Copom elevou a Selic para 15%aa

Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária – Copom elevou a Selic para 15%aa, a partir de hoje (18/06). Trata-se do maior patamar desde julho de 2006, conferindo ao Brasil a segunda maior taxa real de juros do mundo .

Contexto e motivação

O aumento representa a sétima alta consecutiva sob a gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central . A medida visa conter expectativas inflacionárias persistentes e reforçar a autoridade monetária, diante de um crescimento ainda moderado e endividamento elevado das famílias.

Selic sob avaliação histórica

Acompanhe abaixo a evolução da Selic nos últimos 25 anos:

  • 2000: 18,5%aa – Consolidação do regime de metas, câmbio flutuante e controle da inflação elevada.
  • 2002: 26,25%aa – Aumento contundente diante de incerteza eleitoral, fuga de capitais e inflação acima de 12%.
  • 2009: 8,75%aa – Redução pós-crise financeira mundial, estimulando consumo e investimento.
  • 2015: 14,25%aa – Aperto em meio a inflação alta, déficits fiscais e recessão técnica.
  • 2020: 2,0%aa – Selic no nível mínimo histórico para mitigar os efeitos da pandemia de Covid 19.
  • 2025: 15% – Nova elevação, refletindo estratégia firme para ancorar a inflação e enfrentar o risco de descontrole.

Impactos imediatos

  • Inflação: apesar da desaceleração do IPCA para 5,32 % em 12 meses até maio, o índice permanece acima da meta de 3 % .
  • PIB: crescimento de 2,2 % no 1º trimestre 2025, mas com sinais cautelosos nos setores sensíveis ao crédito.
  • Inadimplência e endividamento: 42,6 % da população adulta está negativada; dívida média de R$ 4.743, fortemente concentrada em bancos. A taxa de juros elevada dificulta renegociações e impacta o consumo.

Cenário externo e comparativo internacional

Com a Selic em 15 % ao ano e inflação projetada em 5,25 %, a taxa real chega a 9,64 %, colocando o Brasil atrás apenas da Turquia (14,44 %) . Esse patamar significa juros efetivamente muito elevados, o que encarece empréstimos e pode frear ainda mais a atividade econômica.

O dilema da política monetária

O Banco Central enfrenta um dilema tradicional: juros altos puxam o câmbio e reduzem pressão nos preços, mas drenam o consumo e elevam a vulnerabilidade familiar. A nova decisão deixa claro que, por ora, o foco é evitar pressões inflacionárias futuras, mesmo frente a riscos sociais e à redução da demanda.

O que vem por aí

O mercado está dividido. Enquanto casas como BTG Pactual, Santander e C6 Bank antecipam um ciclo encerrado, outros veem espaço para novas elevações se as projeções inflacionárias não se confirmarem . O início de cortes só deve ocorrer em 2026, conforme evolução dos indicadores.

O ambiente global, com juros nos EUA e tensões geopolíticas, reforça a necessidade de flexibilidade na política monetária nacional.

Conclusão e recomendações para cooperativas

A Selic a 15% reforça a orientação contracionista do Banco Central, priorizando o combate à inflação. Para as cooperativas de crédito, é hora de reforçar:

  • Educação financeira: ajudar cooperados a gerenciar dívidas e planejar.
  • Gestão de risco: analisar com critério linhas de crédito face à renda e ao endividamento.
  • Produtos diferenciados: oferecer alternativas de crédito com juros competitivos e prazos ajustados.

O ambiente exige eqüidade financeira, equilíbrio operacional e atuação ética, mantendo vivo o papel transformador do cooperativismo frente a um cenário de juros elevados e impacto social significativo.


Elaborado pelo Portal do Cooperativismo Financeiro (cooperativismodecredito.coop.br)

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