Cooperativismo de Crédito movimenta R$ 18 bilhões em Minas Gerais

Segmento conta com mais de 1 milhão de cooperados e representa uma alternativa vantajosa em relação às instituições bancárias tradicionais.

Dados divulgados na 13ª edição do Anuário de Informações Econômicas e Sociais do Cooperativismo Mineiro, publicado pelo Sistema Ocemg, mostram a força do ramo Crédito em Minas Gerais. Dos 10 setores analisados, este foi o que apresentou a maior movimentação econômica em 2017: R$ 18 bilhões – um crescimento de 7,1% em relação ao período anterior. O Estado conta atualmente com 187 cooperativas de crédito, com 751 postos de atendimento, distribuídos em 485 municípios. Juntas, elas somam 1.197.170 cooperados (um aumento de 79 mil no último ano) e 9.950 empregados.

Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg, destaca esse crescimento como um indicador da crescente confiança da sociedade mineira para com as cooperativas de crédito. “O sucesso das cooperativas de crédito mostra que os mineiros querem administrar seus próprios recursos. E administram bem, porque as cooperativas captam recursos no mercado pagando mais e emprestam cobrando menos, retornando o recurso para movimentar a economia local. Essa é a essência do cooperativismo de crédito”, observa.

As cooperativas de crédito foram responsáveis, ainda, por 38,7% de toda a movimentação econômica do cooperativismo mineiro no ano que passou. Para se ter uma ideia da dimensão da participação de Minas Gerais no segmento, no Brasil existem 976 cooperativas de crédito, de acordo com dados do Sistema OCB (2015). Em todo o país, os ativos administrados pelas cooperativas de crédito superam R$ 200 bilhões.

HISTÓRICO DE CRESCIMENTO

O ramo Crédito apresentou um crescimento de 82,7% em seu patrimônio líquido nos últimos cinco anos, alcançando o montante de R$ 4,9 bilhões. Em ativos totais, as cooperativas mineiras de crédito alcançaram um aumento de 97,7% no período, além da expansão de 58,6% no capital social. No que diz respeito às sobras, o ramo crédito apresentou uma alta de 61,9%, totalizando R$ 447 milhões nos últimos cinco anos.

AS MAIORES DE MINAS

A maior cooperativa de crédito em Minas Gerais, em número de cooperados, é o Sicoob Credicom (Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Médicos e Profissionais da Área de Saúde de Minas Gerais), com 47.946 cooperados. A organização registrou um crescimento de 7,9% em 2017 em relação ao ano anterior.

Outras quatro cooperativas, de diferentes regiões de Minas, se destacaram pelo expressivo aumento no número de cooperados no ano passado: Sicoob Credimepi (Cooperativa de Crédito de Livre Admissão do Médio Piracicaba e do Circuito do Ouro), com um crescimento de 29,1%; Sicoob Credivar (Cooperativa de Crédito de Livre Admissão da Região de Varginha), com aumento de 24,6%; Sicoob Credivertentes (Cooperativa de Crédito de Livre Admissão Campos das Vertentes), com aumento de 21,6%; e Sicoob Saromcredi (Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de São Roque de Minas), com ampliação de 20,3% no número de cooperados.

As cooperativas também se destacam pelo volume de operações de crédito – Ano Base 2017. Neste aspecto, as quatro maiores são: Sicoob Credicom (Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Médicos e Profissionais da Área da Saúde de Minas Gerais), que movimentou mais de R$ 688 milhões; Sicoob Centro-Oeste (Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Itaúna e Região), com operações que totalizaram R$ 545 milhões; Sicoob Agrocredi (Cooperativa de Crédito de Livre Admissão do Sudoeste de Minas Gerais e Nordeste de São Paulo), que movimentou cerca de R$ 477 milhões; e Sicoob Credicopa (Cooperativa de Crédito de Livre Admissão do Oeste Mineiro), que realizou operações de mais de R$ 433 milhões.

SISTEMA COOPERATIVISTA É MAIS VANTAJOSO QUE INSTITUIÇÕES TRADICIONAIS

O cooperativismo de crédito tem se destacado cada vez mais devido a sua abordagem mais humana do Sistema Financeiro. O segmento proporciona produtos e serviços mais acessíveis à sociedade, a preço justo e em condições vantajosas. As cooperativas de crédito buscam oferecer, além de dinheiro, educação e inclusão financeira, além de soluções personalizadas às necessidades de cada cooperado.

TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE O COOPERATIVISMO DE CRÉDITO:

Cooperativas de crédito são restritas a alguma categoria ou tipo de atividade?

Elas podem ser formadas por pessoas de diversas profissões ou atividades, como agricultores, pequenos e microempresários e microempreendedores e também podem ser de livre admissão, nas quais coexistem grupos de associados de diversas origens e atividades econômicas.

As cooperativas de crédito oferecem os mesmos tipos de produtos e serviços que os bancos?

Em linhas gerais, a parte operacional e as funcionalidades das cooperativas são muito semelhantes aos bancos comuns. A grande diferença está no fato de que os cooperados são, ao mesmo tempo, donos e usuários das cooperativas, podendo, assim, participar de sua gestão e usufruir de seus produtos e serviços como um cliente comum. As cooperativas, portanto, oferecem os principais serviços dos bancos, como aplicações financeiras, conta corrente, cartão de crédito, financiamentos e empréstimos.

Qual é a média das taxas de juros praticadas pelas cooperativas?

As cooperativas normalmente oferecem taxas de juros reduzidas e muitas não cobram nem tarifas por seus serviços, como fornecimento de talões de cheques, transferências, cadastros. A outra boa notícia é que os rendimentos normalmente são maiores do que os oferecidos pelo mercado.

Como funciona a distribuição dos lucros?

Cada associado é dono de uma parte do negócio, tendo direito a voto igualitário nas assembleias e podendo participar nas decisões e ajudar a decidir como serão os rumos das cooperativas. Cada membro tem uma participação nas sobras – nome dado ao “lucro” – ao final do ano. É preciso haver sobras para manter a instituição funcionando, mas esse resultado é isento de tributos e se reverte em benefício ao associado. As “sobras” são distribuídas entre todos na proporção das operações individuais, reduzindo ainda mais o preço final pago pelos cooperados e aumentando a remuneração de seus investimentos, o que significa redução de taxas de juros e tarifas.

É necessário pagar para se associar a uma cooperativa?

Para se associar a uma cooperativa é necessário comprar a chamada Quota Parte. Na maioria das instituições financeiras cooperativas existentes no país, o capital social exigido para ingressar como sócio é bastante baixo, de cerca de R$ 100,00. Este capital pode ser resgatado quando o sócio decidir sair da cooperativa. Essa Cota Parte normalmente é remunerada anualmente conforme rendimento da TR.

Existe algum tempo de garantia para os investimentos, em caso de caso de intervenção ou de liquidação extrajudicial?

Sim. Os depósitos em cooperativas de crédito têm a proteção do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop). Esse fundo garante os depósitos e os créditos mantidos nas cooperativas singulares de crédito e nos bancos cooperativos em caso de intervenção ou liquidação extrajudicial dessas instituições. Atualmente, o valor limite dessa proteção é o mesmo em vigor para os depositantes dos bancos. (R$ 250.000,00)

O SISTEMA OCEMG

O Sistema Ocemg é formado pela junção de duas instituições: o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), órgão de representação política, sindical-patronal e de defesa do cooperativismo no Estado; e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop-MG), responsável pelas atividades de formação profissional, monitoramento e promoção social das cooperativas de Minas.

1 comentário

  1. O merecido destaque do cooperativismo mineiro extrapola as fronteiras de MG. Em minhas palestras, em algumas regiões, sempre ouço de alguns presentes a dificuldade de fortalecer e ampliar cooperativismo devido a falta de uma “cultura cooperativista como na região Sul”.
    MG, como também ES e RO, p. ex, demonstram que a construção de um forte cooperativismo se faz com profissionalismo e dedicação.

    Parabéns a tod@s cooperativistas mineiros.

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