O cooperativismo inspirando as pessoas a serem protagonistas de um mundo melhor!
Nós que atuamos ou participamos do cooperativismo sabemos o poder transformador que ele tem, pois melhora a vida e o bem-estar de milhões de pessoas no país, gera resultados econômicos e sociais através de um jeito humanizado de fazer negócios.
Apesar disso, nem sempre é tarefa fácil explica-lo às pessoas que não fazem parte de modo a entenderem e, muito mais do que isso, desejarem juntar-se a esse “movimento do bem”.
Um dos fatores dessa complexidade reside no fato do cooperativismo ainda não ser tão conhecido e disseminado no Brasil, porém a principal razão, a meu ver, é a forma como tentamos explica-lo, pois falar dos pioneiros de Rochdale, dos princípios cooperativistas, do funcionamento da cota capital e de que a pessoa passa a ser dono do negócio, são pouco inspiradores e atraentes para quem não conhece, apesar de serem temas extremamente relevantes.
O fato, é que precisamos identificar o melhor momento para abordá-los, pois quando iniciamos por eles, é provável que o nosso interlocutor fique com olhar desconfiado, testa enrugada, inquieto (olhando para o relógio, mexendo no celular) ou apresentando forte indício de que está prestes a sair correndo!
Quando isso acontece e nos damos conta, rapidamente mudamos a estratégia e falamos algo como “mas aqui as taxas e tarifas são menores”. Na maioria das vezes, essa ação é exitosa e passamos a ter um novo associado/cooperado, ou melhor, um “correntista”, pois na visão dele, abriu uma conta, num lugar parecido com um banco, onde a principal diferença é o preço e o fato de ter “uma tal de cota capital” além de terem dito que ele passa a ser dono do negócio”.
Não estou dizendo que isso é ruim. Pelo contrário! É assim que o movimento vem crescendo ano após ano e, de fato, a sociedade brasileira e nosso país precisam de um spread bancário mais justo e, nesse aspecto, o cooperativismo de crédito exerce papel fundamental.
O pecado disso tudo é o fato das pessoas absorverem uma ideia equivocada de que o nosso principal diferencial é o preço!
Claro que o menor custo é uma das nossas expectativas e do nosso público. Aliás, essa premissa está intrínseca à natureza do nosso negócio, porém, sempre que tivermos que optar por uma estratégia competitiva de fato, sabemos que o ideal não é essa, pois não fideliza as pessoas e normalmente não as conecta emocionalmente com nosso empreendimento cooperativo.
Na minha visão, a estratégia de diferenciação e foco especializado em alguns nichos é o caminho, pois precisamos conhecer profundamente as necessidades, expectativas, opiniões e sentimentos do nosso público.
Por conta disso, precisamos estimular uma nova forma de pensar, agir e comunicar o cooperativismo, passando a fazê-lo de dentro para a fora, começando pelo “por que” o cooperativismo existe, ou seja, qual o propósito desse movimento transformador.
Esse novo formato, é inspirado no que defende Simon Sinek, no Círculo Dourado, de que as pessoas não compram “o que” você faz, mas “por que” você faz.
Simon cita que 100% das empresas sabem “O QUE” elas fazem, algumas sabem “COMO” fazem o que fazem e, poucas sabem “POR QUE” fazem o que fazem.
Por conta disso, normalmente a comunicação é feita somente pelo “O QUE” e “COMO”, não citando o “POR QUE”.
Um exemplo disso aplicado ao cooperativismo seria o seguinte:
– Inicia-se falando sobre O QUE: – “Somos uma cooperativa de crédito, que integra o Sistema A, B ou C, temos os mesmos produtos e serviços de um banco…”.
– Em seguida, fala-se sobre o COMO: “Utilizamos como base os princípios e valores cooperativistas, temos governança implantada com gestão profissional. A vantagem é que aqui você é dono do negócio…”.
É possível perceber no exemplo, que não foi apresentado o “POR QUE” existimos, onde se perde a oportunidade de fazermos com que as pessoas desejem fazer parte ou sintam-se pertencentes a essa causa.
Segundo Simon, os líderes e empresas mais inspiradoras e de sucesso seguem o Círculo Dourado, começando pelo “por que” o negócio existe, para que essa causa seja comunicada ao mercado e clientes a fim de que comprem os produtos por se identificarem e compartilharem os valores defendidos pelo seu negócio.
Baseado nisso, podemos criar o Círculo Dourado do Cooperativismo, para gerar cada vez mais conexão emocional com as pessoas a fim de inspirá-las a serem protagonistas de um mundo melhor.
Mas para isso, é preciso inicialmente, que esteja muito claro o propósito de cada cooperativa. O motivo pelo qual ela existe. O que aconteceria se ela não existisse mais? O que a cidade ou região perderiam? Por qual motivo cada dirigente ou colaborador levantam todos os dias para irem à cooperativa?
Essa é a primeira etapa de tudo e também é um movimento “de dentro para fora”, pois é preciso responder essas e outras perguntas para que todos “vivam” o propósito e o coloquem a frente de tudo no dia-a-dia nas relações com todos os envolvidos, especialmente os donos do negócio (associado/cooperado)!
A partir desse momento, potencializaremos o papel transformador do cooperativismo, mantendo seu crescimento com a sua essência fortalecida e, desse modo, conquistaremos novos espaços geográficos e mercados sim, mas o principal espaço será o coração das pessoas!
E quando isso acontecer, essas pessoas assumirão o papel de protagonistas de um futuro melhor, incorporando o jeito cooperativo de ser como estilo de vida, tornando assim, o mundo num lugar mais justo, feliz, equilibrado e com melhores oportunidades para todos, baseado no que o movimento 40 acredita e eu também acredito!
Vamos juntos, o mundo nos merece!
Excelente conteúdo esta matéria. Nos proporciona refletir nosso papel no cooperativismo se desejamos ser protagonistas e oferecermos o produto e o serviço com a qualidade que o associado e possível associado deseja adquirir.