cooperativos, mas tem mudado a estratégia de expansão. “Expandir atualmente é melhor que a fusão, porque na fusão o resultado financeiro diminui significativamente, a elevada pressão da digitalização exige alterações, há custo mais alto com observância de marcos regulatórios, entre outros”. Friedrich também falou de condições fundamentais para o sucesso dos bancos cooperativos: devem ter como prioridade o desenvolvimento dos sócios, elevado grau de identificação com a região e sua população, colaboradores capacitados e treinados com DNA cooperativista e percepção de mudanças das micro e pequenas empresas”. Na Alemanha há 1,5 mil bancos cooperativos.
Na sequência José Manuel Serrano, do Paraguai, que é diretor da Confederação Alemã de Cooperativismo (DGRV), falou sobre cooperativismo e desenvolvimento na América Latina. No período da tarde haverá dois painéis. O primeiro será sobre ‘Garantias mútuas e cooperativismo’ no Brasil, Europa, América Latina e Ásia’, com a participação do presidente da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), em Portugal e coordenador da Rede Mundial de instituições de garantia, José Fernando Figueiredo; do executivo sênior do Banco Nacional de Desenvolvimento, da Colômbia, Alejandro Soriano; do diretor de regulação do Banco Central do Brasil, Otávio Damaso; e da presidente do Sicoob Meridional, Solange Martins.
No segundo painel do período da tarde desta terça-feira será discutido ‘O cooperativismo como alavanca de geração de riqueza e desenvolvimento’, com a participação de Raul Colombetti, da Argentina; de Marcio Port, do Sicredi Pioneira/RS; e de Luiz Ajita, do Sicoob Metropolitano/PR).
Já no segundo e último dia da conferência, nesta quarta-feira haverá dois painéis simultâneos: sobre ‘Educação cooperativa: o que já fazemos? O que podemos fazer mais? Como podemos fazer melhor?’ e ‘Startups, tecnologia e inovação: o que o cooperativismo de crédito tem a ver com isto?’
Participam da conferência líderes dos principais sistemas de cooperativas financeiras como o Sicredi, Sicoob, Cresol, Cecred, Uniprime, além de representantes do Banco Central do Brasil e das Sociedades de Garantias de Crédito. A programação do evento consta em www.conferenciacdr.coop.br
As cooperativas de crédito no Brasil
Em dez anos, entre 2006 e 2016, as operações de crédito feitas por cooperativas de crédito saltaram de R$ 13 bilhões para R$ 106 bilhões. Já os depósitos subiram de R$ 15 bilhões para R$ 126 bilhões. Em mais de 500 munícipios brasileiros as cooperativas são a única instituição financeira presente.
No Brasil há mais de mil cooperativas de crédito, que contam com nove milhões de associados.