O Sicredi, maior cooperativa de crédito do Brasil planeja passar de 8 milhões de clientes para 10,5 milhões até 2025
O cooperativismo de crédito cresce no mundo e já chega a cerca de 400 milhões de associados, em quase 90 mil cooperativas, em 118 países, segundo o mais recente relatório estatístico do World Council of Credit Unions (WOCCU), elaborado a partir de dados fornecidos pelas cooperativas de crédito membros e afiliadas. No Brasil, a taxa de penetração é de 11,4%, ainda modesta se comparada à de países do Hemisfério Norte, da África e Ásia.
É justamente essa margem, que mostra um potencial de crescimento no mercado brasileiro, e as características próprias desse tipo de negócio que levaram Cris Duclos a assumir a diretoria executiva de marketing e experiência no Sicredi. Trata-se da maior cooperativa de crédito do Brasil, com o total de R$ 324,5 bilhões em ativos no ano passado, um crescimento de 23,2% em relação ao ano anterior.
Nesse cenário, o marketing passa a desempenhar um papel essencial: ajudar o Sicredi a chegar a 10 milhões de associados até 2025. Hoje, são 8 milhões. Para Duclos, o marketing pode ajudar a ampliar o conhecimento da marca e o papel das cooperativas de maneira geral, que ela considera ainda pouco difundido.
“Se você considerar que o segundo maior banco da França é uma cooperativa (Credit Agricole), que nos Estados Unidos a participação de cooperativas é de mais de 60%, fica claro o potencial de crescimento em um país como o Brasil. Há muito desconhecimento a respeito desse mundo das cooperativas, especialmente nos grandes centros”, afirma Duclos.
Diferenciais de uma cooperativa
A executiva se refere ao propósito e papel social de negócios baseados no cooperativismo. Essencialmente, o que diferencia uma operação como o Sicredi de uma operação tradicional de crédito é que os clientes são, ao mesmo tempo, proprietários ou membros, e seu principal objetivo é atender às necessidades financeiras desses membros, não maximizar os lucros, como em outras instituições comerciais controladas por acionistas.
Além disso, na cooperativa a governança é democrática, os sócios têm voz ativa na gestão e podem votar nas assembleias, influenciando diretamente as decisões e os rumos do negócio.
Crescimento do número de agências do Sicredi
Duclos conta que o Sicredi tem aberto uma agência a cada dois dias, dentro do plano de elevar a base de clientes. Hoje, são 104 cooperativas, coordenadas por cinco centrais, com uma diretoria executiva focada em estratégia. Ao todo, são 45 mil colaboradores, 300 deles na área de marketing. Os mercados onde a marca tem maior penetração com mais de 300 serviços financeiros são no Sul, São Paulo e região central do país.
“Agência física é um ativo importante, pois o nosso negócio é muito baseado em relacionamento. Já estamos em 2 mil cidades no país, temos uma capilaridade muito grande, que outras instituições não têm”, observa, ao destacar também o papel do serviço digital.
Avanço junto as empresas
Em créditos fornecidos, o Sicredi atende hoje em proporções razoavelmente equilibradas pessoas físicas, jurídicas (especialmente micro e pequenas empresas) e clientes do agronegócio. Mas em volume de clientes, 75% da carteira é de pessoas físicas. Por isso, o principal foco é conquistar mais pequenas e médias empresas.
Resultados financeiros
Em 2023, o resultado líquido do Sicredi foi de R$ 6,9 bilhões (um aumento de 16,5% em relação a 2022), dos quais R$ 2,9 bilhões foram direcionados para os associados em conta corrente, poupança ou capital social, distribuição que é um dos diferenciais do modelo de negócio. A destinação é votada em assembleia, em cada cooperativa, e cada associado recebe uma quantia compatível à sua geração de receita ao longo do ano com uso de produtos e serviços do portfólio do Sicredi.
Além disso, R$ 344,7 milhões foram direcionados ao Fundo Social Sicredi, que investe em projetos para desenvolvimento social e o Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, de apoio aos associados, colaboradores e a comunidade em geral. Como as cooperativas de crédito não visam o lucro, o restante do resultado é direcionado a outras obrigações.
“Enxergo no Sicredi o mesmo que vi em outras empresas em que trabalhei ao longo dos últimos 20 anos, do ponto de vista tecnológico e de inovação. Mas, com uma pegada social muito forte”, diz Duclos.
O desconhecimento é o maior concorrente
Os concorrentes do Sicredi são todas as empresas que fornecem algum serviço financeiro. Mas Duclos destaca que “a briga não é pela fatia do bolo, e sim por aumentar o bolo, para bancarizar e incluir mais pessoas e poder prover serviços para mais gente”.
“Talvez o nosso maior competidor seja o desconhecimento, por isso temos investido bastante, desde outubro do ano passado, em campanhas publicitárias com veiculação em TV nacional, o que nunca havia sido feito, usando muito o digital e influenciadores. Foi o primeiro investimento concentrado que o Sicredi fez”, conta.
A diretora se refere à campanha “Não é só dinheiro, é ter com quem contar”, que recorreu à música do cantor Tim Maia: “Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)”, interpretada pelos artistas Leo Santana e Ana Castela. A campanha prosseguirá no segundo semestre com histórias reais dos associados da cooperativa.
Fonte: valor.globo.com