O Banco Central do Brasil divulgou o relatório “Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo” referente ao ano de 2023, destacando o crescimento contínuo e os desafios enfrentados pelas cooperativas de crédito no país. Aqui estão os principais pontos abordados no documento:
As cooperativas de crédito apresentaram crescimento relevante durante o ano de 2023, reforçando seu papel no atendimento das necessidades financeiras dos seus cooperados pessoas físicas e jurídicas. É o que mostra o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC). Publicado anualmente, o Panorama traz uma análise da evolução do segmento nos últimos anos, com ênfase em 2023.
Expansão e Inclusão Financeira
– Redução de Cooperativas Singulares: O número de cooperativas singulares diminuiu para 768, principalmente devido a incorporações que visam melhorar a eficiência operacional. As incorporações são um importante instrumento para resolver dificuldades financeiras e operacionais, proporcionando ganhos de escala ao segmento.
– Aumento de Unidades de Atendimento: As unidades de atendimento cresceram 7,6%, totalizando 9.804, presentes em 57% dos municípios brasileiros. A região Sudeste teve o maior aumento absoluto de novos municípios atendidos, enquanto as regiões Norte e Nordeste tiveram os maiores aumentos relativos. A quantidade de municípios onde a cooperativa de crédito é a única alternativa presencial para obtenção de produtos e serviços financeiros também aumentou, reforçando o papel do SNCC na inclusão financeira.
– Crescimento de Associados: O número de associados atingiu 17,3 milhões, com um crescimento significativo nas regiões Norte e Nordeste. A região Sul continua sendo a mais representativa, com 48,2% dos cooperados PF e 39,8% dos cooperados PJ. A região Norte teve o maior crescimento relativo de PFs associadas, enquanto a região Nordeste liderou o crescimento de PJs associadas.
Desempenho Econômico-Financeiro
– Ativos Totais: Os ativos totais do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) cresceram 23,9%, atingindo R$730,9 bilhões. As operações de crédito, apesar da desaceleração no ritmo de crescimento, continuam sendo os ativos mais relevantes, totalizando R$445,8 bilhões. O crescimento dos ativos foi impulsionado principalmente pelos títulos de renda fixa e ativos de tesouraria.
– Captações: O estoque de captações aumentou 25,1%, totalizando R$581,6 bilhões. Os depósitos a prazo e as letras de crédito (LCA e LCI) foram os principais instrumentos de captação. A diversificação dos instrumentos de captação se consolidou, com destaque para as LCAs, que representaram 11,3% do total das captações.
– Patrimônio Líquido: O patrimônio líquido das cooperativas singulares cresceu 20,6%, alcançando R$98,8 bilhões. As reservas patrimoniais, decorrentes da retenção de parte das sobras do exercício, já correspondem a 44,3% do total do patrimônio líquido. O aumento da alavancagem financeira foi observado, com o crescimento das captações e dos ativos em ritmo superior ao do patrimônio líquido.
– Resultado: O resultado das cooperativas singulares foi de R$17,4 bilhões, com um crescimento de 15,5% em relação ao ano anterior. A rentabilidade do segmento recuou devido ao aumento do custo de captação e das despesas de provisão. A margem de crédito líquida atingiu o menor nível dos últimos cinco anos, impactada pela maior materialização do risco de crédito.
– Solvência: O nível de capital das cooperativas singulares manteve-se estável, com um Índice de Basileia consolidado de 20,7%. A maioria das cooperativas singulares possui significativa margem de capital, capaz de suportar a expansão da carteira de crédito. A capitalização agregada das cooperativas singulares continua em patamar confortável, suficiente para cumprir com folga as exigências estabelecidas nas normas em vigor.
Considerações Finais
– Inclusão Financeira: O SNCC continua a desempenhar um papel importante na inclusão financeira, especialmente em áreas menos atendidas por bancos tradicionais. A expansão da rede de atendimento e o aumento da base de cooperados reforçam essa tendência.
– Potencial de Crescimento: Há um grande potencial de crescimento para as cooperativas, especialmente em regiões onde a penetração ainda é baixa. O crédito total dos cooperados no SFN é dividido em 6,6% para associados que tomaram recursos exclusivamente no SNCC e 23,4% que contrataram somente nas demais entidades do SFN, sinalizando o grande potencial de crescimento para as cooperativas na própria base de clientes.
– Sustentabilidade: A geração consistente de resultados positivos e a retenção de sobras contribuem para a sustentabilidade e expansão do segmento. A margem de capital consolidada das cooperativas singulares alcançou R$41,7 bilhões em 2023, suficiente para suportar a expansão da carteira de crédito.
O relatório destaca a importância das cooperativas de crédito na promoção da inclusão financeira e no suporte ao desenvolvimento econômico, especialmente em regiões menos atendidas por bancos tradicionais. Com um crescimento robusto e uma sólida base de capital, as cooperativas de crédito estão bem posicionadas para continuar expandindo sua presença e impacto no sistema financeiro nacional.
Elaboração: Portal do Cooperativismo Financeiro – www.cooperativismodecredito.coop.br