O crescimento das apostas esportivas e seus impactos, por Márcio Port

No mês em que se reforçam ações de educação financeira no Estado por meio da 11ª Semana ENEF, Semana Nacional de Educação Financeira “Edição Especial: Rio Grande do Sul”, adiada devido às enchentes, somos impactados por manchetes nos principais veículos de comunicação sobre as consequências nocivas das apostas esportivas no bolso dos brasileiros. E é preciso falar abertamente sobre o tema.

Estudos mostram que essas atividades reduzem significativamente valores depositados em poupança, em especial, entre famílias financeiramente mais restritas, isto é, as que menos condição têm de guardar dinheiro. Essas famílias aumentam suas dívidas no desejo – e na ilusão – de que as apostas trarão ganhos reais.

Além disso, o ato de apostar incentiva comportamentos de risco, levando a um ciclo vicioso de perdas e novas apostas na tentativa de recuperar o que foi perdido. Dessa história todos sabem o fim: o comprometimento financeiro pode levar a tensões e conflitos familiares, afetando negativamente a dinâmica e a estabilidade do lar.

Além disso, muitas pessoas veem as apostas como investimento, mas acabam comprometendo seu orçamento sem obter o retorno esperado. Neste ano, o tema da Semana ENEF é “Proteção financeira contra fraudes e golpes”, palavras que não estão longe da realidade das apostas esportivas. Tentar a sorte ganha novo significado nos tempos atuais. Dado este cenário, o que se propõe é um convite à reflexão sobre o empobrecimento e o endividamento do brasileiro por meio da falta de informação a respeito das consequências de decisões incorretas, escondidas sob o sedutor e inofensivo véu do entretenimento. Alguém sempre ganha, e não é o cidadão comum.

É neste ponto que entra a questão da educação financeira – o ato de saber lidar com seu dinheiro. Por isso, se fazem prementes políticas públicas que eduquem o maior número de pessoas por meio da orientação e do incentivo de atitudes conscientes em relação ao uso do dinheiro e do crédito para uma vida financeira mais sustentável. Essa sim, é uma aposta que vale.


Márcio Port, Presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste – Publicado em Zero Hora (24.09.24)

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