Buscando traçar novos caminhos para o cooperativismo em todo o mundo, a Conferência Cooperativa Global da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) em Nova Delhi terminou na última semana reunindo diversos insights sobre as conquistas do cooperativismo no ano que termina, e os próximos passos para o movimento.
A conferência, organizada pela ACI e pelas 18 organizações membros da Aliança na Índia — que juntas representam quase 800 mil cooperativas e 290 milhões de cooperados —, ocorre em parceria com a Cooperativa de Fertilizantes dos Agricultores Indianos (IFFCO). Além disso, marca o lançamento do Ano Internacional das Cooperativas, programado para 2025, com o objetivo de intensificar o diálogo global sobre o papel das cooperativas.
Com mais de 4 mil cooperativas registradas, o Brasil ocupa posição de destaque no cenário global. O movimento brasileiro conta com uma capacidade única de transformar comunidades e gerar impacto positivo. Estudos mostram que a presença de uma cooperativa no país pode aumentar em até 18,5% o PIB per capita de um município, o que demonstra sua força econômica e social.
Por tal razão, a presença brasileira foi destaque durante a Conferência, com exposição de cases e participação em painéis sobre os próximos movimentos para impulsionar e solidificar o papel do setor como pilar do desenvolvimento contínuo.
A preservação do patrimônio cultural do cooperativismo ganhou um novo impulso nos encontros promovidos. Entre eles, um com a participação de Thiago Schmidt, presidente da Sicredi Pioneira, no painel Patrimônio Cultural e Propósito por meio do Cooperativismo, e o segundo, em reunião estratégica com Jeroen Douglas, diretor geral da ACI, para tratar sobre a proposta apresentada pelo presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, para resgatar e valorizar a memória do cooperativismo global a partir da estruturação de um grupo de trabalho voltado ao reconhecimento de sítios históricos do cooperativismo.
Durante o encontro, foram discutidos os primeiros passos para a estruturação do grupo de trabalho, com a definição de um cronograma inicial focado em atividades de levantamento histórico e articulação institucional. Como parte do planejamento, está prevista uma reunião em Brasília, em dezembro, para alinhar os detalhes finais do GT.
Thiago Schmidt reforçou o papel fundamental da história como elemento de união e inspiração no movimento. Ele destacou a importância de ir além do conhecido marco de Rochdale, na Inglaterra, considerado o berço do cooperativismo moderno. “Enquanto cooperativistas, precisamos difundir a evolução do movimento por meio das nossas experiências. Qualquer pessoa com quem conversamos no mundo conhece Rochdale. Queremos preservar essa referência, mas também difundir nossa identidade e mostrar que existem muitas outras histórias que merecem ser contadas. Divulgar essas narrativas fortalece o movimento e inspira novas gerações”, afirmou.
A Cresol, um dos maiores sistemas de crédito cooperativo do Brasil, também marcou presença. Participaram da conferência o vice-presidente da Cresol Confederação, Adriano Michelon; o presidente da Central Cresol Baser, Alzimiro Thomé; e o gerente de Relações Internacionais da Cresol, Jaap van Doorn. “Uma alegria participar da conferência, é um momento histórico para o cooperativismo de crédito, pois a ONU irá anunciar que 2025 será o Ano Internacional das Cooperativas, mesmo ano que comemoramos 30 anos do nosso Sistema Cresol”, destacou Michelon.
Ainda no âmbito institucional, o presidente do Sistema OCB/DF e membro do Conselho de Administração do Sescoop, Remy Gorga Neto, participou do painel “Integração da Educação e Pesquisa Cooperativa”, uma das sessões paralelas focadas em nutrir lideranças com propósito. Durante sua apresentação, Remy destacou o importante papel do sistema OCB em relação a Identidade e Educação Cooperativista e também a campanha nacional SomosCoop, que tem como objetivo consolidar uma identidade cooperativista unificada. “Essa campanha procura levar à sociedade informações e principalmente uma identidade cooperativista por meio de ações publicitárias. Queremos que as cooperativas brasileiras utilizem o SomosCoop nos seus produtos e serviços, intensificando o reconhecimento do cooperativismo, especialmente neste Ano Internacional das Cooperativas”, afirmou.
Propostas de inovação
Com um formato que privilegia debates, palestras e visitas a cooperativas locais, a conferência destaca quatro pilares fundamentais: políticas públicas e ecossistemas empreendedores; reafirmação da identidade cooperativa; desenvolvimento de lideranças focadas em propósito; e o desenho de um futuro mais igualitário e resiliente.
Além dos painéis e palestras, os participantes têm acesso a exposições e visitas técnicas, fortalecendo a troca de conhecimentos e experiências. A conferência também sinaliza a importância do papel das cooperativas em desafios globais, como segurança alimentar, sustentabilidade e justiça social.