Em entrevista à RevistaMundoCoop (edição 73), a chefe de operações da NCBA (National Cooperative Business Association), equivalente à OCB brasileira, trouxe dados sobre as cooperativas dos Estados Unidos. A NCBA congrega 30 mil cooperativas que geram mais de 2 milhões de empregos, faturam US$ 652 bilhões e somam US$ 3 trilhões em ativos.
Nos EUA, dos 320 milhões de habitantes, 1 de cada 3 é membro de uma cooperativa e mesmo assim a chefe de operações destaca que o desconhecimento das pessoas sobre o modelo cooperativo é um dos desafios a ser superado. Veja o trecho da entrevista:
Pergunta: quais dificuldades devem ser superadas a fim de fortalecer as cooperativas dos Estados Unidos?
As cooperativas não são bem conhecidas e compreendidas pelas pessoas nos Estados Unidos. Isto soa estranho, já que 1 em cada 3 pessoas nos EUA é membro de cooperativas. Como isso é possível? Bem, muitas pessoas não sabem que as cooperativas de crédito (“credit unions”) são cooperativas fínanceiras. E mesmo que obtenham sua energia elétrica a partir de uma cooperativa ou façam suas compras em uma cooperativa de consumo, não entendem o modelo de negócio.
Parte da responsabilidade por essa realidade é de nosso sistema educacional, desde a educação pré-escolar até a universidade, que não ensina o modelo cooperativo. Este é um dos nossos maiores desafios.
A entrevista acima demonstra que o maior desafio das cooperativas, seja nos EUA, seja no Brasil, é o fato das pessoas desconhecerem o que é uma cooperativa. O fato de desconhecer este modelo de negócios e seus diferenciais faz com que as pessoas escolham as empresas tradicionais para fazer seus negócios, em detrimento das cooperativas, ou melhor, em detrimento de si mesmos.
Na edição 75 da mesma revista consta matéria abordando a “Comunicação Interna: diversidade de público – problema a ser equacionado pelas cooperativas” enfatizando que “falamos para nós mesmos. É necessário começar a falar para quem está de fora da cooperativa e do cooperativismo.” Com variações semânticas e com textos mais ou menos elaborados, essa é a afirmação comum quando se fala na difusão dos ideais cooperativistas e da doutrina que permeia a atividade.
No dia a dia, é usual os cooperados nao saberem explicar o que é uma cooperativa e pouco se sentirem motivados a participar dos rumos e das decisões, basta conferir o percentual de associados que se fazem presentes às assembleias, sejam ordinárias ou extraordinárias. Por outro lado, afirma a matéria, os funcionários nem sempre sabem as diferenças entre uma cooperativa e uma organização foçada no capital.
Ao mesmo tempo, os cooperados tem a obrigação de, pelo menos, informar-se sobre os princípios que regem o cooperativismo e qual é, como associado, sua função, direitos e obrigações.
Eis aí um bom tema a ser discutido nas cooperativas e reuniões dos conselhos de administração.
fonte: MundoCoop
Muito boa matéria, ela nos mostra o quanto temos que trabalhar na informação do modelo cooperativista em todos os segmentos da sociedade.
Que bela discussão, vou tentar contribuir.
Concordo que a Educação Cooperativa é importante, porém, não é o mais urgente.
No mundo atual, não temos tempo para isto. A frase é forte e não quer dizer que a educação deve ser deixada de lado. Ninguém lê “textão” no Facebook ou vê vídeos com mais de 3 minutos, assim como, as pessoas precisam ver valor na Cooperativa antes de buscar ou aceitar mais conhecimento.
Se quisermos ganho rápido em escala, precisamos comunicar a população das vantagens das Cooperativas diretamente. É ganho real, é economia de dinheiro, é o atendimento que só as Cooperativas oferecem. A mensagem precisa ser direta, rápida e divulgada na maior escala possível. Nenhuma Cooperativa, sequer um sistema, possui verba suficiente para este impacto em mídia, portanto, a união de todos é a chave.
Primeiro precisaremos trazer as pessoas para dentro das Cooperativas, para depois sim, educar.