Dados recentes do Banco Central indicam um avanço significativo no crédito rural, com um aumento de 11% no desembolso total, alcançando a cifra de R$ 398,7 bilhões no período de julho de 2023 a junho de 2024.
Este montante supera em 11% os R$ 359,1 bilhões do ciclo anterior, embora não tenha atingido o total de R$ 435,8 bilhões previstos para o Plano Safra 23/24.
Bancos Privados cresceram mais
O incremento notável foi liderado pelos bancos privados, que desembolsaram R$ 102,9 bilhões, um salto de quase 57% em relação ao período anterior. Instituições como Bradesco, Itaú e Santander foram as principais responsáveis por esse crescimento, superando as cooperativas de crédito e ficando atrás apenas dos bancos públicos, com destaque para o Banco do Brasil.
Letras de Crédito do Agronegócio
A expansão das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) foi um fator determinante para esse resultado. A exigência de aplicação desses recursos em financiamento rural aumentou de 35% para 50%, impulsionando a atuação dos bancos privados. As LCAs, isentas de imposto de renda para investidores, representaram 39,5% do total do crédito rural, com um desembolso de R$ 157,58 bilhões.
Os especialistas apontam que os bancos privados adaptaram suas estratégias, direcionando as LCAs para linhas de comercialização e industrialização, consideradas de menor risco. Isso ocorreu em um contexto de queda nos preços das commodities e impactos climáticos adversos no setor agrícola.
As linhas de comercialização registraram um aumento de 44,7%, e os desembolsos para industrialização dobraram, refletindo a preferência por operações de menor risco. A expectativa é que a participação das LCAs continue crescendo no próximo Plano Safra, devido à sua atratividade.
Apesar dos desafios impostos pela queda nos preços das commodities e a necessidade de renegociações, os bancos conseguiram manter o crescimento das carteiras de crédito. O desempenho poderia ter sido ainda mais expressivo se não fossem esses obstáculos.
Custeio e Investimento
Os desembolsos para custeio e investimentos se mantiveram estáveis, mas, quando ajustados pela inflação, indicam uma retração. Observou-se uma redução nos investimentos, especialmente entre os grandes produtores, enquanto o acesso ao crédito aumentou significativamente para pequenos e médios agricultores.
O governo está prestes a anunciar o Plano Safra 24/25, que disponibilizará R$ 475,5 bilhões em crédito, com alocações específicas para a agricultura familiar, médios produtores e grandes produtores.
Por Portal do Cooperativismo Financeiro