Inovar, afinal, é encontrar uma nova solução para um problema. Dentro dessa definição, o cooperativismo nasceu de uma inovação há 180 anos, quando 28 operários de Rochdale, no interior da Inglaterra, fundaram a Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale. A ideia era adquirir alimentos em grandes quantidades e, assim, conseguir preços melhores. Essa iniciativa, de união e colaboração, plantou a semente do cooperativismo.
Mais moderno e relevante do que nunca, a ONU elegeu 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas graças à relevância do setor para o desenvolvimento social, econômico e sustentável. Assim, a ONU quer disseminar políticas de incentivo ao cooperativismo ao redor do planeta.
O modelo de negócios cooperativista está crescendo no mundo todo enquanto gera riqueza para as comunidades, proporciona inclusão financeira, atua em prol da sustentabilidade e melhora as condições de trabalho.
Como é possível que o modelo de negócios cooperativista, com 180 anos de história, tenha tanto impacto diante do mundo contemporâneo e apresente soluções para os dilemas do futuro? Para responder, é preciso voltar a Rochdale.
Os Pioneiros de Rochdale construíram um alicerce que até hoje guia todo o modelo de negócios cooperativista: os princípios do cooperativismo. Eles foram adotados globalmente e, com o tempo, passaram por ajustes e modernizações, mas o espírito segue o mesmo desde o início. Hoje, eles são:
- Adesão voluntária e livre
- Gestão democrática
- Participação econômica dos membros
- Autonomia e independência
- Educação, formação e informação
- Intercooperação
- Interesse pela comunidade
Em compasso com os desafios modernos
Em meio a um mundo de transformações, as cooperativas são protagonistas para lidar com os dilemas e desafios que se impõem. O futuro é colaborativo e, consequentemente, cooperativista.
A partir desses princípios, o cooperativismo persiste como um modelo de negócios não só competitivo, mas também aderente às principais tendências econômicas e mercadológicas. A agenda ESG, por exemplo, já está nos princípios cooperativistas muito antes de o conceito de ESG sequer existir.
Além disso, o cooperativismo mostra força para unir empreendedorismo, competitividade, justiça social e redução da desigualdade. Ao gerar riqueza para as comunidades enquanto promovem uma sociedade mais justa, as cooperativas agem em prol de um mundo melhor e mais próspero, sem nunca deixar de lado o foco na gestão. É assim que a perenização acontece.
O cooperativismo também cumpre um papel fundamental para a inclusão financeira das comunidades em todo o país. Segundo o Banco Central, em 2022, 300 municípios eram atendidos somente por cooperativas de crédito. É assim desde o começo: a primeira cooperativa do país, a Sicredi Pioneira, nasceu em 1902 em Nova Petrópolis/RS, para prestar serviços de crédito inexistentes na região e, com isso, desenvolver a economia local. Agora, esse já é um segmento com mais de 15 milhões de pessoas e R$ 656 bilhões em ativos.
No campo, o cooperativismo agropecuário reúne 1 milhão de produtores cooperados que levam comida para as mesas do Brasil e do mundo, produzem combustíveis que movem a economia e proporcionam matérias-primas para inúmeras indústrias. Segundo o AnuárioCoop, o Ramo tem R$ 267 bilhões em ativos totais. Já no mercado externo, as cooperativas apoiadas pela ApexBrasil exportaram mais de R$ 7 bilhões de reais em 2022.Tudo isso acontece com inovação e tecnologia, tornando o setor mais competitivo, produtivo, sustentável e moderno.
Já no setor de saúde, o Sistema Unimed, que soma mais de 20 milhões de clientes, é líder global, aponta o World Cooperative Monitor 2023. Além disso, o Sistema Unimed ocupa o 4° lugar do ranking no critério de volume de recursos movimentados sobre o PIB per capita dos países em que atuam.
Presente e futuro
Hoje, o cooperativismo se consolidou como modelo de negócios competitivo, ampliou os ramos de atuação e conquistou um espaço de protagonismo na economia global. A International Cooperative Alliance revela que cerca de 1 bilhão de pessoas estão ligadas ao cooperativismo ao redor do mundo. Ao todo, são 3 milhões de cooperativas.
No Brasil, o Sistema OCB contabiliza mais de 4,6 mil cooperativas de sete ramos que reúnem 20,5 milhões de cooperados. Ano após ano, o cooperativismo cresce. Segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro o setor tinha quase R$ 1 trilhão em ativos totais em 2022.
Em todos os seus sete ramos de atuação, o cooperativismo segue na vanguarda. Gerando energia limpa, inovando no mercado de saúde, levando alimento para mesa do brasileiro, gerando eficiência nos transportes, proporcionando condições favoráveis ao consumo, gerando oportunidades de trabalho, fomentando a economia circular e criando infraestrutura.
Dentro de um mercado em que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com o impacto daquilo que consomem, o cooperativismo é um modelo de negócios alinhado às novas lógicas comerciais. Com isso, agrega valor e oferece oportunidades de renda e crescimento para empreendedores de todas as áreas.
Ao gerar riqueza para cooperados e proporcionando produtos e serviços de qualidade para seus clientes, as cooperativas estão construindo o futuro a partir das fundações implementadas em 1844, que permanecem tão sólidas quanto solidárias. No cooperativismo, a modernidade vem da tradição.
Fonte: g1