Entenda por que, mesmo com o aumento da taxa, a inflação não tem diminuído.
Muito tem se falado sobre o aumento da taxa Selic, assim como da inflação. Mas qual a sucessão de acontecimentos para que se chegue ao cenário atual, tanto com a inflação quanto com a Selic em alta? Antes de mais nada, é importante entender como cada uma delas funciona. A inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços, o que faz com que o dinheiro perca valor no período e geralmente acontece quando há um desequilíbrio entre oferta e demanda. Já a Selic é a taxa básica de juros, utilizada pelo Banco Central, entre outros motivos, para conter a inflação.
Isso significa que, com a taxa Selic em alta, o crédito fica mais caro e o consumo é desestimulado, como consequência, é possível reduzir a inflação. O problema é que a falta de mão de obra e de produtos, ocasionada pela retração econômica da Covid-19 aliada à rápida recuperação da China, segue impactando no índice de preços no mercado nacional. Ou seja, mesmo subindo, a Selic não tem conseguido derrubar a inflação nos últimos meses. E qual é a explicação para isso?
“A combinação dos preços internacionais em elevação e o Real em depreciação refletiu na elevação da inflação do período. Vale lembrar que a taxa de câmbio elevou a rentabilidade das exportações brasileiras, gerando elevação de preços no mercado interno mesmo em um contexto de contração da demanda e crescimento do desemprego”, pontua Cesar Augusto Fabre, diretor Executivo, de Riscos e Administrativo da CredCrea, cooperativa de crédito integrante do Sistema Ailos.
Com o Banco Central elevando a taxa de juros, a expectativa é que haja uma estabilização da taxa de câmbio, o que deve permitir um melhor controle dos preços internacionais para a economia brasileira. Mas, mesmo com a inflação estável, ela deve seguir alta.
“O próximo ano será muito volátil por causa da eleição, principalmente no Dólar. A taxa de juros básica não deve oscilar tanto quanto em 2021, desde que a inflação comece a convergir para a meta de 2023. Já falamos de 2023, pois como o efeito de uma alteração de taxa de juros demora a ser sentido na economia, qualquer efeito de alteração agora ou no ano que vem só será sentido no futuro”, complementa o especialista de investimentos da Central Ailos, Alfrânio Rodrigo Trescher.
Então, o que devemos esperar?
O Boletim FOCUS, divulgado pelo Banco Central, projeta que os juros ainda devem subir para 8,25% a.a. neste ano e para 8,50% a.a. durante 2022, com possível redução para 6,75% a.a. em 2023. Por isso, entender o impacto do aumento da Selic sobre outros indicadores econômicos e financeiros é essencial para todos, especialmente aqueles que querem ou precisam de crédito pessoal nos próximos meses – seja empréstimo, financiamento ou outras linhas.
“Quando o Banco Central sobe as taxas de juros, a intenção é reduzir o consumo e conter a alta de preços. Como é exatamente isso que ele está fazendo agora, a tendência é de que a população prefira guardar dinheiro do que investir na economia real”, acrescenta Trescher.
Porém, nem sempre a elevação da Selic é ruim. Ela beneficia, por exemplo, os investimentos de renda fixa, que oferecem uma remuneração baseada em juros.
“É o caso dos títulos públicos do Governo Federal e dos Recibos de Depósito Cooperativo (RDCs) emitidos pelas cooperativas do Sistema Ailos”, comenta Fabre.
Para o crédito e o financiamento, segue um alerta: “É preciso verificar se a taxa de juros contratada no empréstimo ou financiamento é pré ou pós-fixada. A taxa de juros pós-fixada poderá representar um potencial problema futuro, já que a Selic ou índice de inflação podem subir substancialmente e incrementar de forma indesejável as suas parcelas. Neste caso, eu recomendaria quitar ou substituir o crédito por uma taxa pré-fixada”, orienta Fabre.
Sobre o Ailos
Constituído em 2002, o Ailos é um Sistema de Cooperativas de Crédito e conta com mais de 1,1 milhão de cooperados, uma cooperativa central, 13 cooperativas singulares e uma corretora de seguros, mais de 240 postos de atendimento e mais de R$ 13 bilhões em ativos. Com atuação nos três estados do Sul do país, possui cerca de 4 mil colaboradores, contribuindo com o crescimento sustentável e desenvolvimento social das comunidades onde atua. As cooperativas singulares que compõem o Ailos são: Acentra, Acredicoop, Civia, Credcrea, Credelesc, Credicomin, Credifoz, Crevisc, Evolua, Transpocred, Únilos, Viacredi e Viacredi Alto Vale.