Número de profissionais capacitados na 2ª edição do Cooperjovem cresceu quase 40% e impactou 17.940 alunos.
O Instituto Sicoob reuniu no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (26/10/18), 150 professores, orientadores pedagógicos, diretores e representantes de outros setores da rede pública de ensino para debater sobre cooperação na educação. O encontro fez parte da segunda edição do Cooperjovem, que teve como tema ‘Ecos da Cooperação’. Este ano, a iniciativa comemora um aumento de quase 40% no número de profissionais capacitados, em relação a 2017.
Foram apresentados 18 Projetos de Educação Cooperativa (PECs), realizados em cidades como Campos dos Goytacazes, Carapebus, Bom Jesus do Itabapoana, São Francisco do Itabapoana, Mendes e Três Rios, implementados dentro e fora do ambiente escolar. Ao todo, 159 professores participaram da formação em 54 escolas, beneficiando diretamente 17.940 alunos através de 36 projetos.
Em Carapebus, por exemplo, um projeto desenvolvido na Escola Municipal Luiz Carlos Fragoso conscientiza a população para a importância da sinalização de trânsito na região da escola. Já em Bom Jesus, na Escola Municipal Otília Vieira Campos, os orientadores chamaram a atenção dos alunos para o descarte correto do lixo e a consequente preservação da saúde.
“Cooperar é uma atividade transformadora. Eu vejo as ideias fluindo: a equipe, por exemplo, trabalha com mais harmonia. Vejo como positivo também o resgate de valores que antes estavam esquecidos, como honestidade, igualdade e solidariedade”, destaca Maria Angélica Fonseca Nunes, secretária de Educação de Bom Jesus do Itabapoana.
Em Três Rios, a equipe da Escola Municipal Américo Silva desenvolveu um projeto de monitoria, uma cooperação entre os colegas, para ajudar os que registram desempenho ruim em alguma disciplina. Em Mendes, na Escola Municipal Amélia de Lima e Silva, os alunos têm encontros com profissionais de diversas áreas que auxiliam na escolha da carreira.
“Queremos que os profissionais colaborem para a construção do sonho dos nossos alunos, através da experiência deles e de práticas que permitem vivenciar um pouco das atividades”, destaca Thaís Dudley, que faz parte da equipe.
Logo na chegada ao Cooperjovem, os professores foram recebidos pelo grupo teatral Cia de Mystérios, que apresentou o espetáculo “Gigantes pela Própria Natureza”, sobre pernas de pau. Na apresentação, que contou com música e um passeio pelas tradições do folclore brasileiro, o grupo incentivou a participação de todos os presentes ao se apresentar de maneira integrada ao público.
Em seguida, Anna Penido, jornalista e diretora do Instituto Inspirare, falou sobre a importância entre conectar alunos e docentes, muitas vezes de gerações diferentes, dentro do espaço de ensino.
“A presença dos professores e a possibilidade de interagir com eles sempre me motiva. Trazer esse tema da cooperação para a agenda da educação é fundamental: é importante essa relação da escola com a comunidade, com as famílias, com os estudantes… Diante dos grandes desafios que temos atualmente, precisamos desse princípio para promover transformação”, destaca Anna.
Na sequência, José Pacheco, fundador da Escola da Ponte, em Portugal, falou sobre o conceito clássico que ajudou a criar e sobre os desafios da educação contemporânea. Ele exaltou o papel do Brasil no cenário internacional.
“A educação cooperativa é toda a área de educação. Só se aprende na cooperação. Nós aprendemos com os outros, não ensinamos para os outros. Estão na lei, na Base Nacional Curricular, muitos indícios de que a escola precisa se transformar em um espaço de cooperação. E, hoje, os projetos mais avançados de educação no mundo estão no Brasil”, elogia ele.
Na parte da tarde, os representantes das escolas tiveram a oportunidade de conhecer métodos e ferramentas cooperativas que podem ser usados em seus projetos. As Oficinas de Escuta, Comunicação Não Violenta, Jogos Cooperativos e Palavra Encantatória apresentaram caminhos que poderão ser úteis no dia a dia.
“Eu sou professor, minha formação é essa. Minhas pesquisas de Mestrado e Doutorado estão focadas na busca de uma linguagem mais adequada no trato com o outro. Quando eu trabalho com professores, sempre tento focar no relacionamento deles com os alunos e em como eles lidam com as dificuldades do cotidiano. Precisamos despertar a humanização no outro. A partir disso, podemos ensinar qualquer disciplina. Só o conhecimento pode fazer com que a criança se modifique e mude também o entorno onde vive”, defende Iran Pitthan, instrutor do Cooperjovem.
O Cooperjovem tem como compromisso promover uma mudança de comportamento no ambiente escolar, com foco no desenvolvimento de relações mais humanizadas entre professores e alunos, alunos e alunos, professores e direção, escola e pais e escola e comunidade.
“Quantas relatos transformadores vimos! Esse trabalho é uma possibilidade para sair do automático, pensar diferente. Ter a possibilidade causar esse incômodo saudável, que faça a pessoa repensar o que ela é como indivíduo e educadora é um dos pontos que eu acho mais importantes para continuar sendo trabalhados”, defende Silvana Lemos, coordenadora do Instituto Sicoob no Rio de Janeiro.