Colocando à prova a capacidade de se adaptar às mudanças, a pandemia do coronavírus marcou uma era de desafios ao redor do mundo. Negócios e governos tiveram que utilizar da criatividade e perseverança para conseguirem se sobressair em um novo cenário de mercado, que mudou de caras da noite para o dia, e com o cooperativismo não foi diferente.
Protagonizando ações coletivas para gerar empregos, manter rendas e atender seus clientes, as cooperativas reforçaram sua representatividade para a economia do Brasil mostrando mais uma vez a resiliência em momentos de crise. Hoje, mesmo enfrentando percalços pelo caminho, o movimento registrou uma marca impressionante de 15,5 milhões de brasileiros fazendo parte do sistema. Mas afinal, o que esperar do cooperativismo daqui para frente?
Durante esse período de instabilidade, as pessoas descobriram a importância da cooperação e da sustentabilidade, e as empresas que se mantiveram firmes foram justamente as que criaram algo para a sociedade, atuando em prol do desenvolvimento das comunidades. Porém, essas características, que eram encaradas como novas para alguns, já eram exercidas pelas cooperativas desde sua criação. Em mais de 170 anos, o modelo cooperativo vem se atualizando para conseguir seguir as mudanças, disseminando informação, educação e formando gestores para pensar diferente da maioria.
Diante da pandemia, os principais obstáculos enfrentados vão desde conseguir manter uma boa liderança e um relacionamento humano, até aprimorar a capacidade de inovar, seja externa ou internamente. E no meio dessas descobertas, foi possível perceber que a tecnologia estava muito mais preparada para amparar os negócios do que imaginávamos, mas ela sozinha não gera transformação! O mundo precisou mais do que nunca das pessoas e da cooperação.
Com alívio, 2020 chegou ao fim. Mas muito se engana quem pensa que 2021 será um ano mais tranquilo. Fazer a economia girar ainda é prioridade e apenas redes de trabalho colaborativos e sustentáveis conseguirão seguir as premissas de uma nova sociedade de consumo.
O ano da superação
Indo na contramão do declínio causado pela pandemia, o movimento cooperativista se fortaleceu em muitos aspectos durante a crise financeira. Os ramos, que passaram por uma nova estrutura e foram reduzidos de 13 para 7, conseguiram maiores resultados e espaços para suas cooperativas, que vem se expandindo constantemente em todos os setores. Atualmente, o Brasil soma mais de 2.522 cooperativas que possuem mais de 20 anos de atuação no mercado e, dessas, 591 tem mais de 40 anos de existência.
Que 2021 seguirá trazendo muitas oportunidades e adversidades é um fato, mas a principal provocação é a necessidade de manter o olhar atento para conseguir usar os acontecimentos de 2020 como uma plataforma de aprendizado para o desenvolvimento.
E pensando em esclarecer e entender os panoramas dos setores para esse ano, a MundoCoop convidou os coordenadores nacionais e representantes estaduais dos 7 ramos do cooperativismo para fazer uma análise de expectativas e previsões sobre o futuro de cada um deles e, trouxemos também especialistas em suas áreas para discutir as 5 tendências que estarão mais presentes do que nunca no mercado!
As transformações serão inúmeras e os próximos passos são essenciais para conseguir sobreviver no futuro! No final das contas, qual é realmente a bola da vez de 2021?
Ramo Crédito: Cenário positivo
Desde movimentações básicas até as mais complexas, a presença de instituições financeiras sempre foi imprescindível na vida das pessoas e quando o assunto é atender as necessidades da população, o cooperativismo de crédito vem se tornando cada vez mais a melhor alternativa.
Em um ambiente onde todos os correntistas são donos do negócio, o objetivo central não é o acumulo de lucro, mas ouvir e oferecer soluções para o cooperado, estimular o empreendedorismo e promover a educação financeira. Tudo isso com amplas opções de produtos, serviços e condições que fazem com que as cooperativas se destaquem no mercado que estão inseridas.
E, comprovando serem importantes agentes de desenvolvimento social e econômico, as cooperativas de crédito são as únicas instituições financeiras fisicamente presentes em 594 municípios brasileiros. Um dos inúmeros motivos pelo qual o Banco Central tem incentivado o crescimento e valorização desse movimento. Além disso, o setor é composto por 827 cooperativas com registro ativo junto à OCB que, juntas, englobam mais de 10 milhões de cooperados e geram mais de 71 mil empregos. Ainda, os ativos totais do ramo superaram R$ 310 bilhões, em 2019, demonstrando grande capacidade na obtenção de resultados positivos por parte das cooperativas.
Para Marco Almada, Presidente da Instituição Financeira Cooperativa Sicoob e coordenador do Ramo Crédito: “A atipicidade de 2020 trouxe para o mundo uma condição inédita, com mudanças no cenário social e econômico. Para o cooperativismo financeiro, o contexto nos exigiu resiliência e inovação; no Sicoob, em linha com os esforços gerais, essa situação significou um considerável empenho para amparar nossos cooperados e cooperativas para o enfrentamento das adversidades.
Fizemos esforços para prorrogar dívidas, dar fôlego e não exigir caixa para emprestar; tivemos boas atuações via Pronampe, FGI-PEAC, PESE e PEAC (linhas emergenciais para cooperados e cooperativas), sempre sendo uma das instituições privadas mais ágeis para oferecer esse crédito. Só para o público MPEs, o aumento da nossa atuação foi de 64%, liberando R$ 4,1 bilhões.
É imprescindível que continuemos atuando vigorosamente empenhados na execução de nosso propósito, levando aos nossos cooperados justiça financeira e prosperidade. Porém, não somos desobrigados a oferecermos resultado, então a expectativa para os próximos anos é dobrar o número de cooperados, triplicar a carteira de crédito e a captação, bem como aumentar os índices de cobertura e rentabilidade.”
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Fonte: MundoCoop