Sistema Nacional de Crédito Cooperativo

Desafios enfrentados pelas cooperativas de crédito em 2023

De acordo com o relatório do Banco Central, Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, as cooperativas de crédito enfrentaram diversos desafios em 2023.

Crescimento da Carteira de Crédito e Risco

A carteira de crédito das cooperativas cresceu 16,4% no ano, totalizando R$ 445,8 bilhões. No entanto, a participação dos ativos problemáticos (APs) aumentou para 5,9%. Esse aumento dos APs indica uma maior materialização do risco de crédito, refletindo desafios na gestão da qualidade da carteira de crédito.

Aumento da Inadimplência

A inadimplência nas cooperativas de crédito aumentou, com a participação dos ativos problemáticos (APs) na carteira de crédito subindo para 5,9% ao final do ano. Esse aumento reflete a maior materialização do risco de crédito e a necessidade de provisões adicionais para cobrir possíveis perdas. A relação entre as provisões para perdas em crédito e os APs continuou a trajetória descendente iniciada em 2022, sinalizando uma tendência de retorno aos níveis pré-pandemia. A inadimplência das cooperativas junto a pessoas jurídicas atingiu os mesmos patamares do sistema financeiro nacional, com a participação dos APs evoluindo de 5,4% em 2022 para 6,9% em 2023. Para pessoas físicas, a participação dos APs na carteira aumentou de 4,1% em 2022 para 5,2% em 2023. No agronegócio, a inadimplência também cresceu, refletindo os desafios enfrentados pelo setor.

Despesas de Provisão

As despesas de provisão para créditos aumentaram 55,2% em 2023. Esse aumento significativo reflete a maior materialização do risco de crédito, com a relação entre as provisões para perdas em crédito e os APs (ativos problemáticos) continuando a trajetória de queda iniciada em 2022. A relação entre as provisões para perdas em crédito e os APs (índice de cobertura) alcançou 86,2% em 2023, ainda superior ao do Sistema Financeiro Nacional (SFN), que finalizou o ano em 79,9%. O nível de provisões para perdas de crédito cresceu de 4,3% da carteira em 2022 para 5,1% em 2023, consequência do aumento do risco das operações. A inadimplência das cooperativas junto a pessoas jurídicas atingiu os mesmos patamares do sistema financeiro nacional, com a participação dos APs evoluindo de 5,4% em 2022 para 6,9% em 2023. Para pessoas físicas, a participação dos APs na carteira aumentou de 4,1% em 2022 para 5,2% em 2023. No agronegócio, a inadimplência também cresceu, refletindo os desafios enfrentados pelo setor.

Despesas de Captação

As despesas de captação cresceram 38,9% em 2023. Esse aumento está relacionado à expansão do estoque de captações em um cenário de taxa Selic elevada. A representatividade das despesas de captação no total das despesas das cooperativas singulares aumentou, passando a representar 47,8% das despesas em 2023, comparado a 46,8% em 2022. Esse crescimento reflete o aumento do custo de captação devido à elevação das taxas de juros, impactando diretamente a rentabilidade das cooperativas.

Rentabilidade e Eficiência Operacional

A rentabilidade do segmento recuou, com o Retorno sobre Ativos (ROA) caindo de 3,1% para 2,9% e o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 20,3% para 19,4%. A queda na rentabilidade foi impactada pela elevação dos custos de captação e das despesas de provisão, além de um crescimento mais modesto das receitas de serviços.

Alavancagem Financeira

O patrimônio líquido (PL) das cooperativas singulares cresceu 20,6%, alcançando R$98,8 bilhões, mas a alavancagem financeira aumentou de 6,7 para 6,8. O crescimento do PL foi menor que o dos ativos e captações, resultando em maior alavancagem financeira, o que pode aumentar a vulnerabilidade a riscos financeiros.

Concentração de Ativos e Captações

63,4% das cooperativas singulares possuem ativos inferiores a R$500 milhões, representando apenas 9,7% dos ativos totais do segmento. A concentração de ativos e captações em um número relativamente pequeno de cooperativas pode limitar a diversificação e aumentar a vulnerabilidade a riscos específicos.

Regulamentação e Conformidade

A implementação da Resolução BCB 229/2022 impactou o Fator de Ponderação de Risco Médio das operações de crédito, aumentando o capital requerido. As cooperativas precisam se adaptar continuamente às mudanças regulatórias, o que pode exigir ajustes operacionais e estratégicos significativos.

Esses detalhes ilustram os desafios enfrentados pelas cooperativas de crédito em 2023, conforme o relatório do Banco Central.


Fonte: Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo destaca mais um ano de crescimento do setor (bcb.gov.br)

Elaboração: Portal do Cooperativismo Financeiro – www.cooperativismodecredito.coop.br

1 comentário

  1. Estes cenários apresentados acendem o Sinal de Alerta. É preciso trabalhar com estes indicadores para as tomadas de decisões.

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